O mercado de madeira serrada de florestas tropicais vem apresentando queda acentuada, enquanto os mercados de madeira processada e de madeira roliça de florestas plantadas vêm crescendo nos últimos anos.
Segundo o pesquisador da Embrapa Thomaz Correa e Castro da Costa, recentemente, findou-se a retração do preço do carvão vegetal. Este cenário acontecia desde 2008, o que estimulou produtores de florestas a verterem seus povoamentos para produção de carvão. “Mas este é um mercado instável, sujeito a oscilações. Existe um mercado potencial, o da madeira roliça e serrada de florestas plantadas, como alternativa para agricultores que investiram no sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), e aplicaram desbastes, com a intenção de agregar valor à madeira”, ressalta.
A demanda é crescente, principalmente de madeira para paletes e madeira roliça, que pode ser desde mourão tratado, esticador, poste, madeira para escoramento na construção civil, até estruturas de entretenimento e telhados. Já a demanda por madeira serrada de florestas plantadas para o setor moveleiro encontra-se no estágio potencial.
Thomaz Costa salienta que é preciso conscientizar o produtor sobre a importância da madeira serrada para o mercado hoje. “O setor florestal é altamente promissor no Brasil. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (ABIMCI), a distribuição da área florestal plantada com pinus e eucalipto no Brasil apresenta mais de sete milhões de hectares. Somente em Minas Gerais e São Paulo, a área corresponde a 2,4 milhões ha. E a participação da indústria madeireira e moveleira neste setor, na balança comercial brasileira, é de 3,7%, com 159 mil empresas, que geram em torno de 360 mil empregos (ABIMCI, dados de 2016)”, relata.
“Mesmo assim, hoje é difícil encontrar florestas plantadas com madeira mais velha, adequada para serraria. Por outro lado, painéis (MDF, MDP e aglomerado) estão tomando o lugar da madeira sólida. Mas isto pode ser reequilibrado, tanto na indústria moveleira como na construção civil”, diz o pesquisador.
Ele ressalta que a perda de mercado da madeira sólida é devida a um conjunto de fatores, de escassez e restrições ambientais para extração da madeira tropical, características desfavoráveis do eucalipto para serraria, que podem ser reduzidas pelo manejo e melhoria de processos, e o preconceito de valor.
“Estamos dando nossos primeiros passos para dar suporte ao produtor para que a madeira seja mais valorada. Para isso existem softwares que geram informações que vão além do cálculo do metro cúbico para comercialização. Programas desenvolvidos pela Embrapa Florestas, pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), por empresas privadas, e rotinas computacionais criadas pela Embrapa Milho e Sorgo exemplificam isso. São softwares para manejo e análise econômica de plantações florestais, e de desdobro de madeira por otimização, e por métodos convencionais”, afirma Thomaz Costa.
A Embrapa Milho e Sorgo trabalha em parceria com a Emater, Epamig e a Universidade Federal de São João del-Rei Campus/Sete Lagoas-MG para validação de campo das rotinas de cálculo de peças de madeira roliça e serrada de florestas plantadas.
Thomaz Costa considera que para melhorar a cadeia produtiva de madeira serrada de florestas plantadas, a primeira decisão é o diagnóstico de demanda. “O que estão comprando, com quais dimensões, para qual finalidade, em que quantidade, e quais são as origens. Depois planejar como substituir esta demanda por madeira de plantações com qualidade e regularidade”, pontua.
Uso da madeira está relacionado com o mercado regional
O professor Renato Vinícius Oliveira Castro, coordenador do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal de São João del-Rei, também considera que a madeira precisa ser mais valorizada. E ressalta que o uso da madeira está relacionado com as demandas do mercado regional.
“Diferentes produtos podem ser obtidos de uma árvore. Pensando em otimização do uso da madeira e maiores retornos financeiros, os beneficiadores buscam uma árvore mais retilínea e cilíndrica, com foco na produção de peças serradas. O que podemos propor são as alternativas de diversificação do uso da madeira das partes que não atendem aos padrões técnicos para esse uso. As grandes empresas de reflorestamento do Brasil visam um único produto final, com destaque para a produção de celulose ou carvão vegetal, com plantios de ciclos curtos, em torno de 5 a 8 anos. Mas o pequeno produtor precisa ter uma visão diferenciada para comercializar a madeira e obter mais lucro”, orienta o professor.
“Para destinar a produção da madeira a multiprodutos é necessário mensurar a qualidade e a produtividade dos plantios. Assim, o produtor terá condições de avaliar alternativas de produção, destinar a madeira a multiprodutos e obter maior retorno econômico, quando comparado a apenas um uso da madeira. O foco é sempre a produção de madeira nobre, para a serraria, que tem mais valor de comercialização, seguido de peças sólidas para postes e mourões, e, por fim, lenha para celulose ou carvão vegetal, visto que estes dois últimos são os segmentos que menos valoram a madeira. Porém, para isso são necessários investimento e manejo adequado do povoamento, bem como demanda pelo produto na região”, complementa Castro.
Então, como quantificar os multiprodutos da madeira? “É preciso mensurar o povoamento em diferentes idades e realizar tratos silviculturais adequados durante o desenvolvimento, fazendo desramas e desbastes. Além disso, avaliar a qualidade da madeira para os possíveis usos e identificar potenciais mercados consumidores. Tudo isso com a orientação de um profissional capaz de determinar os multiprodutos do povoamento”, orienta Renato Castro.
O mercado de madeira serrada de florestas tropicais vem apresentando queda acentuada, enquanto os mercados de madeira processada e de madeira roliça de florestas plantadas vêm crescendo nos últimos anos.
Segundo o pesquisador da Embrapa Thomaz Correa e Castro da Costa, recentemente, findou-se a retração do preço do carvão vegetal. Este cenário acontecia desde 2008, o que estimulou produtores de florestas a verterem seus povoamentos para produção de carvão. “Mas este é um mercado instável, sujeito a oscilações. Existe um mercado potencial, o da madeira roliça e serrada de florestas plantadas, como alternativa para agricultores que investiram no sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), e aplicaram desbastes, com a intenção de agregar valor à madeira”, ressalta.
A demanda é crescente, principalmente de madeira para paletes e madeira roliça, que pode ser desde mourão tratado, esticador, poste, madeira para escoramento na construção civil, até estruturas de entretenimento e telhados. Já a demanda por madeira serrada de florestas plantadas para o setor moveleiro encontra-se no estágio potencial.
Thomaz Costa salienta que é preciso conscientizar o produtor sobre a importância da madeira serrada para o mercado hoje. “O setor florestal é altamente promissor no Brasil. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (ABIMCI), a distribuição da área florestal plantada com pinus e eucalipto no Brasil apresenta mais de sete milhões de hectares. Somente em Minas Gerais e São Paulo, a área corresponde a 2,4 milhões ha. E a participação da indústria madeireira e moveleira neste setor, na balança comercial brasileira, é de 3,7%, com 159 mil empresas, que geram em torno de 360 mil empregos (ABIMCI, dados de 2016)”, relata.
“Mesmo assim, hoje é difícil encontrar florestas plantadas com madeira mais velha, adequada para serraria. Por outro lado, painéis (MDF, MDP e aglomerado) estão tomando o lugar da madeira sólida. Mas isto pode ser reequilibrado, tanto na indústria moveleira como na construção civil”, diz o pesquisador.
Ele ressalta que a perda de mercado da madeira sólida é devida a um conjunto de fatores, de escassez e restrições ambientais para extração da madeira tropical, características desfavoráveis do eucalipto para serraria, que podem ser reduzidas pelo manejo e melhoria de processos, e o preconceito de valor.
“Estamos dando nossos primeiros passos para dar suporte ao produtor para que a madeira seja mais valorada. Para isso existem softwares que geram informações que vão além do cálculo do metro cúbico para comercialização. Programas desenvolvidos pela Embrapa Florestas, pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), por empresas privadas, e rotinas computacionais criadas pela Embrapa Milho e Sorgo exemplificam isso. São softwares para manejo e análise econômica de plantações florestais, e de desdobro de madeira por otimização, e por métodos convencionais”, afirma Thomaz Costa.
A Embrapa Milho e Sorgo trabalha em parceria com a Emater, Epamig e a Universidade Federal de São João del-Rei Campus/Sete Lagoas-MG para validação de campo das rotinas de cálculo de peças de madeira roliça e serrada de florestas plantadas.
Thomaz Costa considera que para melhorar a cadeia produtiva de madeira serrada de florestas plantadas, a primeira decisão é o diagnóstico de demanda. “O que estão comprando, com quais dimensões, para qual finalidade, em que quantidade, e quais são as origens. Depois planejar como substituir esta demanda por madeira de plantações com qualidade e regularidade”, pontua.
Uso da madeira está relacionado com o mercado regional
O professor Renato Vinícius Oliveira Castro, coordenador do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal de São João del-Rei, também considera que a madeira precisa ser mais valorizada. E ressalta que o uso da madeira está relacionado com as demandas do mercado regional.
“Diferentes produtos podem ser obtidos de uma árvore. Pensando em otimização do uso da madeira e maiores retornos financeiros, os beneficiadores buscam uma árvore mais retilínea e cilíndrica, com foco na produção de peças serradas. O que podemos propor são as alternativas de diversificação do uso da madeira das partes que não atendem aos padrões técnicos para esse uso. As grandes empresas de reflorestamento do Brasil visam um único produto final, com destaque para a produção de celulose ou carvão vegetal, com plantios de ciclos curtos, em torno de 5 a 8 anos. Mas o pequeno produtor precisa ter uma visão diferenciada para comercializar a madeira e obter mais lucro”, orienta o professor.
“Para destinar a produção da madeira a multiprodutos é necessário mensurar a qualidade e a produtividade dos plantios. Assim, o produtor terá condições de avaliar alternativas de produção, destinar a madeira a multiprodutos e obter maior retorno econômico, quando comparado a apenas um uso da madeira. O foco é sempre a produção de madeira nobre, para a serraria, que tem mais valor de comercialização, seguido de peças sólidas para postes e mourões, e, por fim, lenha para celulose ou carvão vegetal, visto que estes dois últimos são os segmentos que menos valoram a madeira. Porém, para isso são necessários investimento e manejo adequado do povoamento, bem como demanda pelo produto na região”, complementa Castro.
Então, como quantificar os multiprodutos da madeira? “É preciso mensurar o povoamento em diferentes idades e realizar tratos silviculturais adequados durante o desenvolvimento, fazendo desramas e desbastes. Além disso, avaliar a qualidade da madeira para os possíveis usos e identificar potenciais mercados consumidores. Tudo isso com a orientação de um profissional capaz de determinar os multiprodutos do povoamento”, orienta Renato Castro.