O Chefe-Geral da Embrapa Trigo, Osvaldo Vasconcellos Vieira, e o analista de Transferência de Tecnologia, Adão Acosta, realizaram uma série de visitas ao setor produtivo de grãos no Paraná, na semana de 19 a 23 de março, com o objetivo de conhecer as políticas das cooperativas para safra de trigo, discutir parcerias e levantar demandas para a pesquisa.
Na Região Sul-brasileira, os cereais de inverno vêm apresentando, nos últimos anos, repetidas quebras de produção em decorrência do clima adverso. Escassez de chuvas durante o plantio e início do período vegetativo das lavouras, geadas fora de época e excesso de chuvas no final do ciclo têm sido ocorrências frequentes no Paraná, trazendo sérios prejuízos aos produtores. Além disso, os preços do trigo não atraem os triticultores, que têm reduzido a área plantada com o cereal.
Em comparação com 2016, a redução da área de trigo no Brasil foi de 10% em 2017, com um volume de produção 37% menor, chegando aos 4,2 milhões de toneladas – o volume mais baixo dos últimos 10 anos (fontes IBGE e CONAB). No Paraná, segundo o Deral, a colheita da safra 2017 resultou em 2,23 milhões de toneladas, 36% abaixo do ano anterior – o que implicou na redução de 1,25 milhão de toneladas. A área reduziu em 10% (CONAB), chegando aos 960 mil hectares.
Em 2018, o atraso na colheita da soja em muitas regiões do Paraná inviabilizou a semeadura do milho safrinha, abrindo mais espaço para a implantação dos cultivos de inverno. Segundo a CONAB, a redução no milho safrinha chegou a 300 mil hectares. Entre as opções de inverno mais tradicionais no cultivo estão o trigo, a cevada, a canola e a aveia.
A expectativa do Diretor-Executivo da Associação dos Produtores de Sementes e Mudas do Paraná (Apasem), Clenio Debastiani, é um possível crescimento na área de trigo no Estado: “nos últimos meses, vimos maior procura pela aveia devido ao medo dos produtores em cultivar trigo e enfrentar a pior época para a ferrugem da soja. Contudo, as sementes de aveia estão escassas e o custo quase equipara ao trigo na implantação da lavoura, mas sem a possibilidade de gerar renda no inverno. Mesmo com menor receita, o trigo paga seus custos e traz todos os benefícios da cultura ao sistema produtivo, preservando erosão, aumentando matéria orgânica do solo entre outros, além de ser comprovada a maior produtividade de soja em resteva de trigo”. Debastiani ressalta que o setor sementeiro está preparado, com cultivares indicadas e apropriadas a cada nicho produtivo, para contribuir com o aumento da produtividade do trigo brasileiro.
Durante o roteiro de visitas, realizado de 19 a 23/03, os representantes da Embrapa Trigo estiveram com os gestores das cooperativas Coopavel, C.Vale, Coamo, Cocamar e Cocari, além da Moageira Irati e a Fundação Meridional. A expectativa inicial dos parceiros visitados é totalizar cerca de 500 mil hectares de trigo, considerando somente suas respectivas áreas de abrangência. Destaca-se que não estão contabilizados nesta projeção os números de intenção de plantio das demais organizações que fomentam a cultura no Paraná.
Cenários e demandas
De acordo com o Chefe-Geral da Embrapa Trigo, Osvaldo Vieira, o objetivo dos encontros foi avaliar como a pesquisa pode ajudar a viabilizar o cultivo do trigo no Paraná, ouvindo o setor produtivo sobre dificuldades e oportunidades para o cereal: “conhecemos experiências que têm assegurado a liquidez do trigo com melhor remuneração ao produtor. Ações de segregação, que partem da melhor indicação das cultivares para os diferentes ambientes produtivos, justificam a importância das parcerias com a pesquisa na validação de genética que atenda demandas regionais”.
Na Cocamar (Maringá, PR), o trabalho em parceria com a Embrapa permitiu estruturar um programa de fomento ao trigo, desenvolvido junto com o moinho da cooperativa na segregação de cultivares com atributos industriais. Na última safra, a segregação de trigos com características branqueadoras resultou num adicional de 7% na remuneração do produtor sobre o trigo pão. Para 2018, segundo o Gerente Técnico Renato Watanabe, a estimativa é implantar 100 hectares de trigo.
Na Coamo (Campo Mourão, PR), a segregação também tem sido a principal estratégia de valorização para assegurar a área de trigo entre os cooperados. O investimento em armazenagem começou há quase uma década, e hoje conta com capacidade de guardar 6,4 milhões de toneladas de grãos. “Nosso trigo é 100% segregado. Temos o controle do tipo de trigo produzido em cada unidade, com avaliação da qualidade industrial no momento de entrega dos grãos à cooperativa”, conta o Presidente José Aroldo Gallassini. Uma rede de experimentação avalia a indicação das cultivares a serem segregadas em cada região, garantindo a uniformidade de lotes com um milhão de toneladas. Do volume total de trigo produzido em 2017, cerca de 600 mil toneladas, apenas 1/3 foi destinado ao moinho da Coamo, com a sobra abastecendo a indústria brasileira e para exportação. Segundo o Gerente do Departamento Técnico, Marcelo Sumiya, a cooperativa não tem enfrentado problemas com a liquidez dos grãos, caminho aberto por uma equipe que avalia oportunidades de comercialização antes mesmo da safra começar. Em 2018, estão previstos mais de 300 mil hectares de trigo, com garantia de preço ao produtor de R$ 40,00 a saca.
Liquidez também não foi problema para a Moageira Irati (Irati, PR), que comercializa 120 mil toneladas de trigo a cada safra. Na área de fomento são mais de 80 mil hectares de trigo em 2 mil produtores. Conforme o Diretor Marcelo Vosnika, a escolha das cultivares está atrelada aos resultados dos ensaios de validação e uso, ou seja, a seleção das cultivares começa no campo, passa pela avaliação dos grãos no laboratório de qualidade e só acaba com a industrialização, que orienta os diferentes tipos de trigo para a elaboração de alimentos. O próximo passo é ampliar os usos do trigo com investimentos também no setor de alimentação animal.
Na Coopavel (Cascavel, PR), o Presidente Dilvo Grolli aproveitou o encontro para solicitar à Embrapa um estudo sobre a produção de trigo no Oeste do Paraná na última década. O objetivo é subsidiar as estratégias de produção na região que já conta com 20 moinhos de trigo atuando no fomento à cultura. Também ficaram acertadas ações de pesquisa e transferência de tecnologias em centeio, trigo duplo propósito (forragem e grãos na agropecuária) e aveia preta.
A cooperativa Cocari (Mandaguari, PR) é referência na produção de cafés de qualidade internacional, mas já movimenta um milhão de toneladas de grãos. A cultura do trigo tem sido alternativa ao milho safrinha, especialmente nos anos de seca. O Presidente Vilmar Sebold acredita que a área de trigo deve superar os 60 mil hectares em 2018 na área da cooperativa, com destaque para a atuação em Goiás, onde o fomento de trigo chegou a 5 mil hectares na última safra. A cooperativa pretende fortalecer a atuação para trigo tropical em parceria com a Embrapa.
Ampliar horizontes também é foco da C.Vale (Palotina, PR), que chegou ao Rio Grande do Sul há três anos e já conta com 26 unidades. Segundo o Presidente Alfredo Lang, a meta da cooperativa é ampliar a área de trigo no RS e em SC, deixando áreas livres no centro-oeste e norte do Paraná para o milho safrinha. Na próxima safra, a estimativa é de 14 mil hectares de trigo no Paraná. A unidade de Cruz Alta (RS) deverá servir de base para trabalhos com pesquisas em solos e avaliação de cultivares em parceria com a Embrapa Trigo, com o objetivo de ampliar os 7 mil hectares de trigo na área da C.Vale em terreno gaúcho. O trigo de duplo propósito também está na pauta de atuação da cooperativa, cuja área experimental e demonstrativa testará a tecnologia, bem como outras cultivares de cereais de inverno.
A renovação do convênio da Embrapa com a Fundação Meridional (Londrina, PR) deverá reforçar as ações de transferência de tecnologia e marketing voltadas a promoção do trigo no Paraná. O termo foi assinado no dia 21/03, na sede da Embrapa Soja.
O Chefe-Geral da Embrapa Trigo, Osvaldo Vasconcellos Vieira, e o analista de Transferência de Tecnologia, Adão Acosta, realizaram uma série de visitas ao setor produtivo de grãos no Paraná, na semana de 19 a 23 de março, com o objetivo de conhecer as políticas das cooperativas para safra de trigo, discutir parcerias e levantar demandas para a pesquisa.
Na Região Sul-brasileira, os cereais de inverno vêm apresentando, nos últimos anos, repetidas quebras de produção em decorrência do clima adverso. Escassez de chuvas durante o plantio e início do período vegetativo das lavouras, geadas fora de época e excesso de chuvas no final do ciclo têm sido ocorrências frequentes no Paraná, trazendo sérios prejuízos aos produtores. Além disso, os preços do trigo não atraem os triticultores, que têm reduzido a área plantada com o cereal.
Em comparação com 2016, a redução da área de trigo no Brasil foi de 10% em 2017, com um volume de produção 37% menor, chegando aos 4,2 milhões de toneladas – o volume mais baixo dos últimos 10 anos (fontes IBGE e CONAB). No Paraná, segundo o Deral, a colheita da safra 2017 resultou em 2,23 milhões de toneladas, 36% abaixo do ano anterior – o que implicou na redução de 1,25 milhão de toneladas. A área reduziu em 10% (CONAB), chegando aos 960 mil hectares.
Em 2018, o atraso na colheita da soja em muitas regiões do Paraná inviabilizou a semeadura do milho safrinha, abrindo mais espaço para a implantação dos cultivos de inverno. Segundo a CONAB, a redução no milho safrinha chegou a 300 mil hectares. Entre as opções de inverno mais tradicionais no cultivo estão o trigo, a cevada, a canola e a aveia.
A expectativa do Diretor-Executivo da Associação dos Produtores de Sementes e Mudas do Paraná (Apasem), Clenio Debastiani, é um possível crescimento na área de trigo no Estado: “nos últimos meses, vimos maior procura pela aveia devido ao medo dos produtores em cultivar trigo e enfrentar a pior época para a ferrugem da soja. Contudo, as sementes de aveia estão escassas e o custo quase equipara ao trigo na implantação da lavoura, mas sem a possibilidade de gerar renda no inverno. Mesmo com menor receita, o trigo paga seus custos e traz todos os benefícios da cultura ao sistema produtivo, preservando erosão, aumentando matéria orgânica do solo entre outros, além de ser comprovada a maior produtividade de soja em resteva de trigo”. Debastiani ressalta que o setor sementeiro está preparado, com cultivares indicadas e apropriadas a cada nicho produtivo, para contribuir com o aumento da produtividade do trigo brasileiro.
Durante o roteiro de visitas, realizado de 19 a 23/03, os representantes da Embrapa Trigo estiveram com os gestores das cooperativas Coopavel, C.Vale, Coamo, Cocamar e Cocari, além da Moageira Irati e a Fundação Meridional. A expectativa inicial dos parceiros visitados é totalizar cerca de 500 mil hectares de trigo, considerando somente suas respectivas áreas de abrangência. Destaca-se que não estão contabilizados nesta projeção os números de intenção de plantio das demais organizações que fomentam a cultura no Paraná.
Cenários e demandas
De acordo com o Chefe-Geral da Embrapa Trigo, Osvaldo Vieira, o objetivo dos encontros foi avaliar como a pesquisa pode ajudar a viabilizar o cultivo do trigo no Paraná, ouvindo o setor produtivo sobre dificuldades e oportunidades para o cereal: “conhecemos experiências que têm assegurado a liquidez do trigo com melhor remuneração ao produtor. Ações de segregação, que partem da melhor indicação das cultivares para os diferentes ambientes produtivos, justificam a importância das parcerias com a pesquisa na validação de genética que atenda demandas regionais”.
Na Cocamar (Maringá, PR), o trabalho em parceria com a Embrapa permitiu estruturar um programa de fomento ao trigo, desenvolvido junto com o moinho da cooperativa na segregação de cultivares com atributos industriais. Na última safra, a segregação de trigos com características branqueadoras resultou num adicional de 7% na remuneração do produtor sobre o trigo pão. Para 2018, segundo o Gerente Técnico Renato Watanabe, a estimativa é implantar 100 hectares de trigo.
Na Coamo (Campo Mourão, PR), a segregação também tem sido a principal estratégia de valorização para assegurar a área de trigo entre os cooperados. O investimento em armazenagem começou há quase uma década, e hoje conta com capacidade de guardar 6,4 milhões de toneladas de grãos. “Nosso trigo é 100% segregado. Temos o controle do tipo de trigo produzido em cada unidade, com avaliação da qualidade industrial no momento de entrega dos grãos à cooperativa”, conta o Presidente José Aroldo Gallassini. Uma rede de experimentação avalia a indicação das cultivares a serem segregadas em cada região, garantindo a uniformidade de lotes com um milhão de toneladas. Do volume total de trigo produzido em 2017, cerca de 600 mil toneladas, apenas 1/3 foi destinado ao moinho da Coamo, com a sobra abastecendo a indústria brasileira e para exportação. Segundo o Gerente do Departamento Técnico, Marcelo Sumiya, a cooperativa não tem enfrentado problemas com a liquidez dos grãos, caminho aberto por uma equipe que avalia oportunidades de comercialização antes mesmo da safra começar. Em 2018, estão previstos mais de 300 mil hectares de trigo, com garantia de preço ao produtor de R$ 40,00 a saca.
Liquidez também não foi problema para a Moageira Irati (Irati, PR), que comercializa 120 mil toneladas de trigo a cada safra. Na área de fomento são mais de 80 mil hectares de trigo em 2 mil produtores. Conforme o Diretor Marcelo Vosnika, a escolha das cultivares está atrelada aos resultados dos ensaios de validação e uso, ou seja, a seleção das cultivares começa no campo, passa pela avaliação dos grãos no laboratório de qualidade e só acaba com a industrialização, que orienta os diferentes tipos de trigo para a elaboração de alimentos. O próximo passo é ampliar os usos do trigo com investimentos também no setor de alimentação animal.
Na Coopavel (Cascavel, PR), o Presidente Dilvo Grolli aproveitou o encontro para solicitar à Embrapa um estudo sobre a produção de trigo no Oeste do Paraná na última década. O objetivo é subsidiar as estratégias de produção na região que já conta com 20 moinhos de trigo atuando no fomento à cultura. Também ficaram acertadas ações de pesquisa e transferência de tecnologias em centeio, trigo duplo propósito (forragem e grãos na agropecuária) e aveia preta.
A cooperativa Cocari (Mandaguari, PR) é referência na produção de cafés de qualidade internacional, mas já movimenta um milhão de toneladas de grãos. A cultura do trigo tem sido alternativa ao milho safrinha, especialmente nos anos de seca. O Presidente Vilmar Sebold acredita que a área de trigo deve superar os 60 mil hectares em 2018 na área da cooperativa, com destaque para a atuação em Goiás, onde o fomento de trigo chegou a 5 mil hectares na última safra. A cooperativa pretende fortalecer a atuação para trigo tropical em parceria com a Embrapa.
Ampliar horizontes também é foco da C.Vale (Palotina, PR), que chegou ao Rio Grande do Sul há três anos e já conta com 26 unidades. Segundo o Presidente Alfredo Lang, a meta da cooperativa é ampliar a área de trigo no RS e em SC, deixando áreas livres no centro-oeste e norte do Paraná para o milho safrinha. Na próxima safra, a estimativa é de 14 mil hectares de trigo no Paraná. A unidade de Cruz Alta (RS) deverá servir de base para trabalhos com pesquisas em solos e avaliação de cultivares em parceria com a Embrapa Trigo, com o objetivo de ampliar os 7 mil hectares de trigo na área da C.Vale em terreno gaúcho. O trigo de duplo propósito também está na pauta de atuação da cooperativa, cuja área experimental e demonstrativa testará a tecnologia, bem como outras cultivares de cereais de inverno.
A renovação do convênio da Embrapa com a Fundação Meridional (Londrina, PR) deverá reforçar as ações de transferência de tecnologia e marketing voltadas a promoção do trigo no Paraná. O termo foi assinado no dia 21/03, na sede da Embrapa Soja.