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Pesquisador destaca Produção Integrada como exemplo de boas práticas para a redução do uso de agrotóxicos na produção de alimentos

Capacitação técnica de produtores rurais, manejo integrado de pragas, controle biológico são exemplos de boas práticas agrícolas apresentadas pelo pesquisador e chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi, para a redução do uso de agrotóxicos na agricultura. O tema foi debatido, no dia 7, na comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a proposta de Política Nacional de Redução dos Agrotóxicos (PNARA, PL 6670/16). Em sua participação, Morandi enfatizou a importância da adoção da Produção Integrada (PI) como uma das estratégias capaz de garantir a segurança do alimento produzido em ambientes sustentáveis.

Também participaram da audiência extensionistas e produtores rurais representantes de instituições como a Associação de Produtores Agroecológicos do Alto São Bartolomeu (Aprospera), Associação dos Cafés Orgânicos do Brasil, Emater/DF, Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo e a empresa Native Produtos Orgânicos.

A PI tem como objetivo a adequação dos processos produtivos para a obtenção de produtos vegetais ou de origem vegetal de qualidade e com níveis de resíduos de agrotóxicos em conformidade com que estabelece a legislação sanitária, mediante a adoção de boas práticas agrícolas, entre elas, o manejo integrado de pragas, o controle biológico e a capacitação técnicas de extensionistas e produtores rurais. Na PI, o uso de diferentes métodos (biológicos e químicos, entre outros) é cuidadosamente aplicado levando-se em conta as exigências dos consumidores, a viabilidade econômica da atividade e a proteção ao meio ambiente.

No Brasil, várias cadeias produtivas já possuem normas de certificação de Produção Integrada, como o morango, a maçã, o vinho, o melão, a manga, o arroz, a banana, o amendoim, o abacaxi, entre outros. As primeiras pesquisas sobre o tema surgiram em 1996, com estudos da Embrapa e elaboração de normas para a produção integrada da maçã, no Rio Grande do Sul. Atualmente, a empresa possui projetos de PI para certificação e aprimoramento de boas práticas em várias cadeias produtivas.

Saiba mais sobre a Produção Integrada acessando aqui

Boas práticas

“Racionalização, redução de uso de insumos, controle biológico, monitoramento de pragas, aprimoramento de tecnologias, maquinários, fixação biológica de nitrogênio, cultivo com plantio direto, são várias práticas que podem ser adotadas em diferentes contextos de produção, de acordo com a diversidade de sistemas produtivos existentes no País”, explicou Morandi.

Nessa direção, o chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente ponderou que todas essas práticas são adotadas também no sistema convencional com bons resultados de redução de uso de agrotóxico, não necessariamente se convertendo para sistemas de produção orgânica.

“Quando falamos em redução de uso de agrotóxico estamos considerando também a diversificação da produção, os sistemas integrados de diversas naturezas, desde pequenos sistemas integrados agroflorestais até grandes sistemas de produção como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta – o ILPF. São todos modelos que estão dentro de uma cadeia lógica do processo de produção que a gente tem de tratar não como antagônicos ou dicotômicos, mas como um conjunto de sistemas de produção que caminha no sentido da sustentabilidade e da segurança ambiental, econômica e social”, complementou. Para o pesquisador, o intercâmbio de boas práticas é fundamental para o crescimento de todos os modelos.

Fitossanidade

Morandi explicou que no âmbito da fitossanidade da produção agrícola são considerados 3 níveis fundamentais de conhecimento e práticas: princípios, métodos e medidas. Os princípios são considerados universais. No caso do manejo integrado de pragas, por exemplo, o manejo ecológico deve ser utilizado por todos os tipos e possibilidades de agricultura. No entanto, os métodos e as medidas poderão variar de acordo com as realidades locais.

Por isso, o pesquisador acredita que na construção de uma política pública ou de um programa de racionalização do uso de agrotóxico é preciso partir de um diagnóstico correto da situação e se propor medidas efetivas e reais adaptáveis às condições de produção diversas, considerando a diversidade de métodos possíveis, o bom uso dessas tecnologias e de boas práticas disponíveis. “É importante considerar outras medidas promissoras disponíveis no mercado que também contribuem para a redução do uso de agrotóxicos, pensadas dentro de um programa maior que busque a melhoria do ambiente”, enfatizou.

Acesse aqui e assista a audiência pública “Transição agroecológica no contexto da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos” realizada no dia 7/8 na Câmara dos Deputados.

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