Autoridades de alto nível do governo de 11 países da África estarão no Brasil entre os dias 26 e 29 de março para cumprir uma agenda que hoje tem mobilizado as nações do continente, agências de cooperação de países desenvolvidos e organismos internacionais voltados a contribuir com ações estratégicas de cooperação. O motivo da visita é buscar medidas de controle de uma das mais devastadoras pragas da agricultura: a Spodoptera frugiperda, ou, como é mais conhecida, lagarta-do-cartucho. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), no início de 2018, apenas 10 dos 54 países africanos ainda não tinham sido atingidos pela praga, principalmente na cultura do milho. Regiões da África Central e do Sul estão no nível máximo de alerta.
Numa iniciativa coordenada pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) e Agência Brasileira de Cooperação (ABC), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) será a responsável pelo apoio técnico-científico e a orientação no que diz respeito às tecnologias de manejo da praga. Na manhã do dia 26 de março, a delegação estrangeira será recebida no Ministério das Relações Exteriores (MRE) e, à tarde, participa da apresentação de palestras técnicas, na sede da Embrapa, em Brasília. Nos dias 27 ,28 e 29, estão previstas visitas a laboratórios e vitrines da Embrapa Milho e Sorgo e a propriedades produtoras de milho, no município de Paraopeba, MG, acompanhadas pelos pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG).
“Inseticidas biológicos, Trichograma, baculovirus, Bacillus thuringiensis, milho Bt, uso do extrato de nim e manejo integrado de pragas são formas eficientes de controle da lagarta do cartucho, mas é preciso lembrar que se trata de uma praga cosmopolita”, diz o chefe da Unidade localizada no município mineiro, Antônio Álvaro Purcino. “Não existe possibilidade de erradicação. Ela se alastra com muita rapidez e não se concentra apenas nas culturas de milho. Em estágio larval, a lagarta se alimenta de arroz, sorgo, milheto, cana de açúcar e algodão”.
No continente africano, a praga foi detectada pela primeira vez há apenas três anos, na Costa Oeste. Estimativa da FAO, revela que, a cada ano, caso não sejam controladas, as lagartas podem destruir entre oito e 21 milhões de toneladas de milho, que representam perdas entre US$ 2,5 bilhões e US$ 6,5 bilhões para produtores.
No início deste ano, foi lançado um guia especial, com base em práticas desenvolvidas nas Farmers Field Schools, escolas comunitárias de agricultura organizadas pela FAO, para ajudar agricultores africanos. O documento teve a colaboração de vários parceiros internacionais, entre eles a Embrapa.
Apoio científico – Segundo o gerente de Relações Estratégicas Internacionais da Embrapa, Alexandre Morais do Amaral, a Empresa tem continuamente buscado contribuircom muito mais do que ajuda. “Estamos participando de colaborações internacionais, auxiliando com o avanço do conhecimento e com a política externa brasileira, liderada pelo MRE”, destaca. A Embrapa já participou de mais de 200 iniciativas nos últimos 10 anos, em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação, incluindo a realização de treinamentos, revitalização de infraestrutura de laboratórios de pesquisa, intercâmbio de germoplasma e implantação e acompanhamento de Unidades Demonstrativas.
Na estratégia de combate à lagarta-do-cartucho, os governos do Brasil e dos Estados Unidos assinaram um Protocolo de Intenções voltado para o desenvolvimento de ações conjuntas em países africanos. Sob a coordenação da ABC e da Usaid, a Embrapa está elaborando uma proposta de projeto de cooperação a ser desenvolvido com o Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo (CIMMYT). “Nossa expectativa é de que, ao final da visita, a delegação africana possa sugerir resultados e produtos a serem incorporados pela minuta de projeto que está sendo discutido”, comenta Amaral.
Principais tecnologias de controle da praga que serão apresentadas durante a visita:
Baculovirus
Primeiro bioinseticida desenvolvido à base de vírus para o controle desta praga, o baculovirus tem grande eficácia para controle da lagarta-do-cartucho a campo, em lagartas de até 1cm de comprimento. Os baculovirus são agentes de controle biológico que causam a morte do inseto praga e que não causam danos à saúde dos aplicadores, não matam inimigos naturais das pragas, não contaminam o meio ambiente, nem deixam resíduos nos produtos. Testes de biossegurança comprovaram que esses vírus são inofensivos a microrganismos, plantas, vertebrados e outros invertebrados que não sejam insetos.
Bacillus thuringiensis
Biopesticida à base da bactéria Bacillus thuringiensis é extremamente eficaz no controle da lagarta-do-cartucho, matando lagartas mais novas de até 0,5cm de comprimento. O uso e posicionamento correto deste produto faz com a lagarta pare de se alimentar até 12h após a ingestão deste biopesticida. Esse agente de controle biológico não causa dano na saúde humana, aplicadores, não contaminam rios nem nascentes e, nem os produtos a serem consumidos “in natura”. Vários testes de biossegurança foram realizados com essa bactéria e comprovam sua inocuidade aos vertebrados.
Uso do extrato aquoso de folhas de nim
O controle da lagarta-do-cartucho tem sido realizado com inseticidas sintéticos, geralmente de custo elevado, com alto risco de toxidade e de contaminação ambiental. O uso de extratos de plantas apresenta perspectiva como substituto a esses inseticidas e pode contribuir para reduzir os custos de produção das lavouras, os riscos ambientais e a dependência dos inseticidas sintéticos. A planta do nim tem mostrado acentuada atividade inseticida para várias espécies de pragas, incluindo a Spodoptera frugiperda. A maioria dos resultados sobre o uso do nim para o controle de pragas foi obtida com produtos preparados através da moagem ou da extração de óleo de sementes. A planta do nim é originária da Ásia e tem sido cultivada em vários países das Américas, África e na Áustria.
Trichogramma
O grande problema na agricultura hoje é o aumento dos custos de produção pelo aumento do número de pulverizações. A tecnologia do controle biológico permite reduzir custos sem haver redução na eficiência do controle. Especificamente na área do produtor, o sucesso do controle biológico pode ser atribuído pelo uso correto do monitoramento da mariposa que origina a lagarta-do-cartucho com a armadilha contendo o feromônio sintético. A captura de mariposas na armadilha indica a chegada da praga na área e possibilita ao produtor a liberação da vespinha. O Trichogramma, também conhecido como vespinha, é um inseto benéfico muito pequeno, mas de grande eficiência para controlar os ovos das pragas. Ou seja, a vespinha impede o nascimento das lagartas e evita danos à planta. Esta vespinha benéfica também tem a vantagem de conseguir detectar, no campo, onde o ovo da praga está..
Manejo Integrado de Pragas (MIP)
A adoção do Manejo Integrado de Pragas é uma filosofia, na qual se preconiza a convivência com o inseto-praga de forma que este não cause danos econômicos à cultura relacionada. Para essa convivência e manejo é necessário obedecer alguns preceitos básicos, como reconhecimento e monitoramento da praga em condições de campo. Assim é possível tomar a decisão adequada frente às diferentes estratégias disponíveis para o manejo de S. frugiperda.
Autoridades de alto nível do governo de 11 países da África estarão no Brasil entre os dias 26 e 29 de março para cumprir uma agenda que hoje tem mobilizado as nações do continente, agências de cooperação de países desenvolvidos e organismos internacionais voltados a contribuir com ações estratégicas de cooperação. O motivo da visita é buscar medidas de controle de uma das mais devastadoras pragas da agricultura: a Spodoptera frugiperda, ou, como é mais conhecida, lagarta-do-cartucho. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), no início de 2018, apenas 10 dos 54 países africanos ainda não tinham sido atingidos pela praga, principalmente na cultura do milho. Regiões da África Central e do Sul estão no nível máximo de alerta.
Numa iniciativa coordenada pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) e Agência Brasileira de Cooperação (ABC), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) será a responsável pelo apoio técnico-científico e a orientação no que diz respeito às tecnologias de manejo da praga. Na manhã do dia 26 de março, a delegação estrangeira será recebida no Ministério das Relações Exteriores (MRE) e, à tarde, participa da apresentação de palestras técnicas, na sede da Embrapa, em Brasília. Nos dias 27 ,28 e 29, estão previstas visitas a laboratórios e vitrines da Embrapa Milho e Sorgo e a propriedades produtoras de milho, no município de Paraopeba, MG, acompanhadas pelos pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG).
“Inseticidas biológicos, Trichograma, baculovirus, Bacillus thuringiensis, milho Bt, uso do extrato de nim e manejo integrado de pragas são formas eficientes de controle da lagarta do cartucho, mas é preciso lembrar que se trata de uma praga cosmopolita”, diz o chefe da Unidade localizada no município mineiro, Antônio Álvaro Purcino. “Não existe possibilidade de erradicação. Ela se alastra com muita rapidez e não se concentra apenas nas culturas de milho. Em estágio larval, a lagarta se alimenta de arroz, sorgo, milheto, cana de açúcar e algodão”.
No continente africano, a praga foi detectada pela primeira vez há apenas três anos, na Costa Oeste. Estimativa da FAO, revela que, a cada ano, caso não sejam controladas, as lagartas podem destruir entre oito e 21 milhões de toneladas de milho, que representam perdas entre US$ 2,5 bilhões e US$ 6,5 bilhões para produtores.
No início deste ano, foi lançado um guia especial, com base em práticas desenvolvidas nas Farmers Field Schools, escolas comunitárias de agricultura organizadas pela FAO, para ajudar agricultores africanos. O documento teve a colaboração de vários parceiros internacionais, entre eles a Embrapa.
Apoio científico – Segundo o gerente de Relações Estratégicas Internacionais da Embrapa, Alexandre Morais do Amaral, a Empresa tem continuamente buscado contribuircom muito mais do que ajuda. “Estamos participando de colaborações internacionais, auxiliando com o avanço do conhecimento e com a política externa brasileira, liderada pelo MRE”, destaca. A Embrapa já participou de mais de 200 iniciativas nos últimos 10 anos, em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação, incluindo a realização de treinamentos, revitalização de infraestrutura de laboratórios de pesquisa, intercâmbio de germoplasma e implantação e acompanhamento de Unidades Demonstrativas.
Na estratégia de combate à lagarta-do-cartucho, os governos do Brasil e dos Estados Unidos assinaram um Protocolo de Intenções voltado para o desenvolvimento de ações conjuntas em países africanos. Sob a coordenação da ABC e da Usaid, a Embrapa está elaborando uma proposta de projeto de cooperação a ser desenvolvido com o Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo (CIMMYT). “Nossa expectativa é de que, ao final da visita, a delegação africana possa sugerir resultados e produtos a serem incorporados pela minuta de projeto que está sendo discutido”, comenta Amaral.
Principais tecnologias de controle da praga que serão apresentadas durante a visita:
Baculovirus
Primeiro bioinseticida desenvolvido à base de vírus para o controle desta praga, o baculovirus tem grande eficácia para controle da lagarta-do-cartucho a campo, em lagartas de até 1cm de comprimento. Os baculovirus são agentes de controle biológico que causam a morte do inseto praga e que não causam danos à saúde dos aplicadores, não matam inimigos naturais das pragas, não contaminam o meio ambiente, nem deixam resíduos nos produtos. Testes de biossegurança comprovaram que esses vírus são inofensivos a microrganismos, plantas, vertebrados e outros invertebrados que não sejam insetos.
Bacillus thuringiensis
Biopesticida à base da bactéria Bacillus thuringiensis é extremamente eficaz no controle da lagarta-do-cartucho, matando lagartas mais novas de até 0,5cm de comprimento. O uso e posicionamento correto deste produto faz com a lagarta pare de se alimentar até 12h após a ingestão deste biopesticida. Esse agente de controle biológico não causa dano na saúde humana, aplicadores, não contaminam rios nem nascentes e, nem os produtos a serem consumidos “in natura”. Vários testes de biossegurança foram realizados com essa bactéria e comprovam sua inocuidade aos vertebrados.
Uso do extrato aquoso de folhas de nim
O controle da lagarta-do-cartucho tem sido realizado com inseticidas sintéticos, geralmente de custo elevado, com alto risco de toxidade e de contaminação ambiental. O uso de extratos de plantas apresenta perspectiva como substituto a esses inseticidas e pode contribuir para reduzir os custos de produção das lavouras, os riscos ambientais e a dependência dos inseticidas sintéticos. A planta do nim tem mostrado acentuada atividade inseticida para várias espécies de pragas, incluindo a Spodoptera frugiperda. A maioria dos resultados sobre o uso do nim para o controle de pragas foi obtida com produtos preparados através da moagem ou da extração de óleo de sementes. A planta do nim é originária da Ásia e tem sido cultivada em vários países das Américas, África e na Áustria.
Trichogramma
O grande problema na agricultura hoje é o aumento dos custos de produção pelo aumento do número de pulverizações. A tecnologia do controle biológico permite reduzir custos sem haver redução na eficiência do controle. Especificamente na área do produtor, o sucesso do controle biológico pode ser atribuído pelo uso correto do monitoramento da mariposa que origina a lagarta-do-cartucho com a armadilha contendo o feromônio sintético. A captura de mariposas na armadilha indica a chegada da praga na área e possibilita ao produtor a liberação da vespinha. O Trichogramma, também conhecido como vespinha, é um inseto benéfico muito pequeno, mas de grande eficiência para controlar os ovos das pragas. Ou seja, a vespinha impede o nascimento das lagartas e evita danos à planta. Esta vespinha benéfica também tem a vantagem de conseguir detectar, no campo, onde o ovo da praga está..
Manejo Integrado de Pragas (MIP)
A adoção do Manejo Integrado de Pragas é uma filosofia, na qual se preconiza a convivência com o inseto-praga de forma que este não cause danos econômicos à cultura relacionada. Para essa convivência e manejo é necessário obedecer alguns preceitos básicos, como reconhecimento e monitoramento da praga em condições de campo. Assim é possível tomar a decisão adequada frente às diferentes estratégias disponíveis para o manejo de S. frugiperda.