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Agricultores de doze municípios do Ceará participam de ciclo de intercâmbios de conhecimentos sobre sistemas agroflorestais

O Projeto Sustentare, liderado pela Embrapa Caprinos e Ovinos, promoveu, durante o mês de junho, um ciclo de quatro eventos onde agricultores familiares de 24 comunidades de onze municípios dos territórios de Sobral e Crateús, no Ceará, puderam compartilhar conhecimentos sobre o redesenho de agroecossistemas familiares no Semiárido no período de chuvas. O evento será repetido no segundo semestre, na época da estiagem.

Os encontros aconteceram nas comunidades Sítio Areias e Pé de Serra Cedro (Sobral), Picos (Santa Quitéria) e Barriguda (Tamboril), nos dias 8, 9, 11 e 20 de junho, respectivamente. Ao todo, reuniram 192 participantes, oriundos dos municípios de Coreaú, Forquilha, Frecheirinha, Graça, Massapê, Meruoca, Moraújo, Mucambo, Reriutaba, Santana do Acaraú, Sobral e Tamboril.

Durante o evento os agricultores puderam conhecer algumas inovações sociais construídas pelas comunidades visitadas, ao longo do seis anos de atuação do Projeto Sustentare, que teve início em 2012 e encerra as atividades em 2019. De acordo com o zootecnista da Embrapa Caprinos e Ovinos que coordenou os trabalhos, Eden Fernandes, as inovações mais claras se referem aos sistemas agroflorestais, que podem integrar em um mesmo espaço agricultura e pecuária, com a exploração sustentável da vegetação nativa. Nesse tipo de sistema de produção elimina-se o desmatamento e o uso do fogo.

“Nas comunidades visitadas, temos pelo menos um sistema implantado e em uso pelos agricultores familiares. No Sítio Areias, por exemplo, o SAF segue o modelo agrossilvipastoril, onde existe um consórcio de animais, aves em um galinheiro móvel e cabras, dentro da agrofloresta, onde os alimentos que sobram das culturas agrícolas (milho, feijão entre outras) são aproveitados pelos animais. A agricultora Regina Souza, dona da propriedade, participou da construção desses conhecimentos que hoje utiliza”, afirma Fernandes.

No Pé de Serra Cedro, o sistema é do tipo silvipastoril, composto por caprinos e árvores da caatinga em uma área cercada, já que um dos principais problemas apontados pelos agricultores foi a criação de animais soltos na comunidade. Enquanto no Sítio Areias cada família tem seu SAF, no Pé de Serra Cedro, a gestão do sistema agroflorestal é coletiva, com animais de quatro famílias e os agricultores já estão planejando a implantação de um SAF para outras espécies animais.

Éden Fernandes explica que o sistema agroflorestal deve atender às demandas da comunidade, daí a importância da participação dos agricultores ao longo de todo o processo, desde a identificação dos problemas até a definição das alternativas para solucioná-los. Na visão do zootecnista da Embrapa, o evento superou as expectativas ao reunir técnicos, agentes multiplicadores e agricultores de diferentes locais que contribuíram com suas experiências. “Observar a mesma coisa com diferentes olhares foi rico. Ao mesmo tempo em que passamos informações também recebemos muito. Esse é o caminho da construção coletiva de conhecimentos”, diz ele.

Para o agricultor e presidente da Associação dos Pequenos Agricultores de Barriguda, João Paulo Sousa Vieira, a troca de informações entre os participantes dos encontros foi importante. Ele acredita que é possível produzir sem desmatar e queimar a vegetação porque viu a experiência de outras comunidades.

O estudante Ramon Ximenes, 15 anos, filho de agricultores da comunidade de Picos (Santa Quitéria), acha interessante conhecer a experiência dos outros locais e comparar com a sua realidade. “Vi que eles têm muitos obstáculos. Nós temos, mas eles têm mais que nós. A água é um problema pra eles e a gente não se preocupa muito. A forragem é o mesmo caso nosso: aqui também falta (na estiagem)”.

O técnico agropecuário do Projeto Paulo Freire, Luis Paulo Vasconcelos, que acompanhou os agricultores de comunidades de Moraújo, Frecheirinha, Coreaú e Sobral, acredita que a participação em intercâmbios desse tipo ajuda a ampliar a visão dos agricultores. “Eles podem ter um olhar mais dinâmico, que veja além do manejo sanitário, criação, dar ração. Eles têm que ver a parte do meio ambiente também e visitar comunidades como o Pé de Serra Cedro, que é pioneira na utilização de SAFs, é muito importante”, afirma.

Formação de novos profissionais
Ao longo dos seis anos de atuação, o Projeto Sustentare contou com a participação de estudantes universitários que puderam acompanhar as atividades. Alguns elaboraram seus trabalhos de conclusão de curso realizando pesquisas nas comunidades integrantes do projeto e hoje atuam como agentes multiplicadores. “Falta integração entre ensino, pesquisa e assistência técnica e agricultura familiar no que diz respeito à agroecologia. Nós estávamos perseguindo uma solução e uma das formas encontradas foi envolver os estudantes no levantamento de demandas e potencialidades das comunidades nessa linha do redesenho de agroecossistemas. Assim eles poderiam utilizar os conhecimentos nos seus trabalhos de conclusão de curso”, explica Eden Fernandes.

Dez estudantes passaram por essa experiência, um deles é Ian de Oliveira, zootecnista formado pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Ele afirma que a formação recebida na universidade foi mais direcionada para a produção em larga escala, e que por meio do Sustentare conheceu de perto a realidade do pequeno agricultor. Em sua atuação como agente multiplicador, ele visita comunidades para conhecer a realidade local e trabalhar junto com os agricultores na definição de estratégias para solucionar os problemas.

Fernandes acredita que esses profissionais estão habilitados para atuar no mercado de trabalho. “Eles construíram conhecimentos junto com os agricultores, outros profissionais que não tiveram essa vivência têm que passar por uma capacitação para atuar em projetos dessa natureza”, explica.

O Projeto Sustentare, liderado pela Embrapa Caprinos e Ovinos, promoveu, durante o mês de junho, um ciclo de quatro eventos onde agricultores familiares de 24 comunidades de onze municípios dos territórios de Sobral e Crateús, no Ceará, puderam compartilhar conhecimentos sobre o redesenho de agroecossistemas familiares no Semiárido no período de chuvas. O evento será repetido no segundo semestre, na época da estiagem.

Os encontros aconteceram nas comunidades Sítio Areias e Pé de Serra Cedro (Sobral), Picos (Santa Quitéria) e Barriguda (Tamboril), nos dias 8, 9, 11 e 20 de junho, respectivamente. Ao todo, reuniram 192 participantes, oriundos dos municípios de Coreaú, Forquilha, Frecheirinha, Graça, Massapê, Meruoca, Moraújo, Mucambo, Reriutaba, Santana do Acaraú, Sobral e Tamboril.

Durante o evento os agricultores puderam conhecer algumas inovações sociais construídas pelas comunidades visitadas, ao longo do seis anos de atuação do Projeto Sustentare, que teve início em 2012 e encerra as atividades em 2019. De acordo com o zootecnista da Embrapa Caprinos e Ovinos que coordenou os trabalhos, Eden Fernandes, as inovações mais claras se referem aos sistemas agroflorestais, que podem integrar em um mesmo espaço agricultura e pecuária, com a exploração sustentável da vegetação nativa. Nesse tipo de sistema de produção elimina-se o desmatamento e o uso do fogo.

“Nas comunidades visitadas, temos pelo menos um sistema implantado e em uso pelos agricultores familiares. No Sítio Areias, por exemplo, o SAF segue o modelo agrossilvipastoril, onde existe um consórcio de animais, aves em um galinheiro móvel e cabras, dentro da agrofloresta, onde os alimentos que sobram das culturas agrícolas (milho, feijão entre outras) são aproveitados pelos animais. A agricultora Regina Souza, dona da propriedade, participou da construção desses conhecimentos que hoje utiliza”, afirma Fernandes.

No Pé de Serra Cedro, o sistema é do tipo silvipastoril, composto por caprinos e árvores da caatinga em uma área cercada, já que um dos principais problemas apontados pelos agricultores foi a criação de animais soltos na comunidade. Enquanto no Sítio Areias cada família tem seu SAF, no Pé de Serra Cedro, a gestão do sistema agroflorestal é coletiva, com animais de quatro famílias e os agricultores já estão planejando a implantação de um SAF para outras espécies animais.

Éden Fernandes explica que o sistema agroflorestal deve atender às demandas da comunidade, daí a importância da participação dos agricultores ao longo de todo o processo, desde a identificação dos problemas até a definição das alternativas para solucioná-los. Na visão do zootecnista da Embrapa, o evento superou as expectativas ao reunir técnicos, agentes multiplicadores e agricultores de diferentes locais que contribuíram com suas experiências. “Observar a mesma coisa com diferentes olhares foi rico. Ao mesmo tempo em que passamos informações também recebemos muito. Esse é o caminho da construção coletiva de conhecimentos”, diz ele.

Para o agricultor e presidente da Associação dos Pequenos Agricultores de Barriguda, João Paulo Sousa Vieira, a troca de informações entre os participantes dos encontros foi importante. Ele acredita que é possível produzir sem desmatar e queimar a vegetação porque viu a experiência de outras comunidades.

O estudante Ramon Ximenes, 15 anos, filho de agricultores da comunidade de Picos (Santa Quitéria), acha interessante conhecer a experiência dos outros locais e comparar com a sua realidade. “Vi que eles têm muitos obstáculos. Nós temos, mas eles têm mais que nós. A água é um problema pra eles e a gente não se preocupa muito. A forragem é o mesmo caso nosso: aqui também falta (na estiagem)”.

O técnico agropecuário do Projeto Paulo Freire, Luis Paulo Vasconcelos, que acompanhou os agricultores de comunidades de Moraújo, Frecheirinha, Coreaú e Sobral, acredita que a participação em intercâmbios desse tipo ajuda a ampliar a visão dos agricultores. “Eles podem ter um olhar mais dinâmico, que veja além do manejo sanitário, criação, dar ração. Eles têm que ver a parte do meio ambiente também e visitar comunidades como o Pé de Serra Cedro, que é pioneira na utilização de SAFs, é muito importante”, afirma.

Formação de novos profissionais
Ao longo dos seis anos de atuação, o Projeto Sustentare contou com a participação de estudantes universitários que puderam acompanhar as atividades. Alguns elaboraram seus trabalhos de conclusão de curso realizando pesquisas nas comunidades integrantes do projeto e hoje atuam como agentes multiplicadores. “Falta integração entre ensino, pesquisa e assistência técnica e agricultura familiar no que diz respeito à agroecologia. Nós estávamos perseguindo uma solução e uma das formas encontradas foi envolver os estudantes no levantamento de demandas e potencialidades das comunidades nessa linha do redesenho de agroecossistemas. Assim eles poderiam utilizar os conhecimentos nos seus trabalhos de conclusão de curso”, explica Eden Fernandes.

Dez estudantes passaram por essa experiência, um deles é Ian de Oliveira, zootecnista formado pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Ele afirma que a formação recebida na universidade foi mais direcionada para a produção em larga escala, e que por meio do Sustentare conheceu de perto a realidade do pequeno agricultor. Em sua atuação como agente multiplicador, ele visita comunidades para conhecer a realidade local e trabalhar junto com os agricultores na definição de estratégias para solucionar os problemas.

Fernandes acredita que esses profissionais estão habilitados para atuar no mercado de trabalho. “Eles construíram conhecimentos junto com os agricultores, outros profissionais que não tiveram essa vivência têm que passar por uma capacitação para atuar em projetos dessa natureza”, explica.

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