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Reconhecimento das práticas agrícolas sustentáveis premia comunidades tradicionais brasileiras

Um dia especial para dona Ivete, a quebradeira de coco escolhida para representar não só uma comunidade, mas toda a sua história de determinação e trabalho. Vinda de Lago do Junco,  município distante mais de 300 quilômetros da capital maranhense, ela recebeu o reconhecimento e a primeira colocação do Prêmio BNDES Sistemas Agrícolas Tradicionais (SAT), em nome da Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais (AMTR), responsáveis pela preservação do modo de vida agroextrativista.

Na solenidade realizada na sede da Embrapa, dia 18 de junho, em Brasília-DF, com a presença de autoridades do Governo Federal e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), ela era uma das  legítimas personagens de uma estratégia de luta e sobrevivência transmitida de geração a geração, reflexo da riqueza do conhecimento tradicional brasileiro. “Foi uma surpresa receber a notícia de que havíamos ganhado”, contou ela. “A gente já tinha sido contemplado com projetos, mas um prêmio assim foi a primeira vez”. A entrega do prêmio no valor de R$ 70 mil foi feita pelo diretor da área de Gestão Pública e Socioambiental do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Marcos Ribeiro Ferrari.  

Além da AMTR, ficaram entre os cinco primeiros a Associação dos Produtores Rurais de Vereda, de Matias Cardoso (MG), em segundo lugar; em terceiro, a Associação dos Remanescentes de Quilombo de São Pedro, de Eldorado (SP), na quarta colocação, a Associação Comunitária Rural de Imbituba, de Imbituba (SC) e em quinto lugar, o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), dos municípios baianos de Pilão Arcado, Campo Alegre de Lourdes, Canudos, Casa Nova, Remanso, Curaçá, Sento Sé, Uauá, Sobradinho e Juazeiro. Os demais premiados (veja abaixo) vieram dos estados do Mato Grosso, Santa Catarina, Roraima, Amazonas, Amapá, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Cada um deles recebeu R$ 50 mil.

O objetivo do Prêmio BNDES SAT foi  reconhecer e valorizar boas práticas de salvaguarda e conservação de bens culturais e imateriais associados à agrobiodiversidade.  Além do certificado e da premiação em dinheiro, os cinco primeiros colocados receberam uma peça de artesanato da artista Cleiziana Paiva. A iniciativa foi coordenada pela parceria entre o BNDES, o Iphan, a FAO e a Embrapa, que presidiu a comissão julgadora, por meio do pesquisador João Roberto Correia, da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire).

Segundo o diretor-executivo de Inovação e Tecnologia da Embrapa, Cleber Soares, a presença da Empresa na realização do Prêmio BNDES reforça o alinhamento com as megatendências do recém-lançado documento Visão 2030: o futuro da agricultura brasileira. “Além disso, é uma forma de contribuir com a pauta internacional que tem como foco os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, em especial o que se refere à erradicação da fome e o incentivo à agricultura sustentável”, lembrou ele.

Diante de uma plateia de representantes caiçaras, quilombolas, ribeirinhos e vazanteiros, o diretor de Extrativismo do Ministério do Meio Ambiente, Mauro Pires, destacou a representatividade do momento em que comunidades de conhecimento ancestral são recebidas em uma empresa de tecnologia agropecuária. “Isso significa o reconhecimento dos saberes”, comentou.  Pires citou ainda estratégias em desenvolvimento como a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI) e o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), que são o que definiu como parte do “guarda-chuva” ministerial de iniciativas voltadas à valorização da sociobiodiversidade.

Representando a parceria internacional com a FAO, Alan Bojanic, também ressaltou a importância da iniciativa, referindo-se à existência do potencial de diversos sítios que desenvolvem ações de preservação, como as comunidades de apanhadoras de flores sempre-vivas da região de Diamantina, em Minas Gerais. A região está indicada a receber o título de Sistema Agrícola Tradicional Globalmente Importante (Giahs). Atualmente, 41 sítios em 18 países do mundo têm o reconhecimento concedido pela FAO, que desde 2002, com a criação do Giahs,  incentiva ações de interação harmoniosa entre comunidades tradicionais e o meio ambiente.  

Também participaram da solenidade de entrega do Prêmio BNDES SAT o secretário-adjunto de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Francisco Melo, o coordenador de Agroecologia e Produção Sustentável da Secretaria de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), Marco Pavarino, o diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Hermano Queiroz.  Da Embrapa, estiveram presentes o pesquisador da Embrapa Clima Temperado e ex-diretor de Transferência de Tecnologia, Waldyr Stumpf, e o chefe-geral da Embrapa Amapá, Nagib Melém Júnior.

Durante todo o dia 19, os representantes das comunidades vencedoras do Prêmio BNDES participaram de painéis coordenados pela Embrapa com os temas Reconhecimento de Sistemas Agrícolas Tradicionais, Experiências de Sistemas Agrícolas Tradicionais no Brasil: Rio Negro (AM), Quilombolas do Vale do Ribeira (SP) e Apanhadoras de sempre-viva (MG), Quebradeiras de coco (MA), Vazanteiros (MG), feira da mandioca (SC) e Recatingamento (BA). Em seguida, visitaram as instalações pedagógicas organizadas pelas 15 experiências classificadas como SAT, seguido de partilha de produtos entre as comunidades.

Demais premiados

6º – Mutirão coletivo de plantio de roça para o patrocinador do ritual feminino iamurikumã – Associação Yaualapiti Auapá – Canarana, MT

7º – Processo de certificação participativa para uso e conservação da floresta no sistema de roça de toco – Associações dos agricultores familiares de roça de toco de Biguaçu e da Valor da Roça – Biguaçu, SC

8º – Conservação do Sistema tradicional de fruticultura dos uaimiri atroari – Associação Comunidade Uamiri Atroari – AM e RR

9º  Semear – Produção de sementes florestais e crioulas em comunidade do arquipélago de Bailique – Associação das Comunidades Tradicionais do Bailique -Macapá, AP

10º – Resistência em defesa das áreas de coleta, recarga e das nascentes da Chapada do Areião – Sindicato dos Trabalhadores Rurais Assalariados e Agricultores Familiares de Rio Pardo, MG

11º – Florestação: Agrofloresta como alternativa para a restauração ambiental e sustentabilidade para a comunidade guarani – Associação Indígena Guarani Boapy Pindó – Aracruz, ES

12º – Apicultura sustentável: protagonismo e autonomia da juventude em comunidades de fundo de pasto de Casa Nova – BA

13º – Promoção e fortalecimento da cadeia produtiva de pinhão na Serra Catarinense – Associação Vianei de Cooperação e Intercâmbio no Trabalho, Educação, Cultura e Saúde

14º – Lei Municipal 1.629, de 10 de abril de 2015, Lei João Tolentino – Associação da Comunidade Tradicional Geraizeira de Sobrado – MG

15º  – Cultivo do Milho crioulo de Roraima, Associação dos Povos Indígenas da Terra São Marcos  – Pacaraima e Boa Vista (RR)

Um dia especial para dona Ivete, a quebradeira de coco escolhida para representar não só uma comunidade, mas toda a sua história de determinação e trabalho. Vinda de Lago do Junco,  município distante mais de 300 quilômetros da capital maranhense, ela recebeu o reconhecimento e a primeira colocação do Prêmio BNDES Sistemas Agrícolas Tradicionais (SAT), em nome da Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais (AMTR), responsáveis pela preservação do modo de vida agroextrativista.

Na solenidade realizada na sede da Embrapa, dia 18 de junho, em Brasília-DF, com a presença de autoridades do Governo Federal e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), ela era uma das  legítimas personagens de uma estratégia de luta e sobrevivência transmitida de geração a geração, reflexo da riqueza do conhecimento tradicional brasileiro. “Foi uma surpresa receber a notícia de que havíamos ganhado”, contou ela. “A gente já tinha sido contemplado com projetos, mas um prêmio assim foi a primeira vez”. A entrega do prêmio no valor de R$ 70 mil foi feita pelo diretor da área de Gestão Pública e Socioambiental do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Marcos Ribeiro Ferrari.  

Além da AMTR, ficaram entre os cinco primeiros a Associação dos Produtores Rurais de Vereda, de Matias Cardoso (MG), em segundo lugar; em terceiro, a Associação dos Remanescentes de Quilombo de São Pedro, de Eldorado (SP), na quarta colocação, a Associação Comunitária Rural de Imbituba, de Imbituba (SC) e em quinto lugar, o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), dos municípios baianos de Pilão Arcado, Campo Alegre de Lourdes, Canudos, Casa Nova, Remanso, Curaçá, Sento Sé, Uauá, Sobradinho e Juazeiro. Os demais premiados (veja abaixo) vieram dos estados do Mato Grosso, Santa Catarina, Roraima, Amazonas, Amapá, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Cada um deles recebeu R$ 50 mil.

O objetivo do Prêmio BNDES SAT foi  reconhecer e valorizar boas práticas de salvaguarda e conservação de bens culturais e imateriais associados à agrobiodiversidade.  Além do certificado e da premiação em dinheiro, os cinco primeiros colocados receberam uma peça de artesanato da artista Cleiziana Paiva. A iniciativa foi coordenada pela parceria entre o BNDES, o Iphan, a FAO e a Embrapa, que presidiu a comissão julgadora, por meio do pesquisador João Roberto Correia, da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire).

Segundo o diretor-executivo de Inovação e Tecnologia da Embrapa, Cleber Soares, a presença da Empresa na realização do Prêmio BNDES reforça o alinhamento com as megatendências do recém-lançado documento Visão 2030: o futuro da agricultura brasileira. “Além disso, é uma forma de contribuir com a pauta internacional que tem como foco os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, em especial o que se refere à erradicação da fome e o incentivo à agricultura sustentável”, lembrou ele.

Diante de uma plateia de representantes caiçaras, quilombolas, ribeirinhos e vazanteiros, o diretor de Extrativismo do Ministério do Meio Ambiente, Mauro Pires, destacou a representatividade do momento em que comunidades de conhecimento ancestral são recebidas em uma empresa de tecnologia agropecuária. “Isso significa o reconhecimento dos saberes”, comentou.  Pires citou ainda estratégias em desenvolvimento como a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI) e o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), que são o que definiu como parte do “guarda-chuva” ministerial de iniciativas voltadas à valorização da sociobiodiversidade.

Representando a parceria internacional com a FAO, Alan Bojanic, também ressaltou a importância da iniciativa, referindo-se à existência do potencial de diversos sítios que desenvolvem ações de preservação, como as comunidades de apanhadoras de flores sempre-vivas da região de Diamantina, em Minas Gerais. A região está indicada a receber o título de Sistema Agrícola Tradicional Globalmente Importante (Giahs). Atualmente, 41 sítios em 18 países do mundo têm o reconhecimento concedido pela FAO, que desde 2002, com a criação do Giahs,  incentiva ações de interação harmoniosa entre comunidades tradicionais e o meio ambiente.  

Também participaram da solenidade de entrega do Prêmio BNDES SAT o secretário-adjunto de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Francisco Melo, o coordenador de Agroecologia e Produção Sustentável da Secretaria de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), Marco Pavarino, o diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Hermano Queiroz.  Da Embrapa, estiveram presentes o pesquisador da Embrapa Clima Temperado e ex-diretor de Transferência de Tecnologia, Waldyr Stumpf, e o chefe-geral da Embrapa Amapá, Nagib Melém Júnior.

Durante todo o dia 19, os representantes das comunidades vencedoras do Prêmio BNDES participaram de painéis coordenados pela Embrapa com os temas Reconhecimento de Sistemas Agrícolas Tradicionais, Experiências de Sistemas Agrícolas Tradicionais no Brasil: Rio Negro (AM), Quilombolas do Vale do Ribeira (SP) e Apanhadoras de sempre-viva (MG), Quebradeiras de coco (MA), Vazanteiros (MG), feira da mandioca (SC) e Recatingamento (BA). Em seguida, visitaram as instalações pedagógicas organizadas pelas 15 experiências classificadas como SAT, seguido de partilha de produtos entre as comunidades.

Demais premiados

6º – Mutirão coletivo de plantio de roça para o patrocinador do ritual feminino iamurikumã – Associação Yaualapiti Auapá – Canarana, MT

7º – Processo de certificação participativa para uso e conservação da floresta no sistema de roça de toco – Associações dos agricultores familiares de roça de toco de Biguaçu e da Valor da Roça – Biguaçu, SC

8º – Conservação do Sistema tradicional de fruticultura dos uaimiri atroari – Associação Comunidade Uamiri Atroari – AM e RR

9º  Semear – Produção de sementes florestais e crioulas em comunidade do arquipélago de Bailique – Associação das Comunidades Tradicionais do Bailique -Macapá, AP

10º – Resistência em defesa das áreas de coleta, recarga e das nascentes da Chapada do Areião – Sindicato dos Trabalhadores Rurais Assalariados e Agricultores Familiares de Rio Pardo, MG

11º – Florestação: Agrofloresta como alternativa para a restauração ambiental e sustentabilidade para a comunidade guarani – Associação Indígena Guarani Boapy Pindó – Aracruz, ES

12º – Apicultura sustentável: protagonismo e autonomia da juventude em comunidades de fundo de pasto de Casa Nova – BA

13º – Promoção e fortalecimento da cadeia produtiva de pinhão na Serra Catarinense – Associação Vianei de Cooperação e Intercâmbio no Trabalho, Educação, Cultura e Saúde

14º – Lei Municipal 1.629, de 10 de abril de 2015, Lei João Tolentino – Associação da Comunidade Tradicional Geraizeira de Sobrado – MG

15º  – Cultivo do Milho crioulo de Roraima, Associação dos Povos Indígenas da Terra São Marcos  – Pacaraima e Boa Vista (RR)

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