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Julian, 19, sonha produzir 500 litros de leite por dia

Ele não é estudante universitário nem trabalha no comércio ou num banco de uma cidade qualquer. A rotina de Julian César dos Santos, de 19 anos, é bem diferente. O garoto acorda muito cedo, de madrugadinha, para cuidar do rebanho de 43 animais – 15 vacas em lactação, 12 secas, 12 novilhas, 13 bezerros e 4 machos. A vida dele tomou esse rumo quando tinha 14 anos e precisou assumir o sítio Bom Jesus, em Maria da Fé, a cidade mais fria de Minas Gerais.

Julian mora com a mãe, que trabalha fora, e duas tias. Com a renda do sítio, ajuda a irmã a estudar. Em meados de junho, o garoto recebeu a visita da equipe do projeto Balde Cheio, da Embrapa, realizado em parceria com a FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais). Esse projeto tem a finalidade de capacitar técnicos em extensão rural para que eles apoiem o desenvolvimento da pecuária leiteira, melhorando as condições de vida dos produtores.

O técnico que está sendo capacitado para atender Julian é Filipe Braga Campos, outro jovem que se envolve com a pecuária leiteira da região. Dos sete inscritos que Filipe vai atender nesse início do projeto no município, o mais velho tem 39 anos – o que indica uma renovação no perfil dos produtores locais.

Vontade
Julian resolveu se cadastrar no Balde Cheio ao ver os resultados obtidos por um conhecido. “Achei a ideia interessante. O Celso fez e deu certo”, justificou. O sítio tem 8 alqueires – um de mata nativa – e as vacas são criadas a pasto. O jovem tira 200 litros de leite por dia, mas sonha em tirar 500 litros/dia.

Para aumentar sua produção, o agrônomo Artur Chinelato de Camargo, idealizador do Balde Cheio e pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP), e o coordenador do Balde Cheio nos Estados de Minas e Bahia, Walter Miguel Ribeiro, da FAEMG, fizeram várias recomendações – que agora serão acompanhadas de perto por Filipe.

O Balde Cheio utiliza uma metodologia que propõe compromissos entre o produtor e o técnico. O que for combinado entre os dois é anotado e, nas próximas visitas, checado. É muito importante que Julian registre todas as informações zootécnicas e econômicas do sítio. Só assim, os resultados serão conhecidos.

Filipe e Julian combinaram que o jovem produtor vai fazer análise de solo, comprar um tanque de expansão, providenciar exames de tuberculose e brucelose em todo o rebanho, fazer cerca elétrica com o eucalipto do próprio sítio, numerar os piquetes com placas e plantar um novo módulo de pastagem em outubro, quando começar a chover.

Para o futuro, o Balde Cheio indica o uso de brincos para identificar os animais e um projeto de irrigação, já que pelo sítio Bom Jesus passa um córrego.

O arranjo local para apoiar a assistência técnica tem o apoio da prefeitura. A secretária de Agricultura de Maria da Fé, Carina Mori Diehl, fez questão de acompanhar a visita ao sítio e sinalizou que o município poderá ajudar Julian com alguns serviços básicos, como o transporte de calcário, caso a análise de solo indique que ele precise fazer a aplicação.

A prefeita Patrícia Almeida almoçou com a equipe e também mostrou entusiasmo com as mudanças que o Balde Cheio pode proporcionar ao município. Ela é filha de um produtor de leite e relata que a retomada do projeto estava em seu plano de governo. No passado, o Balde Cheio já havia sido realizado em Maria da Fé, mas as ações foram interrompidas por falta de um técnico.

“A pecuária de leite é forte no município. Vim da zona rural e sei a garra que o produtor de leite tem. O pouco que a gente pode dar é capacitação e orientação para que eles aumentem seus recursos”, disse Patrícia. Maria da Fé tem 787 pecuaristas cadastrados – entre criadores de gado de corte e de leite. Neste ano, a prefeitura forneceu doses de vacina contra brucelose para os bezerros e levou parte dos produtores para a feira Megaleite, em Belo Horizonte, como forma de fomentar a atividade econômica.

Palestra
No período da tarde, Artur Chinelato multiplicou informações sobre o Balde Cheio a vários produtores de Maria da Fé e região que participaram de uma palestra no centro de cultura do município. O pesquisador da Embrapa contou a origem do projeto e explicou como ele funciona.

Detalhou os direitos e obrigações dos produtores que decidem participar e dos técnicos que se interessam em prestar assistência. O Balde Cheio exige que o produtor faça exames anuais de brucelose e tuberculose no rebanho, permita visitas à sua propriedade, cumpra sempre o que foi combinado e anote informações climáticas, financeiras e zootécnicas. São direitos do produtor: ser assistido pelo extensionista local pelo menos uma vez por mês e deixar o projeto a qualquer momento.

O extensionista tem o dever de aplicar o questionário diagnóstico no início do acompanhamento, deve providenciar um pluviômetro e um termômetro, orientar o produtor e visitar a propriedade pelo menos uma vez por mês. Ele tem o direito de receber a visita de um instrutor do Balde Cheio ao menos uma vez a cada quatro meses, ser capacitado e indicado pelo projeto e deixar a iniciativa quando quiser.

Artur convidou os produtores sérios a participar, reforçando a responsabilidade que devem dispensar para que a atividade seja mais lucrativa. Em diversos momentos ele relata histórias de famílias que estavam endividadas ou que viviam com muita dificuldade e passaram a ganhar dinheiro com a produção assistida do leite.

Saiba mais:

Saiba mais sobre a visita do Balde Cheio a Minas Gerais aqui.

Neste vídeo você acompanha mais informações sobre o projeto.

Ele não é estudante universitário nem trabalha no comércio ou num banco de uma cidade qualquer. A rotina de Julian César dos Santos, de 19 anos, é bem diferente. O garoto acorda muito cedo, de madrugadinha, para cuidar do rebanho de 43 animais – 15 vacas em lactação, 12 secas, 12 novilhas, 13 bezerros e 4 machos. A vida dele tomou esse rumo quando tinha 14 anos e precisou assumir o sítio Bom Jesus, em Maria da Fé, a cidade mais fria de Minas Gerais.

Julian mora com a mãe, que trabalha fora, e duas tias. Com a renda do sítio, ajuda a irmã a estudar. Em meados de junho, o garoto recebeu a visita da equipe do projeto Balde Cheio, da Embrapa, realizado em parceria com a FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais). Esse projeto tem a finalidade de capacitar técnicos em extensão rural para que eles apoiem o desenvolvimento da pecuária leiteira, melhorando as condições de vida dos produtores.

O técnico que está sendo capacitado para atender Julian é Filipe Braga Campos, outro jovem que se envolve com a pecuária leiteira da região. Dos sete inscritos que Filipe vai atender nesse início do projeto no município, o mais velho tem 39 anos – o que indica uma renovação no perfil dos produtores locais.

Vontade
Julian resolveu se cadastrar no Balde Cheio ao ver os resultados obtidos por um conhecido. “Achei a ideia interessante. O Celso fez e deu certo”, justificou. O sítio tem 8 alqueires – um de mata nativa – e as vacas são criadas a pasto. O jovem tira 200 litros de leite por dia, mas sonha em tirar 500 litros/dia.

Para aumentar sua produção, o agrônomo Artur Chinelato de Camargo, idealizador do Balde Cheio e pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP), e o coordenador do Balde Cheio nos Estados de Minas e Bahia, Walter Miguel Ribeiro, da FAEMG, fizeram várias recomendações – que agora serão acompanhadas de perto por Filipe.

O Balde Cheio utiliza uma metodologia que propõe compromissos entre o produtor e o técnico. O que for combinado entre os dois é anotado e, nas próximas visitas, checado. É muito importante que Julian registre todas as informações zootécnicas e econômicas do sítio. Só assim, os resultados serão conhecidos.

Filipe e Julian combinaram que o jovem produtor vai fazer análise de solo, comprar um tanque de expansão, providenciar exames de tuberculose e brucelose em todo o rebanho, fazer cerca elétrica com o eucalipto do próprio sítio, numerar os piquetes com placas e plantar um novo módulo de pastagem em outubro, quando começar a chover.

Para o futuro, o Balde Cheio indica o uso de brincos para identificar os animais e um projeto de irrigação, já que pelo sítio Bom Jesus passa um córrego.

O arranjo local para apoiar a assistência técnica tem o apoio da prefeitura. A secretária de Agricultura de Maria da Fé, Carina Mori Diehl, fez questão de acompanhar a visita ao sítio e sinalizou que o município poderá ajudar Julian com alguns serviços básicos, como o transporte de calcário, caso a análise de solo indique que ele precise fazer a aplicação.

A prefeita Patrícia Almeida almoçou com a equipe e também mostrou entusiasmo com as mudanças que o Balde Cheio pode proporcionar ao município. Ela é filha de um produtor de leite e relata que a retomada do projeto estava em seu plano de governo. No passado, o Balde Cheio já havia sido realizado em Maria da Fé, mas as ações foram interrompidas por falta de um técnico.

“A pecuária de leite é forte no município. Vim da zona rural e sei a garra que o produtor de leite tem. O pouco que a gente pode dar é capacitação e orientação para que eles aumentem seus recursos”, disse Patrícia. Maria da Fé tem 787 pecuaristas cadastrados – entre criadores de gado de corte e de leite. Neste ano, a prefeitura forneceu doses de vacina contra brucelose para os bezerros e levou parte dos produtores para a feira Megaleite, em Belo Horizonte, como forma de fomentar a atividade econômica.

Palestra
No período da tarde, Artur Chinelato multiplicou informações sobre o Balde Cheio a vários produtores de Maria da Fé e região que participaram de uma palestra no centro de cultura do município. O pesquisador da Embrapa contou a origem do projeto e explicou como ele funciona.

Detalhou os direitos e obrigações dos produtores que decidem participar e dos técnicos que se interessam em prestar assistência. O Balde Cheio exige que o produtor faça exames anuais de brucelose e tuberculose no rebanho, permita visitas à sua propriedade, cumpra sempre o que foi combinado e anote informações climáticas, financeiras e zootécnicas. São direitos do produtor: ser assistido pelo extensionista local pelo menos uma vez por mês e deixar o projeto a qualquer momento.

O extensionista tem o dever de aplicar o questionário diagnóstico no início do acompanhamento, deve providenciar um pluviômetro e um termômetro, orientar o produtor e visitar a propriedade pelo menos uma vez por mês. Ele tem o direito de receber a visita de um instrutor do Balde Cheio ao menos uma vez a cada quatro meses, ser capacitado e indicado pelo projeto e deixar a iniciativa quando quiser.

Artur convidou os produtores sérios a participar, reforçando a responsabilidade que devem dispensar para que a atividade seja mais lucrativa. Em diversos momentos ele relata histórias de famílias que estavam endividadas ou que viviam com muita dificuldade e passaram a ganhar dinheiro com a produção assistida do leite.

Saiba mais:

Saiba mais sobre a visita do Balde Cheio a Minas Gerais aqui.

Neste vídeo você acompanha mais informações sobre o projeto.

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