A entrega marcou a reunião de encerramento do Projeto Semear.
A entrega do Calendário Produtivo da comunidade Arraiol do Bailique, localizada no Arquipélago do Bailique (distrito ribeirinho de Macapá-AP), marcou o encontro de encerramento das atividades do Projeto Semear – Produção de Sementes Florestais e Crioulas em Comunidades do Arquipélago do Bailique. O projeto é uma parceria entre a Embrapa Amapá, Associação das Comunidades Tradicionais do Bailique (ACTB) com financiamento do Ministério do Meio Ambiente. Foi executado durante os anos de 2016 e 2017 envolvendo a participação dos moradores locais em iniciativas como a demarcação de Áreas de Coleta de Sementes (ACS), capacitação em produção e comercialização de sementes e mudas florestais, boas práticas para a produção de óleos vegetais, mapeamento participativo com uso de GPS, manejo de mínimo impacto de açaizais nativos, manejo de pau mulato em sistemas agroflorestais, ferramentas gerenciais e de comunicação para a implementação de plano de negócios.
O encontro de encerramento do Projeto Semear reuniu os moradores do Arraiol do Bailique no centro comunitário local, ambiente onde são realizados os eventos sociais e reuniões de trabalho da comunidade. A pesquisadora Ana Euler, responsável pelas atividades da Embrapa Amapá no projeto, fez um balanço positivo da experiência no Bailique. “Agradeço a comunidade pelo acolhimento, por abrirem as portas para este trabalho de pesquisa, por terem recebido nossos estudantes e parceiros. Quero parabenizar a comunidade pela sua tradição, seus princípios e valores, que nos dão esperança no futuro desta região”.
Jovem moradora do Arraiol do Balique, Daiana Machado Lopes, 21, destacou os benefícios que obteve pelo Projeto Semear, junto com seus familiares e amigos da comunidade. “Aprendemos técnicas de como trabalhar com as sementes, tivemos a capacitação de uso do GPS, práticas de arvorismo, além de dicas de comunicação para negócios com oficinas de fotografia e como utilizar as redes sociais. Foi importante para nós podermos contar com tantos parceiros”.
Com relação ao Calendário Produtivo, que foi distribuído aos agroextrativistas do Arraiol, trata-se de uma nova ferramenta de registro e monitoramento dos ciclos produtivos da maioria das espécies florestais e agrícolas encontradas no Bailique. “Este Calendário permitirá um controle da produção mensal e um acompanhamento fenológico das espécies de interesse dos moradores e posteriormente eles poderão programar as coletas nos períodos mais produtivos, além de ser ter uma estimativa da quantidade a ser produzida”, acrescentou Ana Euler. Além do Calendário Produtivo 2018, a pesquisadora destaca como produtos do projetos a elaboração de um Plano de Negócios do Viveiro Florestal Comunitário, uma fanpage do viveiro, além de publicações técnico-científicas com o objetivo de promover os aspectos social, econômico e ambiental desta iniciativa.
A comunidade Arraiol do Bailique é representativa da região do Bailique, formada por um arquipélago de oito ilhas localizada na foz do rio Amazonas, onde vivem cerca de 10 mil pessoas. A população do Arraiol especificamente conta com 75 moradores reunidos em 22 unidades familiares, conforme dados levantados pelo Projeto Semear. No total, 15 famílias trabalham com roçado, criação de búfalos, manejo de açaizais nativos, pesca e caça, e todas as 22 famílias mantêm quintais e girais onde produzem frutas, temperos e plantas medicinais. A vegetação predominante na região do Bailique são as várzeas estuarinas, que tem o açaí (Euterpe oleracea Mart.) como a principal base da alimentação e da economia familiar.
A partir de 2000 a comunidade resolveu apostar no açaí adaptando a produção baseada no extrativismo para um sistema agroflorestal com a utilização de mudas selecionadas de várias espécies agrícolas e florestais. Nesse contexto, inovou ao construir um viveiro florestal comunitário e implantar as primeiras áreas de coleta de sementes com o objetivo de prolongar a safra do açaí e assim atender a demanda do mercado consumidor urbano. Remonta a essa época o apoio da Embrapa Amapá à dinâmica produtiva do Bailique, por meio de capacitação em manejo de açaizais nativos de mínimo impacto para aumento da produção de frutos. “O Projeto Semear buscou construir conhecimento com a participação ativa da comunidade sobre a agrobiodiversidade do Bailique, com a valorização do conhecimento local associado aos produtos da sociobiodiversidade, tendo o açaí como ponto de partida devido sua importância socioeconômica. E por ser uma espécie de ambiente de várzea, esse sistema agrícola tradicional merece especial atenção pelo grande impacto que tem no meio de vida dessas populações”, destacou Ana Euler.
Em 2015, a inspiração e necessidade para a elaboração do Projeto Semear decorreu da participação da Embrapa no IV Encontrão do Protocolo Comunitário do Bailique, onde os moradores das várias comunidades do arquipélago foram os protagonistas em definir como prioridades a organização social, regularização fundiária, meio ambiente e produção. Na ocasião a Embrapa foi convidada a contribuir no incremento da cadeia produtiva do açaí e pouco tempo depois surgiu formalmente uma cooperação entre a Embrapa Amapá, a comunidade do Arraiol e a Associação das Comunidades Tradicionais do Bailique (ACTB) contando com recurso financeiro da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e envolvendo outros parceiros ao longo da execução do projeto.
O Sebrae Amapá e a empresa contratada Nuance atuaram na construção participativa do Plano de Negócios do Viveiro Florestal, conduzindo quatro oficinas, treinamentos e atendimentos pontuais aos membros da equipe do viveiro; a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), campus Sorocoba (SP), participou por meio da professora Fátima Pinã-Rodrigues que esteve no Bailique realizando capacitações e orientando na implementação da Área de Coleta de Sementes (ACS); pesquisadores e técnicos do Instituto Estadual de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa), da empresa Natura e do IEB foram parceiros na realização de cursos de boas práticas para o manejo e produção de óleos vegetais de andiroba e pracaxi. O Projeto Semear, pontua a pesquisadora Ana Euler, propiciou também a discussão sobre as espécies florestais nativas de maior valor (atual ou potencial) e a demarcação de ACSs dentro das propriedades dos agroextrativistas, a seleção de árvores matrizes com caracerísticas que permitem uma futura legalização do viveiro do Bailique junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
A entrega marcou a reunião de encerramento do Projeto Semear.
A entrega do Calendário Produtivo da comunidade Arraiol do Bailique, localizada no Arquipélago do Bailique (distrito ribeirinho de Macapá-AP), marcou o encontro de encerramento das atividades do Projeto Semear – Produção de Sementes Florestais e Crioulas em Comunidades do Arquipélago do Bailique. O projeto é uma parceria entre a Embrapa Amapá, Associação das Comunidades Tradicionais do Bailique (ACTB) com financiamento do Ministério do Meio Ambiente. Foi executado durante os anos de 2016 e 2017 envolvendo a participação dos moradores locais em iniciativas como a demarcação de Áreas de Coleta de Sementes (ACS), capacitação em produção e comercialização de sementes e mudas florestais, boas práticas para a produção de óleos vegetais, mapeamento participativo com uso de GPS, manejo de mínimo impacto de açaizais nativos, manejo de pau mulato em sistemas agroflorestais, ferramentas gerenciais e de comunicação para a implementação de plano de negócios.
O encontro de encerramento do Projeto Semear reuniu os moradores do Arraiol do Bailique no centro comunitário local, ambiente onde são realizados os eventos sociais e reuniões de trabalho da comunidade. A pesquisadora Ana Euler, responsável pelas atividades da Embrapa Amapá no projeto, fez um balanço positivo da experiência no Bailique. “Agradeço a comunidade pelo acolhimento, por abrirem as portas para este trabalho de pesquisa, por terem recebido nossos estudantes e parceiros. Quero parabenizar a comunidade pela sua tradição, seus princípios e valores, que nos dão esperança no futuro desta região”.
Jovem moradora do Arraiol do Balique, Daiana Machado Lopes, 21, destacou os benefícios que obteve pelo Projeto Semear, junto com seus familiares e amigos da comunidade. “Aprendemos técnicas de como trabalhar com as sementes, tivemos a capacitação de uso do GPS, práticas de arvorismo, além de dicas de comunicação para negócios com oficinas de fotografia e como utilizar as redes sociais. Foi importante para nós podermos contar com tantos parceiros”.
Com relação ao Calendário Produtivo, que foi distribuído aos agroextrativistas do Arraiol, trata-se de uma nova ferramenta de registro e monitoramento dos ciclos produtivos da maioria das espécies florestais e agrícolas encontradas no Bailique. “Este Calendário permitirá um controle da produção mensal e um acompanhamento fenológico das espécies de interesse dos moradores e posteriormente eles poderão programar as coletas nos períodos mais produtivos, além de ser ter uma estimativa da quantidade a ser produzida”, acrescentou Ana Euler. Além do Calendário Produtivo 2018, a pesquisadora destaca como produtos do projetos a elaboração de um Plano de Negócios do Viveiro Florestal Comunitário, uma fanpage do viveiro, além de publicações técnico-científicas com o objetivo de promover os aspectos social, econômico e ambiental desta iniciativa.
A comunidade Arraiol do Bailique é representativa da região do Bailique, formada por um arquipélago de oito ilhas localizada na foz do rio Amazonas, onde vivem cerca de 10 mil pessoas. A população do Arraiol especificamente conta com 75 moradores reunidos em 22 unidades familiares, conforme dados levantados pelo Projeto Semear. No total, 15 famílias trabalham com roçado, criação de búfalos, manejo de açaizais nativos, pesca e caça, e todas as 22 famílias mantêm quintais e girais onde produzem frutas, temperos e plantas medicinais. A vegetação predominante na região do Bailique são as várzeas estuarinas, que tem o açaí (Euterpe oleracea Mart.) como a principal base da alimentação e da economia familiar.
A partir de 2000 a comunidade resolveu apostar no açaí adaptando a produção baseada no extrativismo para um sistema agroflorestal com a utilização de mudas selecionadas de várias espécies agrícolas e florestais. Nesse contexto, inovou ao construir um viveiro florestal comunitário e implantar as primeiras áreas de coleta de sementes com o objetivo de prolongar a safra do açaí e assim atender a demanda do mercado consumidor urbano. Remonta a essa época o apoio da Embrapa Amapá à dinâmica produtiva do Bailique, por meio de capacitação em manejo de açaizais nativos de mínimo impacto para aumento da produção de frutos. “O Projeto Semear buscou construir conhecimento com a participação ativa da comunidade sobre a agrobiodiversidade do Bailique, com a valorização do conhecimento local associado aos produtos da sociobiodiversidade, tendo o açaí como ponto de partida devido sua importância socioeconômica. E por ser uma espécie de ambiente de várzea, esse sistema agrícola tradicional merece especial atenção pelo grande impacto que tem no meio de vida dessas populações”, destacou Ana Euler.
Em 2015, a inspiração e necessidade para a elaboração do Projeto Semear decorreu da participação da Embrapa no IV Encontrão do Protocolo Comunitário do Bailique, onde os moradores das várias comunidades do arquipélago foram os protagonistas em definir como prioridades a organização social, regularização fundiária, meio ambiente e produção. Na ocasião a Embrapa foi convidada a contribuir no incremento da cadeia produtiva do açaí e pouco tempo depois surgiu formalmente uma cooperação entre a Embrapa Amapá, a comunidade do Arraiol e a Associação das Comunidades Tradicionais do Bailique (ACTB) contando com recurso financeiro da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e envolvendo outros parceiros ao longo da execução do projeto.
O Sebrae Amapá e a empresa contratada Nuance atuaram na construção participativa do Plano de Negócios do Viveiro Florestal, conduzindo quatro oficinas, treinamentos e atendimentos pontuais aos membros da equipe do viveiro; a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), campus Sorocoba (SP), participou por meio da professora Fátima Pinã-Rodrigues que esteve no Bailique realizando capacitações e orientando na implementação da Área de Coleta de Sementes (ACS); pesquisadores e técnicos do Instituto Estadual de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa), da empresa Natura e do IEB foram parceiros na realização de cursos de boas práticas para o manejo e produção de óleos vegetais de andiroba e pracaxi. O Projeto Semear, pontua a pesquisadora Ana Euler, propiciou também a discussão sobre as espécies florestais nativas de maior valor (atual ou potencial) e a demarcação de ACSs dentro das propriedades dos agroextrativistas, a seleção de árvores matrizes com caracerísticas que permitem uma futura legalização do viveiro do Bailique junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).