A importância do trigo para compor o sistema de produção agrícola no Cerrado foi o tema que a Embrapa Trigo levou à Agrobrasília, realizada pela Coopa-DF, no período de 15 a 19 de maio. Controle de doenças e geração de renda são algumas das contribuições do trigo na região.
Historicamente, a expansão da produção agrícola no Cerrado esteve concentrada em plantas dicotiledôneas, como feijão, soja, algodão, café, girassol, entre outras. Contudo, o cultivo sucessivo destas espécies resultou em doenças de solo, como antracnose, rhizoctonia, fusariose, esclerotínia e nematoides. A alternativa mais viável de controle seria a rotação de culturas com gramíneas de inverno, capazes de gerar renda sem comprometer a lavoura de verão. Assim iniciou o cultivo do trigo na região, apresentando desempenho superior ao milho semeado nos meses de abril/maio.
Foi neste cenário que a Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF) buscou a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para viabilizar o desenvolvimento de cultivares de trigo adaptadas ao Cerrado. As ações, desenvolvidas pela Embrapa Trigo e Embrapa Cerrados, voltaram-se à seleção de genótipos, ajustes de sistemas de produção e transferência de tecnologias. Foram desenvolvidos diversos estudos sobre rotação de culturas, arranjos temporais (diferentes épocas de plantio) e espaciais (densidade de semeadura, população de plantas), adubação e fertilidade do solo, manejo integrado de pragas e doenças, manejo de restos culturais, zoneamento agroclimático, viabilidade socioeconômica, além da aproximação com o setor produtivo, instituições de ensino e pesquisa.
A primeira cultivar indicada foi o trigo de sequeiro BR 18-Terena, ainda no início da década de 90. As cultivares de trigo irrigado BRS 254 e BRS 264 chegaram em 2005 e até hoje representam cerca de 80% da área cultivada na região. Desde o começo dos trabalhos na pesquisa com trigo, o ganho tecnológico, especialmente com a geração de cultivares, chegou a 143 kg/ha ao ano.
Apesar da aceitação dos produtores para investir na nova opção de cultivo, o grande entrave estava na comercialização, devido à distância da indústria. A Coopa-DF viu a oportunidade e instalou um moinho de trigo, inaugurado em 1995, com capacidade de absorver 60 toneladas por dia. Atualmente, a cooperativa fomenta o plantio de trigo e, de acordo com o Presidente da Coopa-DF Leomar Cenci, o trigo representa grande importância tanto para a história quanto para a estabilidade financeira da cooperativa. A marca da farinha processada no moinho é hoje a principal fonte de renda da Coopa-DF.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, Jorge Chagas, o trigo no Cerrado apresenta qualidade industrial superior, com grão melhorador, elevada força de glúten e estabilidade na produção, o que torna a safra rapidamente comercializada pelos moinhos da região a preços atrativos para o produtor. “A qualidade do trigo é resultado do bom uso da tecnologia, associado ao ambiente de cultivo, com inverno seco que reduz as doenças e o risco de chuva na colheita”.
O pesquisador da Embrapa Cerrados, Júlio Albrech, destaca que o investimento em cultivares com melhor sanidade e resistência tem sido o foco do melhoramento genético na Embrapa. Os últimos lançamentos apresentam diferenciais importantes, como a boa tolerância ao calor e melhor resposta à brusone no trigo de sequeiro BRS 404; e o alto potencial produtivo e a resistência à debulha no trigo irrigado BRS 394.
Segundo o Chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, no momento estão em desenvolvimento diversos projetos de pesquisa voltados a resolver lacunas tecnológicas como tolerância ao déficit hídrico, brusone, ajustes no manejo como adubação, ciclo e ações de transferência de tecnologia que permitam incluir o trigo no sistema de produção do Cerrado. “As ações de transferência de tecnologias para o trigo no Brasil, como cursos, dias de campo, feiras e eventos contam com um parceiro fundamental para o crescimento da cultura que é a Organização das Cooperativas do Brasil, a OCB, considerando que a origem e sustentação de muitas cooperativas no País tem ou tiveram o trigo como pilar no desenvolvimento”, conta Lemainski.
Agrobrasília
O lançamento das cultivares de soja BRS 5980IPRO e BRS 6780, fruto da parceria Embrapa e Fundação Cerrados, mostra o esforço da pesquisa no desenvolvimento de tecnologias voltadas à sustentabilidade do agronegócio no Cerrado. O encaixe do trigo no sistema de produção da região traz uma série de benefício à soja, como a quebra no ciclo de doenças, controle de plantas daninhas e alternativa segura ao vazio sanitário, limitando o desenvolvimento de soja expontânea (plantas tigueras).
Trigo no Cerrado 2018
De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo Márcio Só e Silva, a semeadura do trigo na região inicia em fins de fevereiro e vai até meados de junho. Neste momento, acontecem os trabalhos de semeadura do trigo irrigado, num período de escassez de água que não deverá comprometer a área de cultivo, já que os produtores dependem da gramínea para atender demandas de rotação de cultura e vazio sanitário da soja e do feijão. Na safra 2018, os levantamentos da CONAB apontam para uma área estimada em 200 mil hectares (ha) nos estados de Minas Gerais (85 mil ha), Goiás (11 mil ha), Distrito Federal (1 mil ha), Mato Grosso do Sul (20 mil ha), São Paulo (80 mil ha) e Bahia (5 mil ha). “A expectativa é de números ainda maiores, já que as estimativas oficiais não consideram semente salva”, avalia o pesquisador.
Saiba mais sobre as perspectivas da safra de trigo no Distrito Federal e Goiás na entrevista com o pesquisador Jorge Chagas.
Cenários para o trigo no Cerrado
A importância do trigo para compor o sistema de produção agrícola no Cerrado foi o tema que a Embrapa Trigo levou à Agrobrasília, realizada pela Coopa-DF, no período de 15 a 19 de maio. Controle de doenças e geração de renda são algumas das contribuições do trigo na região.
Historicamente, a expansão da produção agrícola no Cerrado esteve concentrada em plantas dicotiledôneas, como feijão, soja, algodão, café, girassol, entre outras. Contudo, o cultivo sucessivo destas espécies resultou em doenças de solo, como antracnose, rhizoctonia, fusariose, esclerotínia e nematoides. A alternativa mais viável de controle seria a rotação de culturas com gramíneas de inverno, capazes de gerar renda sem comprometer a lavoura de verão. Assim iniciou o cultivo do trigo na região, apresentando desempenho superior ao milho semeado nos meses de abril/maio.
Foi neste cenário que a Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF) buscou a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para viabilizar o desenvolvimento de cultivares de trigo adaptadas ao Cerrado. As ações, desenvolvidas pela Embrapa Trigo e Embrapa Cerrados, voltaram-se à seleção de genótipos, ajustes de sistemas de produção e transferência de tecnologias. Foram desenvolvidos diversos estudos sobre rotação de culturas, arranjos temporais (diferentes épocas de plantio) e espaciais (densidade de semeadura, população de plantas), adubação e fertilidade do solo, manejo integrado de pragas e doenças, manejo de restos culturais, zoneamento agroclimático, viabilidade socioeconômica, além da aproximação com o setor produtivo, instituições de ensino e pesquisa.
A primeira cultivar indicada foi o trigo de sequeiro BR 18-Terena, ainda no início da década de 90. As cultivares de trigo irrigado BRS 254 e BRS 264 chegaram em 2005 e até hoje representam cerca de 80% da área cultivada na região. Desde o começo dos trabalhos na pesquisa com trigo, o ganho tecnológico, especialmente com a geração de cultivares, chegou a 143 kg/ha ao ano.
Apesar da aceitação dos produtores para investir na nova opção de cultivo, o grande entrave estava na comercialização, devido à distância da indústria. A Coopa-DF viu a oportunidade e instalou um moinho de trigo, inaugurado em 1995, com capacidade de absorver 60 toneladas por dia. Atualmente, a cooperativa fomenta o plantio de trigo e, de acordo com o Presidente da Coopa-DF Leomar Cenci, o trigo representa grande importância tanto para a história quanto para a estabilidade financeira da cooperativa. A marca da farinha processada no moinho é hoje a principal fonte de renda da Coopa-DF.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, Jorge Chagas, o trigo no Cerrado apresenta qualidade industrial superior, com grão melhorador, elevada força de glúten e estabilidade na produção, o que torna a safra rapidamente comercializada pelos moinhos da região a preços atrativos para o produtor. “A qualidade do trigo é resultado do bom uso da tecnologia, associado ao ambiente de cultivo, com inverno seco que reduz as doenças e o risco de chuva na colheita”.
O pesquisador da Embrapa Cerrados, Júlio Albrech, destaca que o investimento em cultivares com melhor sanidade e resistência tem sido o foco do melhoramento genético na Embrapa. Os últimos lançamentos apresentam diferenciais importantes, como a boa tolerância ao calor e melhor resposta à brusone no trigo de sequeiro BRS 404; e o alto potencial produtivo e a resistência à debulha no trigo irrigado BRS 394.
Segundo o Chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, no momento estão em desenvolvimento diversos projetos de pesquisa voltados a resolver lacunas tecnológicas como tolerância ao déficit hídrico, brusone, ajustes no manejo como adubação, ciclo e ações de transferência de tecnologia que permitam incluir o trigo no sistema de produção do Cerrado. “As ações de transferência de tecnologias para o trigo no Brasil, como cursos, dias de campo, feiras e eventos contam com um parceiro fundamental para o crescimento da cultura que é a Organização das Cooperativas do Brasil, a OCB, considerando que a origem e sustentação de muitas cooperativas no País tem ou tiveram o trigo como pilar no desenvolvimento”, conta Lemainski.
Agrobrasília
O lançamento das cultivares de soja BRS 5980IPRO e BRS 6780, fruto da parceria Embrapa e Fundação Cerrados, mostra o esforço da pesquisa no desenvolvimento de tecnologias voltadas à sustentabilidade do agronegócio no Cerrado. O encaixe do trigo no sistema de produção da região traz uma série de benefício à soja, como a quebra no ciclo de doenças, controle de plantas daninhas e alternativa segura ao vazio sanitário, limitando o desenvolvimento de soja expontânea (plantas tigueras).
Trigo no Cerrado 2018
De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo Márcio Só e Silva, a semeadura do trigo na região inicia em fins de fevereiro e vai até meados de junho. Neste momento, acontecem os trabalhos de semeadura do trigo irrigado, num período de escassez de água que não deverá comprometer a área de cultivo, já que os produtores dependem da gramínea para atender demandas de rotação de cultura e vazio sanitário da soja e do feijão. Na safra 2018, os levantamentos da CONAB apontam para uma área estimada em 200 mil hectares (ha) nos estados de Minas Gerais (85 mil ha), Goiás (11 mil ha), Distrito Federal (1 mil ha), Mato Grosso do Sul (20 mil ha), São Paulo (80 mil ha) e Bahia (5 mil ha). “A expectativa é de números ainda maiores, já que as estimativas oficiais não consideram semente salva”, avalia o pesquisador.
Saiba mais sobre as perspectivas da safra de trigo no Distrito Federal e Goiás na entrevista com o pesquisador Jorge Chagas.
Cenários para o trigo no Cerrado