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Artigo – Famacha e OPG para o controle de verminose em ovinos

Tânia Valeska Medeiros Dantas Simões* A ovinocultura de corte é uma atividade de grande importância para a pecuária brasileira especialmente no Nordeste sendo Sergipe berço da raça Santa inês produtora de carne. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que o Brasil tem mais de 18 milhões de ovinos e o número vem crescendo diante da procura pela carne ovina. Contudo um dos grandes problemas enfrentados pelos criadores são as endoparasitoses, consideradas um dos principais entrave sanitários dos rebanhos ovinos em virtude das perdas econômicas ocasionadas pela baixa produtividade, mortalidades e custos com tratamentos. A principal forma de controle das endoparasitoses é por meio de substâncias químicas com amplo espectro de atuação; o que muitas vezes é aplicado com subdoses e ocasiona problemas de resistência. O controle estratégico mais utilizado no Nordeste consiste em medicar o rebanho quando as condições climáticas da região são desfavoráveis ao desenvolvimento e sobrevivência dos estágios de vida livre do parasita no ambiente. Baseado em aplicação de vermífugos quatro vezes por ano. A primeira no início da seca, a segunda, aproximadamente 60 dias após , a terceira aplicação, no final da seca e a última em maio (meados do período de chuvas). Alternativamente são utilizados métodos de tratamento seletivo, que tratam somente os animais mais parasitados, ou animais de diferentes idades, com diferente grau de parasitismo, em épocas diferentes. Um desses métodos é o “Famacha”, que permite tratar somente os animais mais parasitados, além de permitir a seleção dos animais resistentes. Outra forma de identificar os animais mais parasitados é pela observação dos sinais clínicos, que pode ser feita por produtores experientes. Porém os sinais de parasitose podem se confundir com outras doenças ou com subnutrição. Uma alternativa que vem sendo utilizada é a de realizar contagem de ovos por grama de fezes (OPG) dos animais e somente tratar os animais que tiverem OPG acima de 500. O método Famacha é um recurso importante no controle de H. contortus e juntamente com o OPG apresenta a vantagem de reduzir o número de tratamentos aplicados, o que auxilia na diminuição do desenvolvimento da resistência a antihelmínticos. É um método de tratamento seletivo, ou seja, objetiva vermifugar somente os animais do rebanho que apresentam anemia, facilmente visualizada na mucosa ocular dos ovinos (figura 1). Agora é necessário seguir algumas observações para o uso do método : • Realizar treinamento técnico. • Determinar a ocorrência de H. contortus por meio de cultura de fezes, pois ele deve predominar na população parasitária dos ovinos da propriedade (>60%) para que haja aplicação segura do método. • Tratar todo o rebanho quando mais de 10% dos animais apresentarem graus Famacha 4 e 5 (figura1) . • Utilizar somente vermífugo com elevada eficácia (>90%). A realização do (OPG) (figura 2) além de testar o potencial do anti-helmíntico utilizado, transparece ao produtor “o grau” do manejo sanitário oferecido aos animais, manejo este que reflete em seu bolso. O correto manejo sanitário reduz a incidência de inúmeras doenças oferecendo maior potencial produtivo ao rebanho. Animais saudáveis apresentam maior produção ao serem comparados com animais doentes (alto grau de infestação de helmintos). Desde de 2018 que a Embrapa Tabuleiros Costeiros vem trabalhando com o controle da verminose utilizando o método FAMACHA , exame parasitologico Ovos por Grama (OPG) e sinaís clínicos. O acompanhamento é mensal e em 10% de cada lote. Anteriormente era utilizado o controle estratégico de 4 vermifugações de acordo com a estação. Com o procedimento adotado, somente o lote que apresenta OPG superior a 500 e FAMACHA 4-5 são vermifugados. Com esse acompanhamento em 2019 foram realizadas apenas 2 vermifugações no rebanho total e 1 vermifugação parcial (apenas no lote que foi indicado) reduzindo o uso de medicamento. Essa pesquisa é continua para os próximos 10 anos buscando reduzir drasticamente o uso de vermífugos e em busca de novas alternativas de controle e prevenção das verminoses. Ressaltando a importância de que o sucesso do controle das verminoses dependerá de um conjunto de ações dentro da propriedade e para isso é necessário informação validada. *Médica veterinária – Doutora em saúde animal Pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros tania.dantas@embrapa.br / (79) 4009-1369 Artigo publicado na edição 14 da Revista da Associação de Engenheiros-Agrônomos de Sergipe (AEASE)

Tânia Valeska Medeiros Dantas Simões*

A ovinocultura de corte é uma atividade de grande importância para a pecuária brasileira especialmente no Nordeste sendo Sergipe berço da raça Santa inês produtora de carne. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que o Brasil tem mais de 18 milhões de ovinos e o número vem crescendo diante da procura pela carne ovina.  Contudo um dos grandes problemas enfrentados pelos criadores são as endoparasitoses,  consideradas um dos principais entrave sanitários dos rebanhos ovinos em virtude das perdas econômicas ocasionadas pela baixa produtividade, mortalidades e custos com tratamentos. 

A principal forma de controle das endoparasitoses é por meio de substâncias químicas com amplo espectro de atuação; o que muitas vezes é aplicado com subdoses e ocasiona problemas de resistência. O controle estratégico mais utilizado no Nordeste consiste em medicar o rebanho quando as condições climáticas da região são desfavoráveis ao desenvolvimento e sobrevivência dos estágios de vida livre do parasita no ambiente. Baseado em aplicação de vermífugos quatro vezes por ano. A primeira  no início da seca, a segunda, aproximadamente 60 dias após , a terceira aplicação, no final da seca e a última em maio (meados do período de chuvas). 

Alternativamente são utilizados métodos de tratamento seletivo, que tratam somente os animais mais parasitados, ou animais de diferentes idades, com diferente grau de parasitismo, em épocas diferentes. Um desses métodos é o “Famacha”, que permite tratar somente os animais mais parasitados, além de permitir a seleção dos animais resistentes. Outra forma de identificar os animais mais parasitados é pela observação dos sinais clínicos, que pode ser feita por produtores experientes. Porém os sinais de parasitose podem se confundir com outras doenças ou com subnutrição. Uma alternativa que vem sendo utilizada é a de realizar contagem de ovos por grama de fezes (OPG) dos animais e somente tratar os animais que tiverem OPG acima de 500. 

O método Famacha é um recurso importante no controle de H. contortus e juntamente com o OPG apresenta a vantagem de reduzir o número de tratamentos aplicados, o que auxilia na diminuição do desenvolvimento da resistência a antihelmínticos. É um método de tratamento seletivo, ou seja, objetiva vermifugar somente os animais do rebanho que apresentam anemia, facilmente visualizada na mucosa ocular dos ovinos (figura 1).  

Agora é necessário seguir algumas observações para o uso do método : • Realizar treinamento técnico. • Determinar a ocorrência de H. contortus por meio de cultura de fezes, pois ele deve predominar na população parasitária dos ovinos da propriedade (>60%) para que haja aplicação segura do método. • Tratar todo o rebanho quando mais de 10% dos animais apresentarem graus Famacha 4 e 5 (figura1) . • Utilizar somente vermífugo com elevada eficácia (>90%). 

A realização do (OPG) (figura 2) além de testar o potencial do anti-helmíntico utilizado, transparece ao produtor “o grau” do manejo sanitário oferecido aos animais, manejo este que reflete em seu bolso. O correto manejo sanitário reduz a incidência de inúmeras doenças oferecendo maior potencial produtivo ao rebanho. Animais saudáveis apresentam maior produção ao serem comparados com animais doentes (alto grau de infestação de helmintos).

Desde de 2018 que a Embrapa Tabuleiros Costeiros vem trabalhando com o controle da verminose utilizando o método FAMACHA , exame parasitologico Ovos por Grama (OPG)  e sinaís clínicos. O acompanhamento é mensal e em 10% de cada lote. Anteriormente era utilizado o controle estratégico de 4 vermifugações de acordo com a estação. Com o procedimento adotado, somente o lote que apresenta OPG superior a 500 e FAMACHA 4-5 são vermifugados. Com esse acompanhamento em 2019 foram realizadas apenas 2 vermifugações no rebanho total e 1 vermifugação parcial (apenas no lote que foi indicado) reduzindo o uso de medicamento.

Essa pesquisa é continua para os próximos 10 anos buscando reduzir drasticamente o uso de vermífugos e em busca de novas alternativas de controle e prevenção das verminoses. Ressaltando a importância de que o sucesso do controle das verminoses dependerá de um conjunto de ações dentro da propriedade e para isso é necessário informação validada.

*Médica veterinária – Doutora em saúde animal
Pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros
tania.dantas@embrapa.br / (79) 4009-1369

Artigo publicado na edição 14 da Revista da Associação de Engenheiros-Agrônomos de Sergipe (AEASE)

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