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Processo que aumenta vida-de-prateleira de bioinseticida à base de fungo é a mais nova patente da Embrapa

Metodologia ajudará empresas a aumentar o valor agregado de produtos à base de fungos

Até pouco tempo, uma das grandes dificuldades dos produtores rurais que utilizavam inseticidas biológicos à base de fungos para combater diversos tipos de pragas era a armazenagem desses produtos, que duravam no máximo algumas semanas em galpões destinados ao depósito de agrotóxicos. Uma tecnologia desenvolvida pela Embrapa em 2010 trouxe a solução para esse problema e, em 15 de maio de 2018, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) reconheceu o caráter inovador da invenção e concedeu a Carta Patente N. PI 1002615-0.

O método “Embalagem em atmosfera modificada para aumento da vida-de-prateleira de fungos” foi batizado de TEV – Tecnologia Embrapa de Vida-de-prateleira pelo seu inventor, o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Marcos Rodrigues de Faria. A TEV é resultado do doutorado em Entomologia realizado na Cornell University (EUA) em 2009, sob orientação do Dr. Stephen Wraight, do Serviço de Pesquisa Agropecuária do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos –USDA-ARS.

O desafio proposto por Marcos Faria era aumentar de forma substancial a durabilidade de produtos à base de fungos armazenados a uma temperatura média de 30ºC ou mais, realidade da maioria dos galpões de armazenamento no Brasil, para tornar esse tipo de produto mais comercializável. “Enquanto o prazo de validade dos produtos químicos é medido em anos, o dos biológicos à base de fungos é de meses, às vezes até semanas. Devido à rápida desativação desses produtos durante o armazenamento nas propriedades agrícolas, isso faz com que muitos produtores pensem que o controle biológico não funciona, o que não é verdade”, explica Faria.

Durante as pesquisas para desenvolver a TEV, o pesquisador conseguiu um resultado inédito: manter mais de 80% dos propágulos fúngicos (esporos) ativos após armazenagem de seis meses a uma temperatura média de 40ºC (vide tabela). O mesmo teste, realizado durante 16 meses na mesma temperatura, mostrou que a viabilidade do material ainda era superior a 70%, o que comprovou a eficácia do método de armazenamento desenvolvido pela Embrapa.

Tabela comparativa de tecnologias de armazenamento de fungos

 

Técnica anterior

TEV/Embrapa

Temperatura

37ºC

40ºC

Esporos ativos

74%

80%

Vida de prateleira

2 meses

6 meses

A metodologia

A TEV – Tecnologia Embrapa de Vida-de-prateleira é um método de embalagem de esporos de fungos entomopatogênicos que consiste na adoção de duas medidas simultaneamente: a secagem do produto a níveis extremamente baixos (abaixo de 0,1 de atividade de água ou, idealmente, entre 0,02 e 0,03) e a redução a níveis muito baixos de oxigênio no interior das embalagens.

Tais condições podem ser alcançadas por meio da colocação de sachês especiais já disponíveis no mercado e que modificam a atmosfera interna das embalagens onde se pretende armazenar o produto. “Com esses níveis de umidade e oxigênio conseguimos reduzir ao máximo a atividade metabólica dos fungos, mantendo a sua viabilidade por longos períodos”, explica Marcos Faria.

A técnica foi desenvolvida para os fungos entomopatogênicos, ou seja, que matam insetos, e testada em vários fungos utilizados no Brasil para controle biológico de insetos-praga. Entre eles, destacam-se: Metarhizium anisopliae, utilizado para o controle da cigarrinha da cana-de-açúcar e que hoje já é aplicado em mais de um milhão de hectares em todo o País e Beauveria bassiana, usado no controle da mosca branca e da broca do café. É aplicável também aos fungos antagonistas, como os do gênero Trichoderma, aplicados em culturas como feijão e soja para o manejo de doenças.

TEV poderá aumentar o mercado para produtos à base de fungos no País

O uso de produtos biológicos à base de fungos para controlar pragas agrícolas tem aumentado significativamente no Brasil. Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), atualmente existem 19 agentes microbianos e 82 produtos registrados, sendo 38 produtos à base de fungos entomopatogênicos. Em nível mundial estima-se que existam mais de 200 produtos à base de fungos registrados para controlar insetos.

Segundo Faria, apesar de existir uma tendência de produção on farm de produtos para controle biológico (ou seja, pelos próprios agricultores), a TEV é indicada para empresas tecnificadas de médio e grande porte, uma vez que, para dar certo, exige o uso de embalagens herméticas e sachês especiais.

Algumas empresas privadas recentemente demonstraram interesse na tecnologia, o que comprova a preocupação do setor em melhorar a qualidade dos produtos biológicos. “Esperamos que a TEV possa contribuir para aumentar a qualidade dos produtos biológicos e sua aceitação pelos produtores brasileiros e, assim, colaborar para uma agricultura mais saudável e menos dependente de produtos químicos”, almeja o pesquisador.

Para parcerias:
Empresas interessadas no licenciamento dessa tecnologia podem procurar a equipe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia pelo e-mail: cenargen.sipt@embrapa.br

Metodologia ajudará empresas a aumentar o valor agregado de produtos à base de fungos

Até pouco tempo, uma das grandes dificuldades dos produtores rurais que utilizavam inseticidas biológicos à base de fungos para combater diversos tipos de pragas era a armazenagem desses produtos, que duravam no máximo algumas semanas em galpões destinados ao depósito de agrotóxicos. Uma tecnologia desenvolvida pela Embrapa em 2010 trouxe a solução para esse problema e, em 15 de maio de 2018, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) reconheceu o caráter inovador da invenção e concedeu a Carta Patente N. PI 1002615-0.

O método “Embalagem em atmosfera modificada para aumento da vida-de-prateleira de fungos” foi batizado de TEV – Tecnologia Embrapa de Vida-de-prateleira pelo seu inventor, o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Marcos Rodrigues de Faria. A TEV é resultado do doutorado em Entomologia realizado na Cornell University (EUA) em 2009, sob orientação do Dr. Stephen Wraight, do Serviço de Pesquisa Agropecuária do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos –USDA-ARS.

O desafio proposto por Marcos Faria era aumentar de forma substancial a durabilidade de produtos à base de fungos armazenados a uma temperatura média de 30ºC ou mais, realidade da maioria dos galpões de armazenamento no Brasil, para tornar esse tipo de produto mais comercializável. “Enquanto o prazo de validade dos produtos químicos é medido em anos, o dos biológicos à base de fungos é de meses, às vezes até semanas. Devido à rápida desativação desses produtos durante o armazenamento nas propriedades agrícolas, isso faz com que muitos produtores pensem que o controle biológico não funciona, o que não é verdade”, explica Faria.

Durante as pesquisas para desenvolver a TEV, o pesquisador conseguiu um resultado inédito: manter mais de 80% dos propágulos fúngicos (esporos) ativos após armazenagem de seis meses a uma temperatura média de 40ºC (vide tabela). O mesmo teste, realizado durante 16 meses na mesma temperatura, mostrou que a viabilidade do material ainda era superior a 70%, o que comprovou a eficácia do método de armazenamento desenvolvido pela Embrapa.

Tabela comparativa de tecnologias de armazenamento de fungos

 

Técnica anterior

TEV/Embrapa

Temperatura

37ºC

40ºC

Esporos ativos

74%

80%

Vida de prateleira

2 meses

6 meses

A metodologia

A TEV – Tecnologia Embrapa de Vida-de-prateleira é um método de embalagem de esporos de fungos entomopatogênicos que consiste na adoção de duas medidas simultaneamente: a secagem do produto a níveis extremamente baixos (abaixo de 0,1 de atividade de água ou, idealmente, entre 0,02 e 0,03) e a redução a níveis muito baixos de oxigênio no interior das embalagens.

Tais condições podem ser alcançadas por meio da colocação de sachês especiais já disponíveis no mercado e que modificam a atmosfera interna das embalagens onde se pretende armazenar o produto. “Com esses níveis de umidade e oxigênio conseguimos reduzir ao máximo a atividade metabólica dos fungos, mantendo a sua viabilidade por longos períodos”, explica Marcos Faria.

A técnica foi desenvolvida para os fungos entomopatogênicos, ou seja, que matam insetos, e testada em vários fungos utilizados no Brasil para controle biológico de insetos-praga. Entre eles, destacam-se: Metarhizium anisopliae, utilizado para o controle da cigarrinha da cana-de-açúcar e que hoje já é aplicado em mais de um milhão de hectares em todo o País e Beauveria bassiana, usado no controle da mosca branca e da broca do café. É aplicável também aos fungos antagonistas, como os do gênero Trichoderma, aplicados em culturas como feijão e soja para o manejo de doenças.

TEV poderá aumentar o mercado para produtos à base de fungos no País

O uso de produtos biológicos à base de fungos para controlar pragas agrícolas tem aumentado significativamente no Brasil. Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), atualmente existem 19 agentes microbianos e 82 produtos registrados, sendo 38 produtos à base de fungos entomopatogênicos. Em nível mundial estima-se que existam mais de 200 produtos à base de fungos registrados para controlar insetos.

Segundo Faria, apesar de existir uma tendência de produção on farm de produtos para controle biológico (ou seja, pelos próprios agricultores), a TEV é indicada para empresas tecnificadas de médio e grande porte, uma vez que, para dar certo, exige o uso de embalagens herméticas e sachês especiais.

Algumas empresas privadas recentemente demonstraram interesse na tecnologia, o que comprova a preocupação do setor em melhorar a qualidade dos produtos biológicos. “Esperamos que a TEV possa contribuir para aumentar a qualidade dos produtos biológicos e sua aceitação pelos produtores brasileiros e, assim, colaborar para uma agricultura mais saudável e menos dependente de produtos químicos”, almeja o pesquisador.

Para parcerias:
Empresas interessadas no licenciamento dessa tecnologia podem procurar a equipe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia pelo e-mail: cenargen.sipt@embrapa.br

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