Um forma de mostrar o quê e como a pesquisa agropecuária tem colaborado com a cadeia produtiva da batata é realizado anualmente o evento: Workshop da Batata, uma atividade conjunta entre instituições públicas e privadas. Depois de oito anos, o evento organizado pela Associação da Batata Brasileira (ABBA), tradicionalmente sediado em regiões produtoras da cultura no país, a atividade se realizou pela primeira vez nas dependêncais da Embrapa, na unidade de pesquisas em Pelotas, no Rio Grande do Sul, durante os dias 15 a 17 de maio. A reunião foi marcada por conhecimento de infraestrutura e pessoal envolvido nos projetos de pesquisa, demandas dos atores inseridos na cadeia produtiva e a apresentação de respostas tecnológicas, assim como possíveis variedades oriundas de melhoramento genético, desenvolvidas durante o último ano (2017/2018) para a cultura.
A Embrapa, através das unidades de pesquisa Embrapa Clima Temperado (Pelotas,RS) e Embrapa Hortaliças (Brasília,DF), com o Escritório de Negócios (Canoinhas,SC) ligado a Secretaria de Inovação e Negócios da Embrapa Sede (Brasília,DF) está trabalhando há muitos anos no desenvolvimento de materiais genéticos com potencial para se tornarem cultivares de acesso ao mercado, assim como possibilitar o atendimento de demandas, através de outros serviços, para o desenvolvimento da cadeia produtiva da batata.
O que foi apresentado pela Embrapa
As duas unidades de pesquisa, tanto a de Pelotas quanto a de Brasília – esta com representantes sediados no Escritório de Negócios em Canoinhas – apresentaram o andamento das atividades de pesquisa conduzidas pela Empresa. A unidade de Pelotas é a líder nacional do projeto com a cultura, possuindo um Banco de Germoplasma (BAG) com centenas de acessos genéticos em batata. A Embrapa Clima Temperado, num período de 10 anos, lançou ao mercado cerca de nove cultivares de batata para diferentes aptidões de mercado consumidor (uso fresco ou processada). O projeto Melhoramento genético de batata para ecossistemas tropicais e subtropicais do Brasil, com a liderança do pesquisador Arione da Silva Pereira e execução até 2020, quer aumentar a competitividade e a sustentabilidade da cadeia de valor da batata, por meio do desenvolvimento de novas cultivares para mercado fresco e processamento industrial. Por isso, a unidade de pesquisas de Pelotas possui uma infraestrutura considerada completa para o desenvolvimento de pesquisas em batata no país.
Durante este encontro, os participantes percorreram todas as etapas para o desenvolvimento da pesquisa com a cultura. A analista de transferência de tecnologia Fernanda Azevedo explicou todas as atividades que são desenvolvidas em cada uma dessas etapas: casas de vegetação(cruzamentos S. tuberosum e parentes silvestres; cultivo de clones para extração de meristemas; banco de sementes botânicas); plataforma de fenotipagem(estudos de estresses abióticos p/adaptação de clones a temperatura supra-ótima); laboratório de cultura de tecidos (isolamento de meristemas-limpeza clonal; micropropagação/multiplicação de clones; conservação in vitro); laboratório de fitopatologia (coleção de Phytophthora infestanse de nematoides); laboratório de biologia molecular (caracterização molecular de clones/cultivares; seleção molecular para resistência a viroses-PVY; identificação molecular de genitores); laboratório de imunologia e microscopia (indexação para viroses), seedlings (produção de populações híbridas-minis); hidroponia (produção de minitubérculos após limpeza clonal; multiplicação de semente para ensaios); banco de germoplasma (coleção de cultivares, clones e parentes silvestres como fontes de genes e genitores); reação ao déficit hídrico (avaliação da reação ao déficit hídrico); câmaras de armazenamento (capacidade de armazenagem de novos clones e cultivares); núcleo de alimentos (caracterização funcional de clones de batata e análise sensoria) e área de processamento de hortaliças (avaliação de características físico-química e processamento de clones).
Foi feita também a apresentação da atuação do Escritório de Negócios de Canoinhas nos projetos de pesquisa, além de mostrar os resultados dos clones avançados que estão em áreas experimentais junto a produtores parceiros. Foi levantado quais os materiais que estão em testes nas diferentes regiões, quais são os melhores e quais as cultivares atuais que estão tendo aceitação no mercado, pois o Escritório faz o plano de negócios para cada produto da Embrapa e realiza os contratos de licenciamento desses materiais, como também, fazem uma inspeção aos licenciados para acompanhar o comportamento dessas cultivares junto aos agricultores e como tem se mantido a qualidade deste produtos.
“Foi a primeira vez que os dirigentes da Associação da Batata Brasileira (ABBA) conheceram a estrutura da Embrapa. E em Pelotas, se tem uma estrutura muito bem formada, de laboratórios, de pessoal, bem treinados, e a Chefia se envolve e apóia. É a melhor estrutura para pesquisa em batata que se tem no país”, disse o pesquisador Giovani Olegário da Silva.
Já o analista de inovação e negócios Antonio Cesar Bortoletto disse que foi um momento proveitoso pelo fato da presença dos principais atores da cadeia produtiva da cultura com destaque para participação do industrial no ramo da batata processada frita. “Nós apresentamos de 10 a 12 clones que estão sendo validados no país, com diferentes finalidades, mas boa parte é destinada a esta parcela de mercado de batata frita processada, visto que é o mercado que tem respondido muito bem, e a pesquisa tem apresentado materiais que se destinam a este fim”, analisou Bortoletto.
As demandas
Todos os anos, neste Workshop são levantadas demandas dos atores da cadeia produtiva da batata. Nesta edição, não foi diferente. O pesquisador Giovane Olegário da Silva disse que o evento facilita o conhecimento pelos pesquisadores dos reais problemas da cadeia produtiva e podem ser feitos ajustes. “Temos claro que não vamos resolver tudo. São demandas abrangentes e em grande quantidade, mas muitas podem ser resolvidas no melhoramento. Podemos ter um material, apenas com uma mudança no seu manejo, como por exemplo utilizar diferentes materiais expostos a determinadas temperaturas, que agreguem maior rusticidade, ou ainda, usar produtos pra interferir no processo de brotação, entre outras alternativas”, explica Olegário.
Para o presidente da Associação Brasileira da Batata (ABBA), Natalino Shimoyama, a reunião é o ponto de partida para se fazer alianças público-privadas, as quais já são desenvolvidas entre as instituições participantes do Workshop. Ele fala ainda que é indiscutível o envolvimento das unidades da Embrapa e do Escritório de Negócios na condução desse trabalho. “Sem a pesquisa ficaríamos órfãos e as consequências seriam catastróficas”, diz Shimoyama.
O gerente adjunto de Integração de Processos, Produtos e Mercados da Gerência de Inovação e Negócios (SIN), Márcio Guimarães Cota, deixou aos participantes do Workshop uma mensagem da Empresa em estabelecer relações formais para conjugar esforços ao desenvolvimento da cadeia da batata. “Ficou muito claro o interesse comum para potencializar a busca de soluções tecnológicas para o setor produtivo”, disse Cota.
Segundo a analista de transferência de tecnologia Fernanda Azevedo os pontos mais importantes, levantados como demandas a serem atendidas pela pesquisa, foram quanto as questões de capacidade de adaptação climática de cultivares; multiplicação de sementes; zoneamento das regiões mais propícias para o cultivo; armazenamento da batata; e apresentação dos compostos funcionais dos materiais resultantes da pesquisa, apresentados ao mercado.
A avaliação do Workshop
Foi o primeiro Workshop realizado na região sul do país. O pesquisador Elcio Hirano, avaliou uma melhoria no evento quanto a relação institucional. “Em outras edições era o pesquisador que ia até o local do evento, organizado pela ABBA . Desta vez, a cadeia da batata é que veio até a Embrapa. Eles não tinham ideia de como era o funcionamento e a capacidade de trabalho da Empresa. As instituições no entorno de São Paulo, onde fica a sede da Associação é que eram usualmente mais conhecidas”, observou o pesquisador.
Um dos participantes neste Workshop foi João Emílio Rocheto, de Minas Gerais, um dos maiores industriais no país no processamento de batatas.
A produção de batata no país
Uma das contribuições, entre tantas, feita pela ABBA foi atualizar o grupo participante sobre os dados de produção da hortaliça no país. Segundo Natalino Shimoyama atualmente se encontra cerca de 100 mil hectares de área de produção da cultura da batata, em sete estados brasileiros:
Bahia- 4 a 6 mil ha
Goiás- 7 a 8 mil ha
Minas Gerais- 25 a 30 mil ha
São Paulo- 18 a 20 mil ha
Paraná- 15 a 20 mil ha
Santa Catarina – 4 a 5 mil ha
Rio Grande do Sul – 7 a 10 mil ha – concentrado na região de São Francisco de Paula, na serra gaúcha como Carlos Barbosa, Silveira Martins, e uma pequena parcela na região de Pelotas (cerca de 400 ha)
O que se tem de cultivares
Ao longo de mais de uma década, a Embrapa se dedica a desenvolver clones e lançar cultivares de batata para o mercado ‘in natura’ com qualidade culinária e também cultivares para o processamento industrial com qualidade de fritura, identificando caracteres agronômicos desejáveis e adaptação a região de cultivo.
Para o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, em Pelotas, Jair Nachtigal, a Empresa chega a um tempo de colher os resultados de quase 15 anos de pesquisa, através das novas cultivares. “As pessoas pensam que uma mesma batata serve para fazer vários usos como elaboração de saladas, purês ou fritas. Mas, não é assim que acontece. E o melhoramento genético de batata na Embrapa, em parceria com outras instituições, mostra e dispõe opções de cultivares de batata, cada uma, para diferentes usos”, explica Nachtigal.
E não é uma tarefa fácil para pesquisa, pois conforme, a Chefia de Pesquisa e Desenvolvimento é preciso aliar o que o produtor precisa e o que o produtor quer. Como os materiais são diferentes em sua composição, a pesquisa necessita encontrar clones, que serão futuras cultivares, que atendam as características exigidas pelo seu público-alvo.
Um processo de melhoramento genético ideal se desenvolve ao longo de 20 anos, após este tempo de quase 15 anos, na unidade de pesquisas em Pelotas, foi possível, os estudos apresentassem as seguintes cultivares :
– BRS Ana: para fritura, ideal no processamento de palitos e batata palha; razoável em cozimento, para elaboração de purê e outros pratos afins.
– BRS Clara: para cozimento, elaboração de salada e outros pratos afins.
– BRS Eliza: para cozimento, elaboração de purê e pratos afins.
– BRSIPR Bel: para processamento de “chips” e batata palha, e palitos curtos.
– Baronesa: uso múltiplo, com melhor aptidão ao cozimento, para elaboração de salada e outros pratos afins.
– Macaca: para cozimento, elaboração especialmente de purê.
– Cristal: para uso múltiplo, com aptidão à fritura na forma de palitos e cozimento para elaboração de salada, purê e pratos afins.
– Asterix: para fritura.
– Catucha: para fritura.
As novidades do Workshop
Através da discussão entre atores da cadeia produtiva da batata no Workshop, além das principais demandas levantadas como necessidades a serem atendidas pela pesquisa, foi apresentado como resultado a ideia de realização desse evento anual, mas com a realização prévia de seminários regionais por regiões produtoras no país, além de lançamento de novas variedades. “Estamos nos dedicando a atender uma das demandas do setor que é por clones coloridos, os quais teremos possibilidade de lançamento como cultivar até 2020”, adiantou a analista de transferências Fernanda Azevedo.
Quanto a crise enfrentada pelo mercado da batata, o analista de inovação e negócios Antonio César Bortoletto diz: “Nós não temos ações diretas para resolver a crise de mercado da bataticultura, o que a empresa de pesquisa tem são respostas tecnológicas. É possível melhorar rendimento e outras características por meio do melhoramento genético, assim como estudos de zoneamento, por exemplo, entre outras possibilidades que possam ser geradas para o futuro”.
Um forma de mostrar o quê e como a pesquisa agropecuária tem colaborado com a cadeia produtiva da batata é realizado anualmente o evento: Workshop da Batata, uma atividade conjunta entre instituições públicas e privadas. Depois de oito anos, o evento organizado pela Associação da Batata Brasileira (ABBA), tradicionalmente sediado em regiões produtoras da cultura no país, a atividade se realizou pela primeira vez nas dependêncais da Embrapa, na unidade de pesquisas em Pelotas, no Rio Grande do Sul, durante os dias 15 a 17 de maio. A reunião foi marcada por conhecimento de infraestrutura e pessoal envolvido nos projetos de pesquisa, demandas dos atores inseridos na cadeia produtiva e a apresentação de respostas tecnológicas, assim como possíveis variedades oriundas de melhoramento genético, desenvolvidas durante o último ano (2017/2018) para a cultura.
A Embrapa, através das unidades de pesquisa Embrapa Clima Temperado (Pelotas,RS) e Embrapa Hortaliças (Brasília,DF), com o Escritório de Negócios (Canoinhas,SC) ligado a Secretaria de Inovação e Negócios da Embrapa Sede (Brasília,DF) está trabalhando há muitos anos no desenvolvimento de materiais genéticos com potencial para se tornarem cultivares de acesso ao mercado, assim como possibilitar o atendimento de demandas, através de outros serviços, para o desenvolvimento da cadeia produtiva da batata.
O que foi apresentado pela Embrapa
As duas unidades de pesquisa, tanto a de Pelotas quanto a de Brasília – esta com representantes sediados no Escritório de Negócios em Canoinhas – apresentaram o andamento das atividades de pesquisa conduzidas pela Empresa. A unidade de Pelotas é a líder nacional do projeto com a cultura, possuindo um Banco de Germoplasma (BAG) com centenas de acessos genéticos em batata. A Embrapa Clima Temperado, num período de 10 anos, lançou ao mercado cerca de nove cultivares de batata para diferentes aptidões de mercado consumidor (uso fresco ou processada). O projeto Melhoramento genético de batata para ecossistemas tropicais e subtropicais do Brasil, com a liderança do pesquisador Arione da Silva Pereira e execução até 2020, quer aumentar a competitividade e a sustentabilidade da cadeia de valor da batata, por meio do desenvolvimento de novas cultivares para mercado fresco e processamento industrial. Por isso, a unidade de pesquisas de Pelotas possui uma infraestrutura considerada completa para o desenvolvimento de pesquisas em batata no país.
Durante este encontro, os participantes percorreram todas as etapas para o desenvolvimento da pesquisa com a cultura. A analista de transferência de tecnologia Fernanda Azevedo explicou todas as atividades que são desenvolvidas em cada uma dessas etapas: casas de vegetação(cruzamentos S. tuberosum e parentes silvestres; cultivo de clones para extração de meristemas; banco de sementes botânicas); plataforma de fenotipagem(estudos de estresses abióticos p/adaptação de clones a temperatura supra-ótima); laboratório de cultura de tecidos (isolamento de meristemas-limpeza clonal; micropropagação/multiplicação de clones; conservação in vitro); laboratório de fitopatologia (coleção de Phytophthora infestanse de nematoides); laboratório de biologia molecular (caracterização molecular de clones/cultivares; seleção molecular para resistência a viroses-PVY; identificação molecular de genitores); laboratório de imunologia e microscopia (indexação para viroses), seedlings (produção de populações híbridas-minis); hidroponia (produção de minitubérculos após limpeza clonal; multiplicação de semente para ensaios); banco de germoplasma (coleção de cultivares, clones e parentes silvestres como fontes de genes e genitores); reação ao déficit hídrico (avaliação da reação ao déficit hídrico); câmaras de armazenamento (capacidade de armazenagem de novos clones e cultivares); núcleo de alimentos (caracterização funcional de clones de batata e análise sensoria) e área de processamento de hortaliças (avaliação de características físico-química e processamento de clones).
Foi feita também a apresentação da atuação do Escritório de Negócios de Canoinhas nos projetos de pesquisa, além de mostrar os resultados dos clones avançados que estão em áreas experimentais junto a produtores parceiros. Foi levantado quais os materiais que estão em testes nas diferentes regiões, quais são os melhores e quais as cultivares atuais que estão tendo aceitação no mercado, pois o Escritório faz o plano de negócios para cada produto da Embrapa e realiza os contratos de licenciamento desses materiais, como também, fazem uma inspeção aos licenciados para acompanhar o comportamento dessas cultivares junto aos agricultores e como tem se mantido a qualidade deste produtos.
“Foi a primeira vez que os dirigentes da Associação da Batata Brasileira (ABBA) conheceram a estrutura da Embrapa. E em Pelotas, se tem uma estrutura muito bem formada, de laboratórios, de pessoal, bem treinados, e a Chefia se envolve e apóia. É a melhor estrutura para pesquisa em batata que se tem no país”, disse o pesquisador Giovani Olegário da Silva.
Já o analista de inovação e negócios Antonio Cesar Bortoletto disse que foi um momento proveitoso pelo fato da presença dos principais atores da cadeia produtiva da cultura com destaque para participação do industrial no ramo da batata processada frita. “Nós apresentamos de 10 a 12 clones que estão sendo validados no país, com diferentes finalidades, mas boa parte é destinada a esta parcela de mercado de batata frita processada, visto que é o mercado que tem respondido muito bem, e a pesquisa tem apresentado materiais que se destinam a este fim”, analisou Bortoletto.
As demandas
Todos os anos, neste Workshop são levantadas demandas dos atores da cadeia produtiva da batata. Nesta edição, não foi diferente. O pesquisador Giovane Olegário da Silva disse que o evento facilita o conhecimento pelos pesquisadores dos reais problemas da cadeia produtiva e podem ser feitos ajustes. “Temos claro que não vamos resolver tudo. São demandas abrangentes e em grande quantidade, mas muitas podem ser resolvidas no melhoramento. Podemos ter um material, apenas com uma mudança no seu manejo, como por exemplo utilizar diferentes materiais expostos a determinadas temperaturas, que agreguem maior rusticidade, ou ainda, usar produtos pra interferir no processo de brotação, entre outras alternativas”, explica Olegário.
Para o presidente da Associação Brasileira da Batata (ABBA), Natalino Shimoyama, a reunião é o ponto de partida para se fazer alianças público-privadas, as quais já são desenvolvidas entre as instituições participantes do Workshop. Ele fala ainda que é indiscutível o envolvimento das unidades da Embrapa e do Escritório de Negócios na condução desse trabalho. “Sem a pesquisa ficaríamos órfãos e as consequências seriam catastróficas”, diz Shimoyama.
O gerente adjunto de Integração de Processos, Produtos e Mercados da Gerência de Inovação e Negócios (SIN), Márcio Guimarães Cota, deixou aos participantes do Workshop uma mensagem da Empresa em estabelecer relações formais para conjugar esforços ao desenvolvimento da cadeia da batata. “Ficou muito claro o interesse comum para potencializar a busca de soluções tecnológicas para o setor produtivo”, disse Cota.
Segundo a analista de transferência de tecnologia Fernanda Azevedo os pontos mais importantes, levantados como demandas a serem atendidas pela pesquisa, foram quanto as questões de capacidade de adaptação climática de cultivares; multiplicação de sementes; zoneamento das regiões mais propícias para o cultivo; armazenamento da batata; e apresentação dos compostos funcionais dos materiais resultantes da pesquisa, apresentados ao mercado.
A avaliação do Workshop
Foi o primeiro Workshop realizado na região sul do país. O pesquisador Elcio Hirano, avaliou uma melhoria no evento quanto a relação institucional. “Em outras edições era o pesquisador que ia até o local do evento, organizado pela ABBA . Desta vez, a cadeia da batata é que veio até a Embrapa. Eles não tinham ideia de como era o funcionamento e a capacidade de trabalho da Empresa. As instituições no entorno de São Paulo, onde fica a sede da Associação é que eram usualmente mais conhecidas”, observou o pesquisador.
Um dos participantes neste Workshop foi João Emílio Rocheto, de Minas Gerais, um dos maiores industriais no país no processamento de batatas.
A produção de batata no país
Uma das contribuições, entre tantas, feita pela ABBA foi atualizar o grupo participante sobre os dados de produção da hortaliça no país. Segundo Natalino Shimoyama atualmente se encontra cerca de 100 mil hectares de área de produção da cultura da batata, em sete estados brasileiros:
Bahia- 4 a 6 mil ha
Goiás- 7 a 8 mil ha
Minas Gerais- 25 a 30 mil ha
São Paulo- 18 a 20 mil ha
Paraná- 15 a 20 mil ha
Santa Catarina – 4 a 5 mil ha
Rio Grande do Sul – 7 a 10 mil ha – concentrado na região de São Francisco de Paula, na serra gaúcha como Carlos Barbosa, Silveira Martins, e uma pequena parcela na região de Pelotas (cerca de 400 ha)
O que se tem de cultivares
Ao longo de mais de uma década, a Embrapa se dedica a desenvolver clones e lançar cultivares de batata para o mercado ‘in natura’ com qualidade culinária e também cultivares para o processamento industrial com qualidade de fritura, identificando caracteres agronômicos desejáveis e adaptação a região de cultivo.
Para o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, em Pelotas, Jair Nachtigal, a Empresa chega a um tempo de colher os resultados de quase 15 anos de pesquisa, através das novas cultivares. “As pessoas pensam que uma mesma batata serve para fazer vários usos como elaboração de saladas, purês ou fritas. Mas, não é assim que acontece. E o melhoramento genético de batata na Embrapa, em parceria com outras instituições, mostra e dispõe opções de cultivares de batata, cada uma, para diferentes usos”, explica Nachtigal.
E não é uma tarefa fácil para pesquisa, pois conforme, a Chefia de Pesquisa e Desenvolvimento é preciso aliar o que o produtor precisa e o que o produtor quer. Como os materiais são diferentes em sua composição, a pesquisa necessita encontrar clones, que serão futuras cultivares, que atendam as características exigidas pelo seu público-alvo.
Um processo de melhoramento genético ideal se desenvolve ao longo de 20 anos, após este tempo de quase 15 anos, na unidade de pesquisas em Pelotas, foi possível, os estudos apresentassem as seguintes cultivares :
– BRS Ana: para fritura, ideal no processamento de palitos e batata palha; razoável em cozimento, para elaboração de purê e outros pratos afins.
– BRS Clara: para cozimento, elaboração de salada e outros pratos afins.
– BRS Eliza: para cozimento, elaboração de purê e pratos afins.
– BRSIPR Bel: para processamento de “chips” e batata palha, e palitos curtos.
– Baronesa: uso múltiplo, com melhor aptidão ao cozimento, para elaboração de salada e outros pratos afins.
– Macaca: para cozimento, elaboração especialmente de purê.
– Cristal: para uso múltiplo, com aptidão à fritura na forma de palitos e cozimento para elaboração de salada, purê e pratos afins.
– Asterix: para fritura.
– Catucha: para fritura.
As novidades do Workshop
Através da discussão entre atores da cadeia produtiva da batata no Workshop, além das principais demandas levantadas como necessidades a serem atendidas pela pesquisa, foi apresentado como resultado a ideia de realização desse evento anual, mas com a realização prévia de seminários regionais por regiões produtoras no país, além de lançamento de novas variedades. “Estamos nos dedicando a atender uma das demandas do setor que é por clones coloridos, os quais teremos possibilidade de lançamento como cultivar até 2020”, adiantou a analista de transferências Fernanda Azevedo.
Quanto a crise enfrentada pelo mercado da batata, o analista de inovação e negócios Antonio César Bortoletto diz: “Nós não temos ações diretas para resolver a crise de mercado da bataticultura, o que a empresa de pesquisa tem são respostas tecnológicas. É possível melhorar rendimento e outras características por meio do melhoramento genético, assim como estudos de zoneamento, por exemplo, entre outras possibilidades que possam ser geradas para o futuro”.