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Embrapa Territorial sedia evento internacional sobre comércio de grãos

A Embrapa Territorial (Campinas, SP) sediou, em 7 de novembro, o “Fórum de Grãos de São Paulo”, promovido pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) e IGTC (sigla em inglês da International Grain Trade Coalition). O evento reuniu cerca de 50 representantes do comércio internacional de grãos da África, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Estados Unidos, México, Paraguai, Rússia e Uruguai.

O diretor-executivo da Anec, Sergio Mendes, explicou que o centro de pesquisa da Embrapa foi escolhido para a realização do “Fórum de Grãos de São Paulo” por poder oferecer aos membros do IGTC uma visão geral da agricultura brasileira. “Muito se fala sobre a agricultura brasileira, sem embasamento científico. Queríamos mostrar a realidade da nossa agricultura e não há melhor local do que a Embrapa para eles conhecerem os dados reais da agricultura brasileira”, afirmou.

A programação do grupo do IGTC teve início, em 6 de novembro, com visita às instalações portuárias de Santos, SP. O dia 7 de novembro foi dedicado ao “Fórum de Grãos de São Paulo”, em que, na abertura, foi apresentado vídeo do diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo. O encerramento do encontro foi no dia 8 de novembro, com a realização, em São Paulo, SP, da Assembleia Geral Anual da IGTC.

Preservação ambiental

O chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia, José Jardine, representando o chefe-geral da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, apresentou palestra sobre “Atribuição, uso e ocupação das terras no Brasil”. Ele destacou a dinâmica da agricultura brasileira mostrando mapas dos anos de 1990, 2000, 2010 e 2015. 

Na palestra, Jardine enfatizou que 66,3% do território brasileiro são dedicados à preservação da vegetação nativa. Esse percentual é resultado da soma de áreas protegidas como parques nacionais e unidades de conservação, reservas indígenas, terras devolutas e militares, e áreas destinadas à vegetação nativa dentro dos imóveis rurais. “Somos criticados dentro e fora do Brasil, porém preservamos grande parte do nosso território. Os Estados Unidos, por exemplo, só preservam 19,9%”, disse.

Outros dados apresentados por Jardine foram o valor imobilizado (U$ 1 bilhão) e o custo de manutenção (U$ 5,7 milhões ano) da área destinada à vegetação nativa nas propriedades rurais, e 30,2% do território ocupado por uso agropecuário, sendo apenas 7,8% com lavouras.  Ele salientou que a NASA, agência espacial norte-americana, apontou a utilização de 7,6% com produção agrícola. “A diferença é bem pequena e vem confirmar os estudos da Unidade. O fato é que ocupando uma pequena parte de nosso território produzimos alimentos para 1,5 bilhão de pessoas”, afirmou.

Logística brasileira

O analista Gustavo Spadotti, da Embrapa Territorial, abordou os principais modais logísticos do país e a importância da delimitação das bacias logísticas da exportação de grãos. A cadeia de grãos representa cerca de 60% da carga agropecuária exportada pelo país, sendo a soja e milho e seus subprodutos (óleo, farelo, farinha) a principal carga agropecuária na logística brasileira. A logística é considerada um dos principais entraves para a exportação de grãos brasileiros.

Para Spadotti, a compreensão dos fluxos de insumos e dos destinos da produção na cadeia de grãos é fundamental para planejar obras e intervenções na logística que ampliem a competitividade da agropecuária brasileira. Ele citou estudos que apontaram a execução de oito obras no estado do Mato Grosso (maior exportador de grãos) para facilitar o escoamento da produção pelos portos do Arco Norte. Atualmente só 8% da produção seguem para os portos da região Norte, no entanto, após as obras, esse percentual poderá passar para 40%.

O representante da Embrapa Territorial apresentou alguns dos dados que compõem o Sistema de Inteligência Territorial Estratégica da Macrologística Agropecuária Brasileira https://www.embrapa.br/macrologistica. Nos estudos sobre produção agropecuária, são disponibilizados dados sobre os principais produtos da cadeia produtiva (soja, milho, grãos (soja+milho), laranja, café, cana-de-açúcar e algodão). Outros estudos são sobre a exportação agropecuária, caminhos da safra e bacias logísticas.

A logística brasileira também foi abordada por Luiz Fayet, membro da Comissão de Infraestrutura e Logística da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). 

Comércio exterior

As questões comerciais foram uns dos temas mais debatidos durante o evento. O secretário de comércio e relações internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Flávio Bettarello, que representou a ministra Tereza Cristina, disse que o país precisa aumentar o acesso aos mercados e estabelecer novos acordos comerciais. “Para manter a nossa posição de segundo maior exportador de alimentos, precisamos quebrar a barreira da imagem. Lá fora precisam conhecer o que de fato é nossa agricultura, principalmente neste momento em que é tão injustiçada e demonizada. A Embrapa tem sido nossa parceira no esforço de levar a realidade brasileira para o mundo”, afirmou.

Bettarello declarou que a área de 66,3% dedicada à preservação da vegetação nativa, citada pelo chefe-adjunto de TT da Embrapa Territorial, é um compromisso para o futuro. Uma das linhas mestras do Mapa é a sustentabilidade da agropecuária brasileira. “O Brasil tem vocação para se tornar uma potência agroambiental. Somos um dos cinco principais países capazes de ter atividade produtiva sustentável e ser modelo de preservação ambiental”, completou.

As perspectivas para o mercado de soja, commodities agrícolas, oleaginosas e marcos regulatórios do Mercosul foram outros temas debatidos no Fórum. Também participaram dos debates e do evento os representantes da Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), da Associação dos Produtores de Milho (Abramilho) e da Associação de Sementes e Mudas (Abrasem).

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