Nesta quarta-feira, 13 de junho, agricultores familiares, extensionista, empresários, gestores públicos, estudantes e representantes de associações e cooperativas da região do Juruá, interior do Acre, participaram de Dia de Campo para conhecer as vantagens da agricultura conservacionista, no ramal Alto Pentecostes, município de Mâncio Lima, realizado pela Embrapa. Um público de cerca de 80 pessoas conheceu resultados de 10 anos de pesquisas com o uso de alternativas tecnológicas que podem ajudar a recuperar e conservar a qualidade do solo, melhorar a produtividade agrícola e diversificar a renda das famílias rurais.
O Dia de Campo é parte das ações do projeto “Manejo conservacionista do solo na produção familiar para a agricultura de baixa emissão de carbono no oeste do Estado do Acre (Juruapro)”, executado em parceria com a Universidade Federal do Acre (Ufac), Campus de Cruzeiro do Sul, e de produtores rurais do Juruá, com foco na validação e recomendação de um sistema de produção conservacionista para a região. Foram parceiros na atividade o Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/AC), Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária (Seap) e prefeituras de Mâncio Lima, Cruzeiro do Sul e Rodrigues Alves.
Terra fértil para filhos e netos
Segundo o pesquisador da Embrapa Acre, Falberni Costa, líder do projeto, os sistemas conservacionistas preconizam o uso de práticas agrícolas de baixo impacto para a promoção de uma agricultura sustentável. Técnicas como o plantio direto (alternativa tecnológica que permite produzir com revolvimento mínimo do solo e auxilia no controle da erosão), a rotação e consórcio de culturas e o cultivo agrícola alternado com plantas de cobertura (gramíneas e leguminosas) compõem esse sistema.
“No Juruá predominam solos arenosos e de baixa fertilidade. As técnicas conservacionistas contribuem para o aumento de matéria orgânica e nitrogênio no solo, proporcionam uma agricultura sem fogo e ajudam a repor nutrientes retirados na atividade agrícola. Como resultado, o agricultor conta com solos de qualidade para diversificar os cultivos e permanecer na agricultura. Outra vantagem é a obtenção de mais de uma safra por ano, aspecto que amplia as oportunidades de geração de renda na propriedade”, destaca Costa.
O dia de Campo reuniu cerca de 80 participantes na propriedade do agricultor familiar Sebastião Oliveira, parceiro nas pesquisas, para conhecer como as técnicas conservacionistas influenciam a fertilidade do solo e o desempenho das culturas. “Além de aumentar a produtividade de mandioca, iniciei o cultivo de milho, cultura que sempre teve baixo desempenho na região do Juruá. Estou feliz com a parceria com a Embrapa e por poder compartilhar esse aprendizado com outros produtores. Quem aderir esse sistema de produção poderá contar com terra fértil para produzir, bons resultados na produção e poder deixar essa herança para filhos e netos”, diz Oliveira.
Resultados
O Dia de Campo abordou experiências práticas com técnicas sustentáveis de manejo do solo, formas de adubação dos cultivos e alternativas para diversificar a produção, além de informações sobre a melhoria da fertilidade do solo que podem impactar a produtividades das culturas, e os benefícios econômicos, sociais, ambientais e culturais proporcionados pela agricultura conservacionista. Também foram apresentados dados da produção de culturas de valor econômico e de base alimentar na região, como milho e mandioca, obtidos em uma década de pesquisa. Nesse período, segundo Costa, a produtividade de mandioca saltou de 16 para 27 toneladas de raíz/hectare, correspondendo a um aumento de 68%.
“Os resultados com a cultura do milho são ainda mais significativos, quando comparados à produção regional. Em sistemas agrícolas tradicionais a produtividade média é de 800 quilos por hectare. No sistema conservacionista, alcançamos 4.700 quilos por hectare, na última safra, no segundo plantio, quase cinco vezes a média da região. Esses números confirmam a eficácia do sistema, mas tanto os ganhos na produção como os benefícios econômicos e ambientais advindos da agricultura conservacionista ocorrem de forma gradativa, já que a recuperação do solo e seus reflexos no desempenho das culturas é um processo lento. O tempo médio para estabilização do sistema é de 10 anos”, ressalta o pesquisador.
Diversificação da produção
O evento também enfatizou diferentes tratamentos de adubação e correção de solos arenosos, para o cultivo de mandioca em sistema de plantio direto, em épocas distintas – aos 60, 90 e 120 dias após o plantio. De acordo com o professor da Ufac Leonardo Tavella, os resultados da primeira safra 2016/2017 mostram que a adubação feita na base dos cultivos resultou em maior produtividade de mandioca e o mesmo esquema de adubação tem sido testado na cultura do milho. “A expectativa é que na terceira safra agrícola, ou seja, em 2020, já tenhamos um método de adubação definido para essas culturas, nas condições dos solos da região do Juruá”, diz.
Na abordagem sobre diversificação da produção familiar, forma destacadas as Boas Práticas na Fabricação de farinha e extração de goma. A pesquisadora da Embrapa, Joana Souza, especialista no assunto, falou sobre a importância do uso de procedimentos adequados no processo de produção, para garantir qualidade e potencial comercial a esses alimentos, com foco na diversificação da renda das famílias. “A fabricação de farinha de mandioca é a principal atividade econômica de agricultores familiares do Juruá e muitos também investem no aproveitamento de resíduos da produção, incluindo a goma. Além de contar com cultivos com alta produtividade, é necessário oferecer produtos de qualidade para o mercado consumidor”.
Inspiração
A experiência de Oliveira tem inspirado outros produtores rurais a investir na adoção de técnicas conservacionistas. Um deles, Cleilson Azevedo, morador do Projeto de Assentamento São Domingos (Mâncio Lima), que reúne cerca de 300 famílias produtoras de farinha de mandioca, utiliza o plantio direto desde 2010, quando participou pela primeira vez de dia de campo para conhecer resultados das pesquisas em andamento. “Eliminei o uso do fogo, utilizo o arado minimamente, como forma de proteger o solo, e tenho incentivado outras pessoas da comunidade a fazerem o mesmo”, diz o agricultor, que também é presidente da Associação de Produtores Rurais São Domingos, destacando que a ampliação do uso de modelos conservacionistas de produção depende também do apoio do poder público.
Para o secretário municipal de agricultura de Mâncio Lima, Ézio Pereira do Nascimento, as práticas conservacionistas podem promover uma revolução na produção agrícola e na cultura local. Grande parte dos produtores do Juruá vem de uma cultura de derruba e queima e precisa migrar para práticas sustentáveis, mas é preciso estar disposto a mudar o modo de produzir. “Já temos ações em andamento, para viabilizar o acesso a informações sobre essas alternativas de produção e a tecnologias de baixo custo como a adubação verde e esquemas reduzidos de adubação e uso moderado de mecanização das áreas de produção”, afirma.
Conforme explica o coordenador técnico do escritório da Seaprof em Cruzeiro do Sul, Aldair Pereira de Lima, s resultados das pesquisas com o modelo de produção conservacionista, apresentados durante o dia de Campo, são animadores. “É fundamental que o agricultor familiar disponha de alternativas que associem alta produtividade e conservação ambiental. Para o acesso a essa tecnologia, em larga escala, uma estratégia é investir na capacitação de técnicos da extensão rural, para atuarem como multiplicadores desses conhecimentos nas propriedades rurais do Juruá”.
Nesta quarta-feira, 13 de junho, agricultores familiares, extensionista, empresários, gestores públicos, estudantes e representantes de associações e cooperativas da região do Juruá, interior do Acre, participaram de Dia de Campo para conhecer as vantagens da agricultura conservacionista, no ramal Alto Pentecostes, município de Mâncio Lima, realizado pela Embrapa. Um público de cerca de 80 pessoas conheceu resultados de 10 anos de pesquisas com o uso de alternativas tecnológicas que podem ajudar a recuperar e conservar a qualidade do solo, melhorar a produtividade agrícola e diversificar a renda das famílias rurais.
O Dia de Campo é parte das ações do projeto “Manejo conservacionista do solo na produção familiar para a agricultura de baixa emissão de carbono no oeste do Estado do Acre (Juruapro)”, executado em parceria com a Universidade Federal do Acre (Ufac), Campus de Cruzeiro do Sul, e de produtores rurais do Juruá, com foco na validação e recomendação de um sistema de produção conservacionista para a região. Foram parceiros na atividade o Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/AC), Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária (Seap) e prefeituras de Mâncio Lima, Cruzeiro do Sul e Rodrigues Alves.
Terra fértil para filhos e netos
Segundo o pesquisador da Embrapa Acre, Falberni Costa, líder do projeto, os sistemas conservacionistas preconizam o uso de práticas agrícolas de baixo impacto para a promoção de uma agricultura sustentável. Técnicas como o plantio direto (alternativa tecnológica que permite produzir com revolvimento mínimo do solo e auxilia no controle da erosão), a rotação e consórcio de culturas e o cultivo agrícola alternado com plantas de cobertura (gramíneas e leguminosas) compõem esse sistema.
“No Juruá predominam solos arenosos e de baixa fertilidade. As técnicas conservacionistas contribuem para o aumento de matéria orgânica e nitrogênio no solo, proporcionam uma agricultura sem fogo e ajudam a repor nutrientes retirados na atividade agrícola. Como resultado, o agricultor conta com solos de qualidade para diversificar os cultivos e permanecer na agricultura. Outra vantagem é a obtenção de mais de uma safra por ano, aspecto que amplia as oportunidades de geração de renda na propriedade”, destaca Costa.
O dia de Campo reuniu cerca de 80 participantes na propriedade do agricultor familiar Sebastião Oliveira, parceiro nas pesquisas, para conhecer como as técnicas conservacionistas influenciam a fertilidade do solo e o desempenho das culturas. “Além de aumentar a produtividade de mandioca, iniciei o cultivo de milho, cultura que sempre teve baixo desempenho na região do Juruá. Estou feliz com a parceria com a Embrapa e por poder compartilhar esse aprendizado com outros produtores. Quem aderir esse sistema de produção poderá contar com terra fértil para produzir, bons resultados na produção e poder deixar essa herança para filhos e netos”, diz Oliveira.
Resultados
O Dia de Campo abordou experiências práticas com técnicas sustentáveis de manejo do solo, formas de adubação dos cultivos e alternativas para diversificar a produção, além de informações sobre a melhoria da fertilidade do solo que podem impactar a produtividades das culturas, e os benefícios econômicos, sociais, ambientais e culturais proporcionados pela agricultura conservacionista. Também foram apresentados dados da produção de culturas de valor econômico e de base alimentar na região, como milho e mandioca, obtidos em uma década de pesquisa. Nesse período, segundo Costa, a produtividade de mandioca saltou de 16 para 27 toneladas de raíz/hectare, correspondendo a um aumento de 68%.
“Os resultados com a cultura do milho são ainda mais significativos, quando comparados à produção regional. Em sistemas agrícolas tradicionais a produtividade média é de 800 quilos por hectare. No sistema conservacionista, alcançamos 4.700 quilos por hectare, na última safra, no segundo plantio, quase cinco vezes a média da região. Esses números confirmam a eficácia do sistema, mas tanto os ganhos na produção como os benefícios econômicos e ambientais advindos da agricultura conservacionista ocorrem de forma gradativa, já que a recuperação do solo e seus reflexos no desempenho das culturas é um processo lento. O tempo médio para estabilização do sistema é de 10 anos”, ressalta o pesquisador.
Diversificação da produção
O evento também enfatizou diferentes tratamentos de adubação e correção de solos arenosos, para o cultivo de mandioca em sistema de plantio direto, em épocas distintas – aos 60, 90 e 120 dias após o plantio. De acordo com o professor da Ufac Leonardo Tavella, os resultados da primeira safra 2016/2017 mostram que a adubação feita na base dos cultivos resultou em maior produtividade de mandioca e o mesmo esquema de adubação tem sido testado na cultura do milho. “A expectativa é que na terceira safra agrícola, ou seja, em 2020, já tenhamos um método de adubação definido para essas culturas, nas condições dos solos da região do Juruá”, diz.
Na abordagem sobre diversificação da produção familiar, forma destacadas as Boas Práticas na Fabricação de farinha e extração de goma. A pesquisadora da Embrapa, Joana Souza, especialista no assunto, falou sobre a importância do uso de procedimentos adequados no processo de produção, para garantir qualidade e potencial comercial a esses alimentos, com foco na diversificação da renda das famílias. “A fabricação de farinha de mandioca é a principal atividade econômica de agricultores familiares do Juruá e muitos também investem no aproveitamento de resíduos da produção, incluindo a goma. Além de contar com cultivos com alta produtividade, é necessário oferecer produtos de qualidade para o mercado consumidor”.
Inspiração
A experiência de Oliveira tem inspirado outros produtores rurais a investir na adoção de técnicas conservacionistas. Um deles, Cleilson Azevedo, morador do Projeto de Assentamento São Domingos (Mâncio Lima), que reúne cerca de 300 famílias produtoras de farinha de mandioca, utiliza o plantio direto desde 2010, quando participou pela primeira vez de dia de campo para conhecer resultados das pesquisas em andamento. “Eliminei o uso do fogo, utilizo o arado minimamente, como forma de proteger o solo, e tenho incentivado outras pessoas da comunidade a fazerem o mesmo”, diz o agricultor, que também é presidente da Associação de Produtores Rurais São Domingos, destacando que a ampliação do uso de modelos conservacionistas de produção depende também do apoio do poder público.
Para o secretário municipal de agricultura de Mâncio Lima, Ézio Pereira do Nascimento, as práticas conservacionistas podem promover uma revolução na produção agrícola e na cultura local. Grande parte dos produtores do Juruá vem de uma cultura de derruba e queima e precisa migrar para práticas sustentáveis, mas é preciso estar disposto a mudar o modo de produzir. “Já temos ações em andamento, para viabilizar o acesso a informações sobre essas alternativas de produção e a tecnologias de baixo custo como a adubação verde e esquemas reduzidos de adubação e uso moderado de mecanização das áreas de produção”, afirma.
Conforme explica o coordenador técnico do escritório da Seaprof em Cruzeiro do Sul, Aldair Pereira de Lima, s resultados das pesquisas com o modelo de produção conservacionista, apresentados durante o dia de Campo, são animadores. “É fundamental que o agricultor familiar disponha de alternativas que associem alta produtividade e conservação ambiental. Para o acesso a essa tecnologia, em larga escala, uma estratégia é investir na capacitação de técnicos da extensão rural, para atuarem como multiplicadores desses conhecimentos nas propriedades rurais do Juruá”.