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Ciclo traz debate sobre segurança alimentar nutricional e comercialização de produtos

Os debates sobre segurança alimentar nutricional e as estratégias de circulação de produtos da agricultura familiar marcaram, nesta quinta-feira (22) o segundo dia do Ciclo de Encontros “Inovação Social em Territórios Saudáveis e Sustentáveis no Contexto Pandêmico e Pós pandêmico”, promovido em parceria entre Embrapa e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), como atividade do programa InovaSocial (Embrapa/BNDES/Fundação Eliseu Alves). Palestrantes e participantes trocaram, em formato de encontro virtual, informações sobre alternativas para agricultores de base familiar superarem desafios como a comercialização de produtos, especialmente no contexto da pandemia da Covid-19. O professor Paulo Niederle, do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) destacou que novos circuitos de distribuição e comercialização de produtos impulsionaram, nos últimos anos, as práticas agroecológicas e sistemas de produção de alimentos sustentáveis. Mas ainda existem, segundo ele, grandes desafios para que este tipo de agricultura possa competir nos mercados urbanos de forma mais ampla, principalmente com a tendência de expansão de grandes empresas no setor agroalimentar. “Existem dilemas como fazer com que o segmento urbano reconheça as virtudes da agricultura de base familiar agroecológica, para a qualidade do alimento e suas contribuições para meio rural; conseguir novas formas de financiamento para sistemas sustentáveis de produção; articular empresas com estes produtores. Se as empresas que hoje destinam seus recursos de vale-alimentação migrassem esses recursos para sistemas focalizados em alimentos saudáveis, isso teria maior impacto, do ponto de vista financeiro, que o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) teve”, afirmou Niederle. A pesquisadora da Fiocruz em Brasília (DF), Denise Oliveira e Silva, relatou a experiência da Chamada Pública para Apoio a Ações Emergenciais junto a populações vulneráveis, adotada pela Fiocruz neste ano, para o incentivo a ações de enfrentamento à Covid-19. De acordo com a pesquisadora, o acompanhamento dos projetos da Chamada tem mostrado que a atenção à Saúde deve ser multissetorial, preocupada com questões como a soberania alimentar, os saberes locais das comunidades, o fortalecimento de redes, a produção de alimentos sustentáveis. Denise classificou a pandemia como uma “alegoria da desigualdade” e disse que um olhar científico para os desafios que a Covid-19 traz não pode ser desconectado da realidade social. “Em vez de chegarmos aos territórios trazendo soluções, precisamos dialogar mais com as comunidades, reconhecer as expertises locais para os problemas, que nem sempre a Ciência chancela como importantes”, alertou ela. Já a professora Elisabetta Recine, do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da Universidade de Brasília (UnB), chamou atenção para indicadores que apresentam crescimento da insegurança alimentar nos municípios brasileiros e as relações desta realidade com outras desigualdades, como de raça e de gênero. Ela ressaltou também pesquisas que indicam tendência crescente, entre 2002 e 2019, do percentual de brasileiros com excesso de peso ou obesidade. “É uma consequência de um sistema alimentar com grande presença de alimentos ultraprocessados, mais baratos, mas com calorias muito altas e não saudáveis”, pontuou a professora. Para participantes do Ciclo, estes debates trazem reflexões sobre um modelo de produção em agricultura familiar que contemple as dificuldades e desafios, tanto no contexto da pandemia como após este momento. “Foi um encontro motivador, porque falou de forma direta das dificuldades que a gente tem e a pandemia agravou. Mas eu digo que o agricultor familiar é, principalmente, um empresário, pois sabe administrar bem as coisas”, ressaltou o produtor rural e engenheiro agrônomo Antônio Tácito Andrade, de Aiuaba (CE). “O debate hoje é sobre qual modelo de agricultura queremos e estamos praticando, sobre qual a importância de produzir alimentos saudáveis. São espaços que vamos ter e precisamos de forma organizada, cooperada, avançar”, afirmou Alcemar Inhaia, produtor rural de Candiota (RS) e presidente da Cooperativa Agroecológica Nacional Terra e Vida (Conaterra). O Ciclo de Encontros continua nos dias 29 de outubro e 5 de novembro, reunindo agricultores, técnicos extensionistas e agentes de Saúde dos territórios do programa InovaSocial, que atua em oito estados brasileiros (Bahia, Ceará, Goiás, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul e Sergipe) com foco na inserção social de agricultores familiares, orientado por princípios da inovação social.

Os debates sobre segurança alimentar nutricional e as estratégias de circulação de produtos da agricultura familiar marcaram, nesta quinta-feira (22) o segundo dia do Ciclo de Encontros “Inovação Social em Territórios Saudáveis e Sustentáveis no Contexto Pandêmico e Pós pandêmico”, promovido em parceria entre Embrapa e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),  como atividade do programa InovaSocial (Embrapa/BNDES/Fundação Eliseu Alves). Palestrantes e participantes trocaram, em formato de encontro virtual, informações sobre alternativas para agricultores de base familiar superarem desafios como a comercialização de produtos, especialmente no contexto da pandemia da Covid-19.

O professor Paulo Niederle, do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) destacou que novos circuitos de distribuição e comercialização de produtos impulsionaram, nos últimos anos, as práticas agroecológicas e sistemas de produção de alimentos sustentáveis. Mas ainda existem, segundo ele, grandes desafios para que este tipo de agricultura possa competir nos mercados urbanos de forma mais ampla, principalmente com a tendência de expansão de grandes empresas no setor agroalimentar.

“Existem dilemas como fazer com que o segmento urbano reconheça as virtudes da agricultura de base familiar agroecológica, para a qualidade do alimento e  suas contribuições para meio rural; conseguir novas formas de financiamento para sistemas sustentáveis de produção; articular empresas com estes produtores. Se as empresas que hoje destinam seus recursos de vale-alimentação migrassem esses recursos para sistemas focalizados em alimentos saudáveis, isso teria maior impacto, do ponto de vista financeiro, que o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) teve”, afirmou Niederle.

A pesquisadora da Fiocruz em Brasília (DF), Denise Oliveira e Silva, relatou a experiência da Chamada Pública para Apoio a Ações Emergenciais junto a populações vulneráveis, adotada pela Fiocruz neste ano, para o incentivo a ações de enfrentamento à Covid-19. De acordo com a pesquisadora, o acompanhamento dos projetos da Chamada tem mostrado que a atenção à Saúde deve ser multissetorial, preocupada com questões como a soberania alimentar, os saberes locais das comunidades, o fortalecimento de redes, a produção de alimentos sustentáveis. 

Denise classificou a pandemia como uma “alegoria da desigualdade” e disse que um olhar científico para os desafios que a Covid-19 traz não pode ser desconectado da realidade social. “Em vez de chegarmos aos territórios trazendo soluções, precisamos dialogar mais com as comunidades, reconhecer as expertises locais para os problemas, que nem sempre a Ciência chancela como importantes”, alertou ela.

Já a professora Elisabetta Recine, do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da Universidade de Brasília (UnB), chamou atenção para indicadores que apresentam crescimento da insegurança alimentar nos municípios brasileiros e as relações desta realidade com outras desigualdades, como de raça e de gênero. Ela ressaltou também pesquisas que indicam tendência crescente, entre 2002 e 2019, do percentual de brasileiros com excesso de peso ou obesidade. “É uma consequência de um sistema alimentar com grande presença de alimentos ultraprocessados, mais baratos, mas com calorias muito altas e não saudáveis”, pontuou a professora.

Para participantes do Ciclo, estes debates trazem reflexões sobre um modelo de produção em agricultura familiar que contemple as dificuldades e desafios, tanto no contexto da pandemia como após este momento. “Foi um encontro motivador, porque falou de forma direta das dificuldades que a gente tem e a pandemia agravou. Mas eu digo que o agricultor familiar é, principalmente, um empresário, pois sabe administrar bem as coisas”, ressaltou o produtor rural e engenheiro agrônomo Antônio Tácito Andrade, de Aiuaba (CE). “O debate hoje é sobre qual modelo de agricultura queremos e estamos praticando, sobre qual a importância de produzir alimentos saudáveis. São espaços que vamos ter e precisamos de forma organizada, cooperada, avançar”, afirmou Alcemar Inhaia, produtor rural de Candiota (RS) e presidente da Cooperativa Agroecológica Nacional Terra e Vida (Conaterra).

O Ciclo de Encontros continua nos dias 29 de outubro e 5 de novembro, reunindo agricultores, técnicos extensionistas e agentes de Saúde dos territórios do programa InovaSocial, que atua em oito estados brasileiros (Bahia, Ceará, Goiás, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul e Sergipe) com foco na inserção social de agricultores familiares, orientado por princípios da inovação social.

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