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Especialistas defendem atividade florestal como aliada da sustentabilidade

Pesquisas contribuem para avanços no manejo das florestas, na formulação de políticas públicas e em soluções para ganhar escala com o plantio de espécies nativas  

O primeiro painel do evento “Tendências para a pesquisa florestal: caminhos trilhados e perspectivas” teve como tema “Florestas e meio ambiente”. Importante protagonista do desenvolvimento econômico do país, o setor florestal tem despontado também como um dos responsáveis por serviços ambientais da mais alta relevância para a conservação da biodiversidade e para a mitigação do impacto das mudanças climáticas, na visão de especialistas. 

Para a bióloga da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Fernanda Góss Braga, quando se trata da relação entre áreas de plantios florestais, quando manejados de forma sustentável, e as espécies animais, a atividade florestal tem uma grande vantagem comparada a outros sistemas produtivos, no que diz respeito à conservação do solo, da água e, também, da biodiversidade.

Outro aspecto evidenciado pela bióloga é a contribuição das florestas plantadas para criar ambientes favoráveis à manutenção da fauna, inclusive, de espécies ameaçadas. Ela explica que muitas dessas florestas, além de servirem de habitat, acabam servindo de conexão entre fragmentos de áreas nativas, permitindo que algumas espécies de primatas e felinos, por exemplo, possam transitar entre esses remanescentes. As áreas de plantios florestais próximas a florestas nativas, segundo Fernanda, também funcionam como um “tampão” para o efeito de borda, pois aumentam o núcleo natural, dando suporte para espécies mais sensíveis.

Por conta desses fatores, a bióloga entende que a atividade florestal tem muito a contribuir com a biodiversidade brasileira. “Acho que o setor florestal pode ser, sim, um parceiro muito importante para a conservação da fauna, trabalhando em conjunto, em uma relação fortalecida, para que a gente possa ter a produção e, também, a conservação das nossas espécies.”

Atentas à contribuição do setor para a conservação da biodiversidade, o presidente do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (CIPEM), Rafael Mason, lembra que as empresas dessa região buscam novos modelos de manejo florestal sustentável, que sejam mais dinâmicos e atendam as especificidades desse tipo de produção e peculiaridades de cada região do país.

De acordo com Mason, alguns avanços nesse sentido já foram possíveis a partir do trabalho que vem sendo realizado pela Embrapa Florestas, desde 2012, na região de Sinop/MT. O levantamento dos dados florestais de Mato Grosso revelou alguns aspectos importantes para subsidiar a formatação de novas políticas públicas para o manejo sustentável de florestas naturais. Os produtores querem dispor de informações científicas que embasem modelos de manejo florestal sustentável adequados aos ciclos de corte ideais para otimizar a produção, reduzir custos e garantir a sustentabilidade da floresta

O Mato Grosso tem 3,2 milhões de hectares de florestas naturais manejadas, em áreas privadas, e a intenção é chegar a 6 milhões de hectares até 2030, informou Mason. O setor, segundo ele, ocupa a quarta posição no PIB do Estado. “Temos como chegar à terceira ou segunda posição da economia, se as políticas públicas forem realmente voltadas para florestas nativas e com manejo sustentável”, defendeu.

Plantio de espécies nativas
Com a missão de contribuir para o desenvolvimento sustentável e garantir a conservação das florestas, as empresas também pesquisam soluções que permitam ganhar escala no plantio de espécies nativas. Esse é o desafio que a WRI Brasil quer transpor com o Projeto Verena – Valorização Econômica com Espécies Nativas & Sistemas Agroflorestais. A iniciativa tem a parceria da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) e é financiada pela CIFF (Children’s Investment Fund Foundation).

Calmon falou da importância da pesquisa realizada pela Embrapa, citando como exemplo os trabalhos de silvicultura de nativas e sistemas agroflorestais, pois é esse trabalho que dá suporte técnico para qualquer projeto de plantio florestal com nativas. 

No trabalho, iniciado em 2016, foram mapeadas mais de 30 potenciais áreas de reflorestamento com espécies nativas e sistemas agroflorestais, das quais 12 foram selecionadas para um estudo mais aprofundado e para a definição de uma modelagem econômica. Uma das principais constatações, segundo Calmon, foi que a taxa de retorno, em comparação aos ativos tradicionais – tanto de eucalipto como de pinus ou de monocultura – é praticamente igual. “Nosso desafio é como antecipar esse retorno para poder realmente diminuir a exposição de caixa – considerando que, no plantio de mais longo prazo, o investimento é muito mais alto – para poder dar escala a esses projetos”, reforçou o consultor sênior do Programa de Florestas do WRI Brasil, Miguel Calmon, que também defendeu o aumento na produtividade, com apoio da Embrapa, para viabilizar essa “nova economia florestal”.

Mudanças climáticas
Quanto à questão das mudanças climáticas, a preocupação quanto à elevação da temperatura, por conta do aumento na emissão de gases de efeito estufa (GEE), que já é eminente em relação à produção de alimentos, tem se estendido ao plantio de florestas, pois até agora, segundo o pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária, Eduardo Assad, pouco se sabe sobre como isso afetaria o comportamento fisiológico das plantas.

Para Assad, essa preocupação ganha mais importância ao se considerar, por exemplo, que a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), para onde se discute a expansão da fronteira agrícola é, justamente, uma das áreas apontadas como críticas, pois se estima uma deficiência hídrica acima de 200 milímetros por ano. Isso afetaria a produção de espécies como o eucalipto. “Temos que começar a pensar em outras opções. Com a tendência de aquecimento, a deficiência hídrica vai ficar cada vez maior e será cada vez mais difícil plantar nessa região”, alertou.

As investigações sobre os efeitos da elevação da temperatura nas atividades agrícolas e florestais, segundo Assad, já vêm sendo intensificadas. Outro foco é a recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs) hídricas, que deverão ser reflorestadas com espécies nativas. Projeto realizado pela Embrapa, junto com o Ministério do Meio Ambiente e outras instituições parceiras, resultou no mapeamento do passivo ambiental do Cerrado e da Mata Atlântica, em 1.154 municípios. Mostrou, ainda, o sistema  WebAmbiente, no qual estão descritos procedimentos e estratégias de recomposição ambiental.

Assad falou ainda sobre a criação de um sistema para cálculo de emissões de GEE – o GHG Florestal-, desenvolvido em parceria com o World Resources Institute – WRI Brasil. A ideia é ter uma ferramenta para calcular as emissões e a captura de carbono por florestas plantadas e sistemas agroflorestais. “Isso vai nos ajudar a calcular o impacto do setor nas metas de redução de emissões do Brasil e ajudar, quem sabe um dia, a esfriar o planeta. Que a floresta tem um papel muito grande nisso, eu não tenho a menor dúvida”, enfatizou.

Participaram do evento empresários e dirigentes do setor de base florestal, representantes de empresas públicas ligadas à questão florestal, associações, universidades, políticos, pesquisadores, empregados e aposentados da Unidade.

A realização do evento contou com o apoio da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), Arauco, Berneck, Klabin, Interact Comunicação e Assessoria de Imprensa, Águia Florestal, RMS, Valor Florestal, Reflorestadora São Miguel, Remasa, Chopim Empreendimentos Florestais e Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná. 

Pesquisas contribuem para avanços no manejo das florestas, na formulação de políticas públicas e em soluções para ganhar escala com o plantio de espécies nativas  

O primeiro painel do evento “Tendências para a pesquisa florestal: caminhos trilhados e perspectivas” teve como tema “Florestas e meio ambiente”. Importante protagonista do desenvolvimento econômico do país, o setor florestal tem despontado também como um dos responsáveis por serviços ambientais da mais alta relevância para a conservação da biodiversidade e para a mitigação do impacto das mudanças climáticas, na visão de especialistas. 

Para a bióloga da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Fernanda Góss Braga, quando se trata da relação entre áreas de plantios florestais, quando manejados de forma sustentável, e as espécies animais, a atividade florestal tem uma grande vantagem comparada a outros sistemas produtivos, no que diz respeito à conservação do solo, da água e, também, da biodiversidade.

Outro aspecto evidenciado pela bióloga é a contribuição das florestas plantadas para criar ambientes favoráveis à manutenção da fauna, inclusive, de espécies ameaçadas. Ela explica que muitas dessas florestas, além de servirem de habitat, acabam servindo de conexão entre fragmentos de áreas nativas, permitindo que algumas espécies de primatas e felinos, por exemplo, possam transitar entre esses remanescentes. As áreas de plantios florestais próximas a florestas nativas, segundo Fernanda, também funcionam como um “tampão” para o efeito de borda, pois aumentam o núcleo natural, dando suporte para espécies mais sensíveis.

Por conta desses fatores, a bióloga entende que a atividade florestal tem muito a contribuir com a biodiversidade brasileira. “Acho que o setor florestal pode ser, sim, um parceiro muito importante para a conservação da fauna, trabalhando em conjunto, em uma relação fortalecida, para que a gente possa ter a produção e, também, a conservação das nossas espécies.”

Atentas à contribuição do setor para a conservação da biodiversidade, o presidente do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (CIPEM), Rafael Mason, lembra que as empresas dessa região buscam novos modelos de manejo florestal sustentável, que sejam mais dinâmicos e atendam as especificidades desse tipo de produção e peculiaridades de cada região do país.

De acordo com Mason, alguns avanços nesse sentido já foram possíveis a partir do trabalho que vem sendo realizado pela Embrapa Florestas, desde 2012, na região de Sinop/MT. O levantamento dos dados florestais de Mato Grosso revelou alguns aspectos importantes para subsidiar a formatação de novas políticas públicas para o manejo sustentável de florestas naturais. Os produtores querem dispor de informações científicas que embasem modelos de manejo florestal sustentável adequados aos ciclos de corte ideais para otimizar a produção, reduzir custos e garantir a sustentabilidade da floresta

O Mato Grosso tem 3,2 milhões de hectares de florestas naturais manejadas, em áreas privadas, e a intenção é chegar a 6 milhões de hectares até 2030, informou Mason. O setor, segundo ele, ocupa a quarta posição no PIB do Estado. “Temos como chegar à terceira ou segunda posição da economia, se as políticas públicas forem realmente voltadas para florestas nativas e com manejo sustentável”, defendeu.

Plantio de espécies nativas
Com a missão de contribuir para o desenvolvimento sustentável e garantir a conservação das florestas, as empresas também pesquisam soluções que permitam ganhar escala no plantio de espécies nativas. Esse é o desafio que a WRI Brasil quer transpor com o Projeto Verena – Valorização Econômica com Espécies Nativas & Sistemas Agroflorestais. A iniciativa tem a parceria da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) e é financiada pela CIFF (Children’s Investment Fund Foundation).

Calmon falou da importância da pesquisa realizada pela Embrapa, citando como exemplo os trabalhos de silvicultura de nativas e sistemas agroflorestais, pois é esse trabalho que dá suporte técnico para qualquer projeto de plantio florestal com nativas. 

No trabalho, iniciado em 2016, foram mapeadas mais de 30 potenciais áreas de reflorestamento com espécies nativas e sistemas agroflorestais, das quais 12 foram selecionadas para um estudo mais aprofundado e para a definição de uma modelagem econômica. Uma das principais constatações, segundo Calmon, foi que a taxa de retorno, em comparação aos ativos tradicionais – tanto de eucalipto como de pinus ou de monocultura – é praticamente igual. “Nosso desafio é como antecipar esse retorno para poder realmente diminuir a exposição de caixa – considerando que, no plantio de mais longo prazo, o investimento é muito mais alto – para poder dar escala a esses projetos”, reforçou o consultor sênior do Programa de Florestas do WRI Brasil, Miguel Calmon, que também defendeu o aumento na produtividade, com apoio da Embrapa, para viabilizar essa “nova economia florestal”.

Mudanças climáticas
Quanto à questão das mudanças climáticas, a preocupação quanto à elevação da temperatura, por conta do aumento na emissão de gases de efeito estufa (GEE), que já é eminente em relação à produção de alimentos, tem se estendido ao plantio de florestas, pois até agora, segundo o pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária, Eduardo Assad, pouco se sabe sobre como isso afetaria o comportamento fisiológico das plantas.

Para Assad, essa preocupação ganha mais importância ao se considerar, por exemplo, que a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), para onde se discute a expansão da fronteira agrícola é, justamente, uma das áreas apontadas como críticas, pois se estima uma deficiência hídrica acima de 200 milímetros por ano. Isso afetaria a produção de espécies como o eucalipto. “Temos que começar a pensar em outras opções. Com a tendência de aquecimento, a deficiência hídrica vai ficar cada vez maior e será cada vez mais difícil plantar nessa região”, alertou.

As investigações sobre os efeitos da elevação da temperatura nas atividades agrícolas e florestais, segundo Assad, já vêm sendo intensificadas. Outro foco é a recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs) hídricas, que deverão ser reflorestadas com espécies nativas. Projeto realizado pela Embrapa, junto com o Ministério do Meio Ambiente e outras instituições parceiras, resultou no mapeamento do passivo ambiental do Cerrado e da Mata Atlântica, em 1.154 municípios. Mostrou, ainda, o sistema  WebAmbiente, no qual estão descritos procedimentos e estratégias de recomposição ambiental.

Assad falou ainda sobre a criação de um sistema para cálculo de emissões de GEE – o GHG Florestal-, desenvolvido em parceria com o World Resources Institute – WRI Brasil. A ideia é ter uma ferramenta para calcular as emissões e a captura de carbono por florestas plantadas e sistemas agroflorestais. “Isso vai nos ajudar a calcular o impacto do setor nas metas de redução de emissões do Brasil e ajudar, quem sabe um dia, a esfriar o planeta. Que a floresta tem um papel muito grande nisso, eu não tenho a menor dúvida”, enfatizou.

Participaram do evento empresários e dirigentes do setor de base florestal, representantes de empresas públicas ligadas à questão florestal, associações, universidades, políticos, pesquisadores, empregados e aposentados da Unidade.

A realização do evento contou com o apoio da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), Arauco, Berneck, Klabin, Interact Comunicação e Assessoria de Imprensa, Águia Florestal, RMS, Valor Florestal, Reflorestadora São Miguel, Remasa, Chopim Empreendimentos Florestais e Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná. 

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