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Equipe realiza diagnóstico da segunda safra em Mato Grosso

Um início de ano favorável em relação às condições climáticas, em que a maioria das lavouras de milho foi semeada dentro da janela ideal de plantio. Esse é o cenário do milho segunda safra nas principais regiões produtoras de Mato Grosso, estado que responde pela maior produção do cereal no País. Na última semana de abril, sete equipes compostas por profissionais da Embrapa e da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso) percorreram mais de 6.500 quilômetros em 36 municípios, sendo que 219 propriedades foram visitadas.

A expectativa dos pesquisadores participantes do Circuito Tecnológico – Etapa Milho, evento em sua quinta edição, é que a produtividade média seja superior a 110 sacas por hectare em algumas lavouras. “O bom rendimento associado à alta expectativa de preço torna o cenário favorável”, resume Alexandre Ferreira da Silva, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG). “É claro que temos que acompanhar as lavouras até a colheita, mas podemos dizer que a produção da segunda safra está bem encaminhada”, complementa o pesquisador Roberto Trindade, também da Embrapa Milho e Sorgo.

O estado foi dividido em quatro regiões, e a metodologia utilizada na pesquisa foi a visita a propriedades para aplicação de questionários aos produtores, gestores ou colaboradores das propriedades, e a avaliação visual das lavouras, com atenção especial para a incidência de pragas, doenças, plantas daninhas, a cobertura do solo e o potencial produtivo. Relatórios e publicações serão gerados a partir das entrevistas com os produtores e do levantamento dos dados dos plantios. Após a redação desses documentos, a equipe apresentará soluções para os principais problemas observados. Abaixo, veja um diagnóstico da produção do milho segunda safra em Mato Grosso a partir das visitas realizadas no período entre 23 e 27 de abril.

Contexto

Segundo os pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo, a maioria das lavouras está no estádio entre V6 (estádio vegetativo intermediário, em que a planta já apresenta seis folhas desenvolvidas e tanto o ponto de crescimento quanto o pendão estão acima do nível do solo) e R5 (estádio reprodutivo em que os grãos estão em fase de transição do estado pastoso para o farináceo), sendo que a maior parte das plantações está em R1, fase de embonecamento e polinização. “Estresse ambiental, nesse período, especialmente hídrico, causa baixa polinização e baixa granação da espiga, uma vez que, sob seca, tanto os cabelos como os grãos de pólen tendem à dessecação”, explica Paulo César Magalhães, da Embrapa Milho e Sorgo.

Pragas

De uma maneira geral, as lavouras estão bem limpas, com incidências pontuais da lagarta-do-cartucho e do percevejo barriga-verde, que migra das lavouras de soja do verão para o milho safrinha, além da ocorrência de pulgões. “A presença da cigarrinha do milho (Dalbulus maidis), assim como sintomas de enfezamento, foram observados em poucas localidades, em níveis baixos de ocorrência. O enfezamento tem sido problema, principalmente, em regiões onde há o cultivo de milho durante todo o ano. Entretanto, a presença de plantas voluntárias de milho, oriundas de perdas na colheita, pode servir como fonte de inóculo, favorecendo a disseminação da doença”, explica a pesquisadora Simone Mendes. 

Doenças

A sanidade das lavouras, de maneira geral, é boa, segundo os pesquisadores. As pulverizações com fungicidas, na maioria das propriedades visitadas, são realizadas de forma preventiva. Neste ano foi constatada a média de duas aplicações. As três principais doenças observadas foram a diplodia, a cercosporiose e a mancha-branca. Também há relatos sobre a presença de nematoides na cultura principal da safra de verão, a soja, com uso comum de nematicidas.

Plantas daninhas

Um fato que chamou a atenção dos pesquisadores foi a alta infestação de plantas daninhas nos carreadores e nas margens das lavouras de milho. “O controle inadequado pode contribuir para a dispersão das sementes e, por consequência, onerar o custo de produção”, explica Alexandre Ferreira da Silva, da Embrapa Milho e Sorgo. A planta daninha com maior incidência é o capim-pé-de-galinha, com relatos de resistência a herbicidas, seguida do capim-amargoso. A soja-guaxa também foi detectada. “Os produtores devem ficar atentos, pois o controle inadequado pode contribuir para a alta pressão de ferrugem-asiática na cultura da soja semeada em sucessão”, explica Alexandre.

Palhada no solo

Boa parte das propriedades visitadas adota o sistema de Plantio Direto, mas ainda são observados problemas em relação à manutenção de palhada para a cobertura do solo. Segundo os pesquisadores, a palhada vista nas áreas de produção do milho segunda safra é constituída basicamente de restos da cultura anterior. “Por outro lado, observamos que alguns produtores adotam o consórcio milho x braquiária como estratégia para incrementar a produção de palhada”, enumera o pesquisador Alexandre Ferreira da Silva. “Ainda são necessários muitos ajustes, pois há dúvidas em relação ao plantio da braquiária. Alguns produtores sabem dos benefícios da cobertura do solo, mas acham difícil a operação de semeadura”, completa Marco Aurélio Pimentel, da Embrapa Milho e Sorgo.

Oportunidades

A estrutura fundiária do estado é composta por propriedades de grande extensão, com agricultores que migraram, em sua maioria, da região Sul do País. Algumas das propriedades visitadas possuíam áreas acima de 1.000 hectares, havendo grandes grupos em que o conjunto de propriedades sob coordenação soma mais de 10 mil hectares. “Presenciamos um processo de sucessão, no qual os filhos dos produtores vêm assumindo a gestão das propriedades com a chegada da maioridade. Isso garante a continuidade da produção agrícola na região, e esses novos produtores podem se tornar parceiros em ações de pesquisa participativa e no uso de inovações”, interpreta Roberto Trindade.

De acordo com o último boletim de safra divulgado na quinta-feira, 10 de maio, pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a produtividade média em Mato Grosso está estimada em 5.928 kg/ha em uma área semeada de 4.471,2 mil hectares. Ainda segundo a Conab, “o clima tem favorecido a cultura como um todo. Os primeiros talhões começam a ser colhidos na segunda quinzena de maio, com a maior concentração dos trabalhos de campo entre junho e julho”. 

O Circuito Tecnológico – Etapa Milho é realizado anualmente pela Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso) e pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), com apoio do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). O patrocínio é da Bayer. Abaixo, conheça os participantes da Embrapa, além de suas respectivas especialidades.

Embrapa Milho e Sorgo
Alexandre Ferreira da Silva – Pesquisador da área de Manejo de Plantas Daninhas
Ivênio Rubens de Oliveira – Pesquisador da área de Entomologia
Lauro José Moreira Guimarães – Pesquisador da área de Genética e Melhoramento
Marco Aurélio Guerra Pimentel – Pesquisador da área de Armazenamento de Grãos
Roberto dos Santos Trindade – Pesquisador da área de Genética e Melhoramento
Simone Martins Mendes – Pesquisadora da área de Entomologia

Embrapa Agrossilvipastoril
Fernanda Satie Ikeda – Pesquisadora da área de Fitotecnia
Rafael Major Pitta – Pesquisador da área de Entomologia

Um início de ano favorável em relação às condições climáticas, em que a maioria das lavouras de milho foi semeada dentro da janela ideal de plantio. Esse é o cenário do milho segunda safra nas principais regiões produtoras de Mato Grosso, estado que responde pela maior produção do cereal no País. Na última semana de abril, sete equipes compostas por profissionais da Embrapa e da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso) percorreram mais de 6.500 quilômetros em 36 municípios, sendo que 219 propriedades foram visitadas.

A expectativa dos pesquisadores participantes do Circuito Tecnológico – Etapa Milho, evento em sua quinta edição, é que a produtividade média seja superior a 110 sacas por hectare em algumas lavouras. “O bom rendimento associado à alta expectativa de preço torna o cenário favorável”, resume Alexandre Ferreira da Silva, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG). “É claro que temos que acompanhar as lavouras até a colheita, mas podemos dizer que a produção da segunda safra está bem encaminhada”, complementa o pesquisador Roberto Trindade, também da Embrapa Milho e Sorgo.

O estado foi dividido em quatro regiões, e a metodologia utilizada na pesquisa foi a visita a propriedades para aplicação de questionários aos produtores, gestores ou colaboradores das propriedades, e a avaliação visual das lavouras, com atenção especial para a incidência de pragas, doenças, plantas daninhas, a cobertura do solo e o potencial produtivo. Relatórios e publicações serão gerados a partir das entrevistas com os produtores e do levantamento dos dados dos plantios. Após a redação desses documentos, a equipe apresentará soluções para os principais problemas observados. Abaixo, veja um diagnóstico da produção do milho segunda safra em Mato Grosso a partir das visitas realizadas no período entre 23 e 27 de abril.

Contexto

Segundo os pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo, a maioria das lavouras está no estádio entre V6 (estádio vegetativo intermediário, em que a planta já apresenta seis folhas desenvolvidas e tanto o ponto de crescimento quanto o pendão estão acima do nível do solo) e R5 (estádio reprodutivo em que os grãos estão em fase de transição do estado pastoso para o farináceo), sendo que a maior parte das plantações está em R1, fase de embonecamento e polinização. “Estresse ambiental, nesse período, especialmente hídrico, causa baixa polinização e baixa granação da espiga, uma vez que, sob seca, tanto os cabelos como os grãos de pólen tendem à dessecação”, explica Paulo César Magalhães, da Embrapa Milho e Sorgo.

Pragas

De uma maneira geral, as lavouras estão bem limpas, com incidências pontuais da lagarta-do-cartucho e do percevejo barriga-verde, que migra das lavouras de soja do verão para o milho safrinha, além da ocorrência de pulgões. “A presença da cigarrinha do milho (Dalbulus maidis), assim como sintomas de enfezamento, foram observados em poucas localidades, em níveis baixos de ocorrência. O enfezamento tem sido problema, principalmente, em regiões onde há o cultivo de milho durante todo o ano. Entretanto, a presença de plantas voluntárias de milho, oriundas de perdas na colheita, pode servir como fonte de inóculo, favorecendo a disseminação da doença”, explica a pesquisadora Simone Mendes. 

Doenças

A sanidade das lavouras, de maneira geral, é boa, segundo os pesquisadores. As pulverizações com fungicidas, na maioria das propriedades visitadas, são realizadas de forma preventiva. Neste ano foi constatada a média de duas aplicações. As três principais doenças observadas foram a diplodia, a cercosporiose e a mancha-branca. Também há relatos sobre a presença de nematoides na cultura principal da safra de verão, a soja, com uso comum de nematicidas.

Plantas daninhas

Um fato que chamou a atenção dos pesquisadores foi a alta infestação de plantas daninhas nos carreadores e nas margens das lavouras de milho. “O controle inadequado pode contribuir para a dispersão das sementes e, por consequência, onerar o custo de produção”, explica Alexandre Ferreira da Silva, da Embrapa Milho e Sorgo. A planta daninha com maior incidência é o capim-pé-de-galinha, com relatos de resistência a herbicidas, seguida do capim-amargoso. A soja-guaxa também foi detectada. “Os produtores devem ficar atentos, pois o controle inadequado pode contribuir para a alta pressão de ferrugem-asiática na cultura da soja semeada em sucessão”, explica Alexandre.

Palhada no solo

Boa parte das propriedades visitadas adota o sistema de Plantio Direto, mas ainda são observados problemas em relação à manutenção de palhada para a cobertura do solo. Segundo os pesquisadores, a palhada vista nas áreas de produção do milho segunda safra é constituída basicamente de restos da cultura anterior. “Por outro lado, observamos que alguns produtores adotam o consórcio milho x braquiária como estratégia para incrementar a produção de palhada”, enumera o pesquisador Alexandre Ferreira da Silva. “Ainda são necessários muitos ajustes, pois há dúvidas em relação ao plantio da braquiária. Alguns produtores sabem dos benefícios da cobertura do solo, mas acham difícil a operação de semeadura”, completa Marco Aurélio Pimentel, da Embrapa Milho e Sorgo.

Oportunidades

A estrutura fundiária do estado é composta por propriedades de grande extensão, com agricultores que migraram, em sua maioria, da região Sul do País. Algumas das propriedades visitadas possuíam áreas acima de 1.000 hectares, havendo grandes grupos em que o conjunto de propriedades sob coordenação soma mais de 10 mil hectares. “Presenciamos um processo de sucessão, no qual os filhos dos produtores vêm assumindo a gestão das propriedades com a chegada da maioridade. Isso garante a continuidade da produção agrícola na região, e esses novos produtores podem se tornar parceiros em ações de pesquisa participativa e no uso de inovações”, interpreta Roberto Trindade.

De acordo com o último boletim de safra divulgado na quinta-feira, 10 de maio, pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a produtividade média em Mato Grosso está estimada em 5.928 kg/ha em uma área semeada de 4.471,2 mil hectares. Ainda segundo a Conab, “o clima tem favorecido a cultura como um todo. Os primeiros talhões começam a ser colhidos na segunda quinzena de maio, com a maior concentração dos trabalhos de campo entre junho e julho”. 

O Circuito Tecnológico – Etapa Milho é realizado anualmente pela Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso) e pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), com apoio do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). O patrocínio é da Bayer. Abaixo, conheça os participantes da Embrapa, além de suas respectivas especialidades.

Embrapa Milho e Sorgo
Alexandre Ferreira da Silva – Pesquisador da área de Manejo de Plantas Daninhas
Ivênio Rubens de Oliveira – Pesquisador da área de Entomologia
Lauro José Moreira Guimarães – Pesquisador da área de Genética e Melhoramento
Marco Aurélio Guerra Pimentel – Pesquisador da área de Armazenamento de Grãos
Roberto dos Santos Trindade – Pesquisador da área de Genética e Melhoramento
Simone Martins Mendes – Pesquisadora da área de Entomologia

Embrapa Agrossilvipastoril
Fernanda Satie Ikeda – Pesquisadora da área de Fitotecnia
Rafael Major Pitta – Pesquisador da área de Entomologia

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