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Memória Estratégias para inovar na agricultura

Com forte atuação na pré-produção, produção e pós-produção, a tecnologia da informação e comunicação avança e já melhora o perfil sócio econômico da agricultura familiar, que hoje representa 88% das propriedades rurais do Brasil. Cinquenta por cento delas estão no Nordeste. O tema foi o centro da palestra da pesquisadora Sílvia Massruhá, chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, na abertura do Workshop Inovação Tecnológica e Desenvolvimento Social no Meio Rural, nos dias 30 e 31 de outubro de 2018, em Teresina.

Ela destacou o “papel estratégico” da tecnologia da informação e comunicação na agricultura moderna, citando a bioinformática e biologia computacional; a computação científica e automação; a modelagem agroambiental e geotecnologias; e sistemas de informação. Segundo a cientista, a presença efetiva da internet nas pequenas e grandes fazendas tem potencial “para incrementar ganhos financeiros de até 5 bilhões de reais” com o uso eficiente das tecnologias da informática.

Na área da fruticultura, Silvia Massruhá foi enfática ao mostrar a importância da inteligência artificial e dos sensores, que proporcionam  “detecção, localização e visão estéreo na estimação de volume e peso dos frutos; análise de variabilidade espacial e estimação de safra; monitoramento de pragas e deficiências nutricionais; e irrigação inteligente”.

A inovação e o mercado

No primeiro painel do evento, com o tema Inovação, Ciência e Tecnologia: como gerar inovação e valor para a sociedade?, o pesquisador Edvaldo Sagrilo, chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Meio-Norte, fez uma radiografia da agricultura no País na década de 1970; do vigor que o Brasil vem mantendo hoje com as exportações agrícolas; e os gargalos na infraestrutura que barram o avanço do processo de inovação.

Em detalhes, ele destacou que nos anos setenta a agricultura brasileira “tinha baixa produção e rendimentos; que a produção era concentrada no Sul e Sudeste; havia crises de abastecimento alimentar e pobreza rural; ausência de conhecimento em agricultura tropical e de políticas adequadas para o desenvolvimento agrícola”; e que o País era conhecido apenas como produtor de café e açúcar.
Hoje, de acordo com o pesquisador, o Brasil “é o maior exportador mundial” de produtos como soja, café, açúcar, suco de laranja, etanol, carne bovina, frango. E nessa condição esses produtos representam 25% do Produto Interno Bruto (PIB), 37% da mão-de-obra, 42% de todas as exportações e 63% do saldo comercial brasileiro.

Os gargalos de infraestrutura que impedem o País de promover ambientes com  mais  inovação tecnológica foram enumerados um a um por Sagrilo: “Estradas ruins, energia elétrica precária, falta de estrutura de armazenamento, falta de comunicação, pouco ou nenhum crédito rural, falta de assistência técnica ao pequeno produtor e resultados de pesquisas científicas que nem sempre chegam a quem mais precisam delas.

Tendências e potencialidades do Piauí

O trabalho pelo desenvolvimento agropecuário do Piauí, com esforços nos 224 municípios do Estado, divididos em 12 territórios, dominou o segundo painel do evento. A técnica Rejane Tavares, da Secretaria de Planejamento; e o empresário Tiago Patrício, representante da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico; detalharam as metas e ações.
Rejane Tavares revelou as desigualdades e as “grandes diferenças” entre os territórios quanto à arrecadação de ICMS, por exemplo. Segundo ela, o Território Entre Rios, formado por 31 municípios, com destaque para Teresina, José de Freitas , União e Palmeirais, “arrecada mais do que os 11 outros territórios juntos”.

Ao detalhar algumas ações, ela citou o trabalho permanente do Governo do Estado com as câmaras setoriais nos polos de desenvolvimento da fruticultura, suinocultura, piscicultura, leite e cajucultura.  Tavares disse que as estratégias  de desenvolvimento territorial fortalecem o “acesso ao crédito, a capacitação, a assistência técnica, a transferência de tecnologia, o apoio à comercialização de produtos e a implantação da infraestrutura de uso comum”.

O empresário Tiago Patrício falou das tendências e potencialidades do Piauí, com destaque para a visão pública e energias renováveis – solar e eólica – . Ele aprofundou o tema citando o potencial do cerrado piauiense, tendo “o algodão como principal cultura em relação ao mundo todo” devido às condições climáticas e da qualidade do produto. Patrício destacou também o extrativismo vegetal, com o babaçu e a carnaúba à frente, além do mel, a piscicultura e a fruticultura.

Inovação social e cooperativismo

As diferenças entre os públicos aptos à adoção de tecnologias agrícolas inovadoras no Brasil, foi o ponto alto da fala da pesquisadora Cristhiane Amâncio, da Embrapa Agrobiologia, no painel Inovação Social na agricultura: perspectivas do tema na Embrapa. Segundo ela, existem três subcategorias estratificadas em superespecializada, muito integrada ao mercado e pouco integrada. “É necessária a compreensão das diferenças existentes dos públicos, desde o superespecializado até o que não tem como produzir em escala e não atinge o mercado”.

Ela entende que quanto ao portfólio de inovação social, “é preciso identificar com quem está falando; entender a interação social e os atores envolvidos no processo; os temas em potenciais; e os projetos de inovação e não mais projetos de pesquisa”. Ou seja: cada ator com o seu papel. Segundo Amâncio, em algumas situações o especialista “leva a lógica limitada do tema que trabalha e não tem conhecimento do restante da cadeia”. Para a cientista, é necessário “pensar outras formas de trabalhar e conceituar a inovação”, como por exemplo, envolver no processo os consumidores, e não só as instituições.

Agnaldo Linhares, gerente-geral da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), no Piauí, segundo palestrante do painel, traçou, nos mínimos detalhes, a estrutura e o funcionamento das cooperativas nacionais.  Explicando que o cooperativismo tem foco no mercado  e em resultado financeiro, ele disse que o sistema atual permite montar uma cooperativa com apenas 20 pessoas.

Lembrando que o modelo usado hoje no Brasil não dá lucro, mas “sobra a ser dividida entre os associados, Linhares revelou que o cooperativismo é responsável por 50% da produção agrícola e 11% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. São 180 mil produtores cooperados em 1.597 instituições e mais de um milhão de pessoas envolvidas.

Segundo ele, os melhores exemplos de cooperativismo sustentável estão nos estados das regiões Sul e Sudeste do País. No Nordeste, o técnico destacou as cooperativas de mel instaladas na região de Picos, no Piauí. O cooperativismo no Estado movimenta por ano, de acordo com Linhares, mais de R$ 600 milhões, com dez mil cooperados e envolvendo diretamente 12 mil famílias, em mais de 200 cooperativas em operação.

A extensão rural no Meio Norte

O último painel do workshop foi praticamente uma prestação de contas das ações da extensão rural no Piauí e Maranhão e uma mostra da infraestrutura dos órgãos estatais que eles afirmam ter nos municípios. O primeiro a falar foi Clebio José Coutinho Bento, diretor-técnico do Emater-PI. Ele destacou a importância da assistência técnica aos pequenos agricultores e da relação destes com os programas governamentais, como, por exemplo, o Piauí Produtivo e o Viva Semiárido.

Segundo Bento, o Programa Piauí Produtivo tem apoiado os produtores na elaboração de projetos que dão acesso ao crédito rural, bem como ao cadastro dos agricultores no seguro garantia-safra. Ele citou também a participação efetiva do órgão no Programa Água Doce, que constrói cisternas; e no Dom Helder Câmara, de fomento e extensão rural nos assentamentos. O diretor do Emater-PI lembrou ainda das ações de distribuição de sementes e mudas nos municípios e da assistência técnica no cinturão verde da Grande Teresina.

Destacando a importância da parceria com a Embrapa, Alessandra Lima Araújo, diretora da Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural do Maranhão (AGERP), disse que o órgão vem atuando em 19 escritórios regionais e beneficiando centenas de famílias. Ela apontou como destaque o Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais, que “já fez a inclusão de 2.100 famílias” que estavam em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Os beneficiados, de acordo com a diretora, são assentados, quebradeiras de coco babaçu, quilombolas e povos indígenas. Em pesquisa e desenvolvimento, Alessandra destacou os sistemas integrados de base sustentável com feijão-caupi inoculado e roça agroecológica e de informação em apoio à agricultura familiar, com a participação da Embrapa e das redes de estações meteorológicas.

Degustação atrai o público

No primeiro dia do evento, que aconteceu no hotel Arrey,  pela manhã e à tarde, nos intervalos, os participantes conheceram e degustaram produtos elaborados à base de feijão-caupi. Os produtos apresentados que atraíram muita gente ao espaço da degustação foram biscoitos, brigadeiros, mini quiche, pizza, escondidinho de carneiro, coquetes e pão com recheio de carne de caprino.

 

Com forte atuação na pré-produção, produção e pós-produção, a tecnologia da informação e comunicação avança e já melhora o perfil sócio econômico da agricultura familiar, que hoje representa 88% das propriedades rurais do Brasil. Cinquenta por cento delas estão no Nordeste. O tema foi o centro da palestra da pesquisadora Sílvia Massruhá, chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, na abertura do Workshop Inovação Tecnológica e Desenvolvimento Social no Meio Rural, nos dias 30 e 31 de outubro de 2018, em Teresina.

Ela destacou o “papel estratégico” da tecnologia da informação e comunicação na agricultura moderna, citando a bioinformática e biologia computacional; a computação científica e automação; a modelagem agroambiental e geotecnologias; e sistemas de informação. Segundo a cientista, a presença efetiva da internet nas pequenas e grandes fazendas tem potencial “para incrementar ganhos financeiros de até 5 bilhões de reais” com o uso eficiente das tecnologias da informática.

Na área da fruticultura, Silvia Massruhá foi enfática ao mostrar a importância da inteligência artificial e dos sensores, que proporcionam  “detecção, localização e visão estéreo na estimação de volume e peso dos frutos; análise de variabilidade espacial e estimação de safra; monitoramento de pragas e deficiências nutricionais; e irrigação inteligente”.

A inovação e o mercado

No primeiro painel do evento, com o tema Inovação, Ciência e Tecnologia: como gerar inovação e valor para a sociedade?, o pesquisador Edvaldo Sagrilo, chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Meio-Norte, fez uma radiografia da agricultura no País na década de 1970; do vigor que o Brasil vem mantendo hoje com as exportações agrícolas; e os gargalos na infraestrutura que barram o avanço do processo de inovação.

Em detalhes, ele destacou que nos anos setenta a agricultura brasileira “tinha baixa produção e rendimentos; que a produção era concentrada no Sul e Sudeste; havia crises de abastecimento alimentar e pobreza rural; ausência de conhecimento em agricultura tropical e de políticas adequadas para o desenvolvimento agrícola”; e que o País era conhecido apenas como produtor de café e açúcar.
Hoje, de acordo com o pesquisador, o Brasil “é o maior exportador mundial” de produtos como soja, café, açúcar, suco de laranja, etanol, carne bovina, frango. E nessa condição esses produtos representam 25% do Produto Interno Bruto (PIB), 37% da mão-de-obra, 42% de todas as exportações e 63% do saldo comercial brasileiro.

Os gargalos de infraestrutura que impedem o País de promover ambientes com  mais  inovação tecnológica foram enumerados um a um por Sagrilo: “Estradas ruins, energia elétrica precária, falta de estrutura de armazenamento, falta de comunicação, pouco ou nenhum crédito rural, falta de assistência técnica ao pequeno produtor e resultados de pesquisas científicas que nem sempre chegam a quem mais precisam delas.

Tendências e potencialidades do Piauí

O trabalho pelo desenvolvimento agropecuário do Piauí, com esforços nos 224 municípios do Estado, divididos em 12 territórios, dominou o segundo painel do evento. A técnica Rejane Tavares, da Secretaria de Planejamento; e o empresário Tiago Patrício, representante da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico; detalharam as metas e ações.
Rejane Tavares revelou as desigualdades e as “grandes diferenças” entre os territórios quanto à arrecadação de ICMS, por exemplo. Segundo ela, o Território Entre Rios, formado por 31 municípios, com destaque para Teresina, José de Freitas , União e Palmeirais, “arrecada mais do que os 11 outros territórios juntos”.

Ao detalhar algumas ações, ela citou o trabalho permanente do Governo do Estado com as câmaras setoriais nos polos de desenvolvimento da fruticultura, suinocultura, piscicultura, leite e cajucultura.  Tavares disse que as estratégias  de desenvolvimento territorial fortalecem o “acesso ao crédito, a capacitação, a assistência técnica, a transferência de tecnologia, o apoio à comercialização de produtos e a implantação da infraestrutura de uso comum”.

O empresário Tiago Patrício falou das tendências e potencialidades do Piauí, com destaque para a visão pública e energias renováveis – solar e eólica – . Ele aprofundou o tema citando o potencial do cerrado piauiense, tendo “o algodão como principal cultura em relação ao mundo todo” devido às condições climáticas e da qualidade do produto. Patrício destacou também o extrativismo vegetal, com o babaçu e a carnaúba à frente, além do mel, a piscicultura e a fruticultura.

Inovação social e cooperativismo

As diferenças entre os públicos aptos à adoção de tecnologias agrícolas inovadoras no Brasil, foi o ponto alto da fala da pesquisadora Cristhiane Amâncio, da Embrapa Agrobiologia, no painel Inovação Social na agricultura: perspectivas do tema na Embrapa. Segundo ela, existem três subcategorias estratificadas em superespecializada, muito integrada ao mercado e pouco integrada. “É necessária a compreensão das diferenças existentes dos públicos, desde o superespecializado até o que não tem como produzir em escala e não atinge o mercado”.

Ela entende que quanto ao portfólio de inovação social, “é preciso identificar com quem está falando; entender a interação social e os atores envolvidos no processo; os temas em potenciais; e os projetos de inovação e não mais projetos de pesquisa”. Ou seja: cada ator com o seu papel. Segundo Amâncio, em algumas situações o especialista “leva a lógica limitada do tema que trabalha e não tem conhecimento do restante da cadeia”. Para a cientista, é necessário “pensar outras formas de trabalhar e conceituar a inovação”, como por exemplo, envolver no processo os consumidores, e não só as instituições.

Agnaldo Linhares, gerente-geral da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), no Piauí, segundo palestrante do painel, traçou, nos mínimos detalhes, a estrutura e o funcionamento das cooperativas nacionais.  Explicando que o cooperativismo tem foco no mercado  e em resultado financeiro, ele disse que o sistema atual permite montar uma cooperativa com apenas 20 pessoas.

Lembrando que o modelo usado hoje no Brasil não dá lucro, mas “sobra a ser dividida entre os associados, Linhares revelou que o cooperativismo é responsável por 50% da produção agrícola e 11% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. São 180 mil produtores cooperados em 1.597 instituições e mais de um milhão de pessoas envolvidas.

Segundo ele, os melhores exemplos de cooperativismo sustentável estão nos estados das regiões Sul e Sudeste do País. No Nordeste, o técnico destacou as cooperativas de mel instaladas na região de Picos, no Piauí. O cooperativismo no Estado movimenta por ano, de acordo com Linhares, mais de R$ 600 milhões, com dez mil cooperados e envolvendo diretamente 12 mil famílias, em mais de 200 cooperativas em operação.

A extensão rural no Meio Norte

O último painel do workshop foi praticamente uma prestação de contas das ações da extensão rural no Piauí e Maranhão e uma mostra da infraestrutura dos órgãos estatais que eles afirmam ter nos municípios. O primeiro a falar foi Clebio José Coutinho Bento, diretor-técnico do Emater-PI. Ele destacou a importância da assistência técnica aos pequenos agricultores e da relação destes com os programas governamentais, como, por exemplo, o Piauí Produtivo e o Viva Semiárido.

Segundo Bento, o Programa Piauí Produtivo tem apoiado os produtores na elaboração de projetos que dão acesso ao crédito rural, bem como ao cadastro dos agricultores no seguro garantia-safra. Ele citou também a participação efetiva do órgão no Programa Água Doce, que constrói cisternas; e no Dom Helder Câmara, de fomento e extensão rural nos assentamentos. O diretor do Emater-PI lembrou ainda das ações de distribuição de sementes e mudas nos municípios e da assistência técnica no cinturão verde da Grande Teresina.

Destacando a importância da parceria com a Embrapa, Alessandra Lima Araújo, diretora da Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural do Maranhão (AGERP), disse que o órgão vem atuando em 19 escritórios regionais e beneficiando centenas de famílias. Ela apontou como destaque o Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais, que “já fez a inclusão de 2.100 famílias” que estavam em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Os beneficiados, de acordo com a diretora, são assentados, quebradeiras de coco babaçu, quilombolas e povos indígenas. Em pesquisa e desenvolvimento, Alessandra destacou os sistemas integrados de base sustentável com feijão-caupi inoculado e roça agroecológica e de informação em apoio à agricultura familiar, com a participação da Embrapa e das redes de estações meteorológicas.

Degustação atrai o público

No primeiro dia do evento, que aconteceu no hotel Arrey,  pela manhã e à tarde, nos intervalos, os participantes conheceram e degustaram produtos elaborados à base de feijão-caupi. Os produtos apresentados que atraíram muita gente ao espaço da degustação foram biscoitos, brigadeiros, mini quiche, pizza, escondidinho de carneiro, coquetes e pão com recheio de carne de caprino.

 

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